Jessé Souza

Correndo atras do prejuizo 4601

Correndo atrás do prejuízoAntes tarde do que nunca, já dizia o antigo ditado popular. Porém, foram as ações tardias por parte das autoridades que permitirem que o crime se organizasse em Roraima e tomasse posse definitivamente do sistema prisional, avançando seus tentáculos na criminalidade fora do presídio, com o domínio do tráfico de droga, na Capital e interior, além do recrutamento de mulheres, jovens e adolescentes.

A própria questão do sistema prisional foi relegada ao esquecimento, com os governos não tendo tomado medidas para impedir que a Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (Pamc) chegasse a esse caos atual, com estrutura aos frangalhos e superlotada. O mesmo com os demais, como a Cadeia Pública de Boa Vista e a Cadeia Pública de São Luiz do Anauá, no Sul do Estado.

A construção do novo presídio de Rorainópolis, também no Sul do Estado, é mais um capítulo desse roteiro de desleixo com o sistema prisional. Enquanto as obras ficaram paradas, por incompetência dos políticos e governantes, os criminosos estavam se organizando e mostrando suas forças, diante da imobilidade dos poderes constituídos.

Até mesmo os 120 mandados de prisão que foram cumpridos na Pamc, na terça-feira, parecendo uma ação de enfrentamento ao crime organizado, na verdade foi uma operação tardia, pois os mandados contra membros de facções já pesos existiam há um certo tempo e foram se acumulando por falta de execução imediata.

Os sinais de desencontro por partes das autoridades são visíveis até nas declarações à imprensa. Em recente entrevista, a titular da Delegacia-Geral externou sua posição de que a Polícia Civil precisa se desdobrar para que os criminosos que integram organizações criminosas não sejam soltos já na audiência de custódia pela Justiça, para que assim a polícia judiciária não fique “enxugando gelo”.

O fato é que o crime dominou o Estado e ficou muito mais difícil combatê-lo, exigindo que as polícias trabalhem de forma redobrada, sem estrutura adequada e sem efetivo necessário. Correndo atrás do prejuízo, as autoridades parecem dar sinais de que não estão se organizando na mesma medida em que o crime se estruturou.

Isso significa que os criminosos continuarão mostrando sua força enquanto não houver a união de trabalho não só das polícias, mas do Ministério Público e do Judiciário, além de entidades e órgãos que lidam com o sistema prisional. E, obviamente, com o Estado tendo que trabalhar sério para reestruturar os presídios e o sistema. Mas haverá vontade política para isso? Com a palavra, as autoridades em todos os níveis…

*[email protected]: www.roraimadefato.com.br