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FAMÍLIA MATOS PIRANHA- Guarda Territorial Florismar de Matos Piranha –

Existem duas explicações etimológicas para a origem do nome “piranha”:junção dos termos na língua indígena Tupi: “Pirá” (peixe) e “anha” (dente), significando “peixe com dente”. Há outro significado também na língua Tupi: “Pira” (pele) e “raim” (o que corta), ou seja: “O que corta a pele”.

Feita esta apresentação, passemos ao personagem desta quarta-feira, o Guarda Territorial Piranha. Ele nasceu na cidade de Óbidos, no interior do Pará, no dia 16/08/1918, e era filho do casal: Romão Paixão Piranha e Cipriana de Matos Piranha.

Florismar de Matos Piranha veio ainda jovem para Boa Vista, acompanhando a família. E, quando o governador Ene Garcez dos Reis criou a Guarda Territorial, ele foi convidado para ingressar.

O Presidente da República Getúlio Dornelles Vargas, a pedido do Governador do Território Federal do Rio Branco (Roraima), o capitão Ene Garcez dos Reis, criou através do Decreto Federal nº. 002/44 de 26 de novembro de 1944, a Guarda Territorial, subordinada à Divisão de Segurança e Guarda (DSG).

O primeiro comandante foi o capitão Paulo Sóter da Silveira e, depois, no período de 1946-1947 a Guarda Territorial foi dirigida pelo Tenente Astério Bentes Pimentel e pelo subcomandante Raimundo Penafort; tendo como Diretor de Segurança o tenente Estevam Guimarães.

O Órgão Oficial (Diário Oficial) de Nº 40, datado de 26 de março de 1945, publicou as normativas, regulamentando a Guarda Territorial.

Ao todo eram 150 Guardas trabalhando diuturnamente pela manutenção da Ordem e da Lei na pacata (à época) Boa Vista. Durante 31anos os Guardas Territoriais exerceram as mais diversas atividades, além do trabalho padrão de segurança: carregavam e descarregavam as mercadorias dos Barcos que chegavam ao Porto da Intendência (onde hoje está a Orla Taumanan); conduziam, fazendo segurança, as famílias que chegavam à Boa Vista para trabalhar nas fazendas; faziam também os serviços de limpeza das ruas da cidade; além do patrulhamento noturno na cidade e até prestavam primeiros-socorros.

O Jornal impresso “O Átomo” (do Tenente Guimarães), na edição do dia 13 de março de 1954, na página 03, registrou o trabalho social do Guarda Territorial para a sociedade rio-branquense: “Sem medir esforços, o Guarda Territorial, além de ser motivo de Segurança para a cidade de Boa Vista, é também um Patrimônio Moral, um “Anjo Tutelar (…)”.

O primeiro prédio onde a Guarda Territorial foi instalada, é onde está hoje a Secretaria Municipal de Gestão Social – Semges-, naRua José Coelho, n° 96, ao lado do Terminal Urbano (Terminal de Ônibus) José Campanha Wanderley, no Centro.

Instalada a Guarda Territorial, a primeira pessoa a ingressar na instituição foi o paraense Antonio Vieira Gomes, que veio para Roraima se aventurar no garimpo de Tepequém. Como não deu certo a empreitadano garimpo, retornou para Boa Vista em 1944, sendo convocado a entrar para a Guarda Territorial no mesmo ano. O Guarda Territorial Antonio Vieira Gomes recebeu vários apelidos. As pessoas que tinham contato com ele gostavam de chamar-lhe de “boto” e “Antônio guarda”. Mas o que marcou sua carreira na Guarda Territorial foi o pseudónimo de “Zero Um”, por ser o “primeirão”. Entrou na Guarda Territorial no dia 1º de dezembro de 1944 e trabalhou por 33 anos, 9 meses e 08 dias, com a matrícula de n.º 1686142.

No dia 07/09/1956, a Guarda Territorial foi para o seu prédio próprio, construído especificamente para ela, situado na Avenida Ene Garcez dos Reis. Estavam presentes à solenidade, o governador José Maria Barbosa e o então comandante da Guarda Territorial, Raimundo Brasil Catanhede que, em tom de satisfação, agradeceu ao governador do Território Federal de Rio Branco pelas novas instalações de sua tropa.

Havia em Boa Vista, subordinada à Guarda Territorial, o “Policiamento Marítimo, Aéreo e Fronteira”, instalado num prédio (em frente ao Restaurante Meu Cantinho), onde hoje está um Terminal de Atendimento do Banco do Brasil, na Rua Floriano Peixoto, defronte à Orla Taumanã. Este policiamento era o responsável pela fiscalização dos barcos que atracavam no Porto da Intendência (Porto do Cimento), controlava a chegada e partida das pessoas, emitia vistos para viagens, entre outras atividades. O Guarda Territorial Piranha (Florismar de Matos Piranha) dava expediente neste policiamento e também no quartel-geral da Guarda, na Avenida Ene Garcez.

A Guarda Territorial foi criada em 1944 pelo governador Ene Garcez dos Reis, e extinta pelo governador Fernando Ramos Pereira em 1975, por meio do Decreto-Lei nº 6.270/75, datado de 26 de novembro de 1975. E, nesta mesma Lei, o Governador criou a Polícia Civil e a Polícia Militar do Território Federal de Roraima. O Guarda Territorial Florismar Piranha, ingressou na Polícia Civil como Agente de Polícia, onde se aposentou em 1984. Ele também prestou serviços à Justiça, como Comissário de Menores.

Florismar de Matos Piranha já é falecido. Ele era casado com a senhora Maria Tereza Goyana de Matos, com a qual teve os filhos: Miromar, Marinaldo, Marlene, Marilúce e Marluce. E, também foi casado com Maria Ferreira, com quem teve vários filhos, dentre eles o João Bosco Tavares de Matos e o Agente de Polícia Tamandaré Ferreira de Matos.