Jessé Souza

O que foi alertado aconteceu 6223

O que foi alertado aconteceu

A apreensão de menores com drogas em duas escolas militarizadas, uma no bairro Pintolândia e outra no bairro Cidade Satélite, mais precisamente no Residencial Vila Jardim, na zona oeste de Boa Vista, confirma o que foi comentado aqui, neste espaço, dias atrás. As escolas militarizadas se tornaram uma ilha nos bairros da cidade, cercadas pela violência e pelo tráfico de drogas.

O Governo do Estado acha que não deve fazer nada mais pelo setor educacional além do que entregar as escolas para os policiais militares. Apesar da rigorosa disciplina e de militares dentro da escola, nada garante que as crianças e adolescentes estejam salvos das drogas e do aliciamento pelo crime organizado. A questão vai além do que militarizar o ensino, colocar os estudantes em ordem unida para bater continência e dizer “sim, senhor”, “não, senhor”.

Uma escola militarizada passou a se tornar uma ilha no meio do avanço das drogas e do crime organizado, que se fortalecem nos bairros periféricos da Capital. Enquanto repassa a escola para os militares, o governo não investe em trabalhos de prevenção às drogas, em programas sociais para tirar adolescentes da ociosidade e garantir esperança para o futuro, nem ações para fortalecer as famílias, as quais são a célula de uma sociedade e onde a criança deve ser educada.

Porém, o governo vem perdendo para a criminalidade e não consegue frear o avanço das drogas. E acha que só militarizar as unidades escolares vai fazer uma grande revolução no Estado. Não é bem assim. As escolas militarizadas desempenham um papel importante, mas estão largadas no mar de desgoverno e sem as demais ações necessárias para que elas não se tornem uma ilha atacada por todos os lados.

Essas apreensões de alunos com drogas dentro das escolas militarizadas devem servir de alerta para as autoridades e pais de alunos. Até porque essa é uma realidade nas demais escolas que não estão sob a responsabilidade dos militares. Não haverá segurança a nenhum estudante nem à comunidade onde as unidades estão inseridas se não houver um trabalho mais amplo e organizado acima do ato de entregar as chaves das escolas para os policiais militares.

Mas, pelo que se desenha, com a educação aos frangalhos e a segurança pública deficitária, não se pode ter muita esperança. Já está comprovado que a droga chega até onde tem um militar na porta de sala de aula. Então, o problema é muito maior do que o governo prega. Na verdade, militarizar as escolas é a única forma de o governo lavar as mãos e tentar justificar para a opinião pública a incompetência com a educação e a segurança pública.

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