Jessé Souza

Das desculpas ao colapso 6211

Das desculpas ao colapso Quando o povo de Roraima decidiu apostar no governo de Suely Campos para tirar o Estado de um buraco que só crescia, a elegendo com o voto da esperança, o eleitor esperava que tudo fosse passado a limpo e uma rigorosa auditoria fosse realizada, inaugurando um novo tempo na administração estadual. Essa auditoria, prometida na campanha eleitoral, nunca foi cumprida e os desmandos só continuaram.

Como argumento para justificar um início de governo sofrível, a atual administração sempre jogava a culpa no governo anterior. Mas os anos foram-se passando até que essa justificativa não cabia mais, uma vez que não houve qualquer auditoria nem muito menos uma reforma administrativa. Pelo contrário, as gastanças seguiram, com predileção por contratar empresas de fora, especialmente de Manaus (AM), enquanto os empresários locais comiam o pão que o diabo amassou.

Chegou-se a uma situação que já não comportava mais o truque de jogar a culpa na administração anterior, uma vez que as decisões para mudar a situação do Estado não foram tomadas. Com a chegada em massa de venezuelanos, o governo logo encontrou uma nova desculpa e um novo culpado: os imigrantes. E assim tem sido nos dias atuais, com um governo que não fez a lição de casa e só esbanjou, apostando nos remendos e improvisos, os quais foram a marca desse governo.

Sem ter de onde tirar recursos, os mais penalizados sempre são os mesmos de sempre, o servidor público, tratado a pão e água, com salários atrasados e sem garantia de benefícios que lhes são de direito. E o caos se espalhou pela saúde, educação, segurança e sistema prisional. Somos uma população refém da desesperança nas garantias mais básicas e do medo diante do avanço da criminalidade.

Os pedidos de socorro podem ser vistos nas redes sociais e também nos protestos de estudantes e professores da rede pública, além de servidores da Saúde e da Companhia Energética de Roraima (CERR). Há uma profunda angústia do funcionalismo, o primeiro a ir para a guilhotina quando a crise chega a níveis insustentáveis. Isso sem contar com os terceirizados e funcionários de autarquias e da administração indireta, que precisam suplicar o pagamento do salário.

Esse é o resumo de um governo que chega ao seu fim agonizando, sem ter cumprido com o seu papel no qual todos apostaram quando foram às urnas. Não se sabe até quando os remendos irão suportar, pois, se faltaram ações corajosas para consertar o que estava errado, sobram argumentos para colocar culpa em alguém – antes na administração anterior e, atualmente, nos venezuelanos. E assim vamos caminhando para uma nova eleição e o povo saberá o que fazer, da mesma forma que muitos acreditaram na administração que aí está. *[email protected]: http://roraimadefato.com/main/