Jessé Souza

Cenario de preocupacao 4267

Cenário de preocupaçãoA manchete do El País de quarta-feira, 21, foi a seguinte: “Roraima, o Estado onde mais se matam mulheres no Brasil”. Trata-se de uma matéria cuja manchete interna diz: “Como Roraima se tornou o Estado onde as mulheres mais morrem no Brasil”. Nada que não saibamos e que a Folha não tenha noticiado.

Porém, é mais uma mostra midiática mundial do esgarçamento de nossas instituições no enfrentamento às mazelas. A matéria traz como personagem uma professora de 39 anos a qual relata que sofreu agressões do marido por uma década. Em sua fala, ela não economizou críticas ao atendimento que recebeu na delegacia especializada, colocada por ela como despreparada para receber as mulheres vitimizadas.

Além desse grave problema da falta de estrutura para atender mulheres vítimas de violência doméstica, a grande questão é que as autoridades de um modo geral estão estáticas no enfrentamento a esta situação, deixando as mulheres fragilizadas à mercê da violência dos valentões que, sentindo-se impunes, sequer respeitam as medidas protetivas.

Tem mais. A tendência é a situação da violência contra a mulher avançar com essa onda migratória das venezuelanas, como bem abordou a reportagem. A cada dia chegam mais estrangeiras para engrossar a prostituição nas proximidades da Feira do Passarão, no bairro Caimbé, na zona Oeste de Boa Vista.

As ruas do Caimbé se tornaram literalmente uma “feira-livre da venda de corpos”, o que já foi comentado por aqui. São as chamadas “ochentas” – apelido que elas ganharam pelo valor que cobram pelo programa -, enfileiradas num cenário deprimente que revela a degradação humana que só irá engrossar nossas mazelas.

Pelo que se percebe, poucos estão preocupados com esse novo cenário que está sendo desenhado em Roraima. As instituições estão anestesiadas e, sem conseguir combater a violência doméstica que atinge as mulheres roraimenses, não saberão lidar com a nova realidade que se apresenta com a chegada das imigrantes, as quais estão vulneráveis a todas as circunstâncias.

Se somos o Estado que mais mata mulheres no país  (proporcionalmente é óbvio), além da onda de violência instalada pelo crime organizado, estamos vendo que nossos governantes estão perdidos, sem saber como lidar com as drogas, a criminalidade, as vítimas de violência doméstica, a imigração para a prostituição, adolescência no ócio e  poucas creches para as crianças. O cenário é muito preocupante.

*[email protected]: www.roraimadefato.com/main