Opinião

Opiniao 05 05 2017 3993

TODOS OS FILHOS SÃO ADOTADOS – Vera Sábio*

O ser humano nasce totalmente indefeso e precisa ser adotado para que receba todos os cuidados necessários ao seu crescimento e desenvolvimento.

Existem plantas que são plantadas pelo vento, por passarinhos e por insetos; como também alguns animais nascem soltos, sozinhos e andando, tendo condições de se manterem sem cuidados paternos.

Mas os seres humanos, sem exceção, não tem condição alguma de sobreviverem sem alguém que os adotem, alimentem, cuidem, amem e os tornem seus filhos.

Não é simplesmente porque a fêmea da raça humana engravidou, porque o macho depositou seu espermatozóide naquele ventre, e assim será gerado um novo ser humano; que os progenitores se tornam pais. Mas, sim pelo único motivo de que eles resolveram se responsabilizar por criar aquele ser indefeso que está sendo gerado e que irá nascer e precisará totalmente deles.

Comprovando com isso que somente a adoção lhes torna pais e fazem dos seres humanos, seus filhos.

A diferença dos filhos gerados no ventre ou gerados no coração está no momento do encontro que pode acontecer em datas diferentes do nascimento e também nas características físicas que não são tão parecidas com aqueles que os adotaram. No entanto em nada este tempo ou estas características impedem o maior laço que é o amor que se forma entre pais e filhos. Então adotar é o maior gesto de amor.

“O menino de dois anos pensando estar em vantagem em relação à menina de 4 anos, disse que ele chegou na barriga da mamãe… E a filha mais do que depressa disse que ela chegou no jipe do papai…”. Para as duas crianças, quem estava em maior vantagem?

Este exemplo verídico demonstra com naturalidade, como é importante contar a verdade às crianças, o quanto antes. Construindo assim, uma relação de amor, cumplicidade e confiança, sem distinções e preferências desnecessárias pelo filho do ventre ou do coração. Formando com isso os verdadeiros e sólidos laços entre pais e filhos.*Psicóloga, palestrante, servidora pública, esposa, mãe e cega CRP: 20/[email protected]

Países Baixos: controlando a água com educação – Ronaldo Mota*

A tentação de chamar de Holanda é grande, mas só serviria para aumentar o equívoco de denominar uma nação inteira por uma de suas partes. E não se trata de um país qualquer, mas de um espaço de terra onde um quarto está abaixo do nível do mar e três quartos seriam inundados com frequência se a natureza fosse deixada sem controle humano. A água, ao invés de inimigo potencial, transformou-se na maior aliada, sendo que 60% do território são ocupados por pôlders, terrenos baixos e alagáveis protegidos por diques e utilizados para moradia e, especialmente, para produção agropecuária.

As cidades são fantásticas, a começar por sua capital Amsterdam, com o maior sistema de canais urbanos do mundo e pontes em abundância quase sem similar. Roterdã é o maior Porto da Europa e uma das mecas da moderna arquitetura. No total, são quase 17 milhões de habitantes unificados pela cor laranja, pela obsessão por bicicletas e pela paixão pelo futebol. A população é fortemente multicultural, marcada pela tolerância e por valores como liberdade individual e respeito entre todos, sendo que um quinto dela é formado por estrangeiros e a maioria não pertence a nenhuma religião específica, embora todos os credos estejam representados.  

Coerentemente, o sistema educacional é fortemente baseado no estímulo à aprendizagem independente. As mesmas autonomias de flexibilidades que as bicicletas permitem no trânsito, conjugando individualidade e o respeito ao coletivo, inspiram as múltiplas metodologias e abordagens personalizadas adotadas nas escolas. Entre três e quatro anos a criança deve ir para a escola primária, a qual dura oito anos.  Antecedendo a escola primária, entre dois e quatro anos, existe a pré-escola, a qual não é obrigatória e tem ênfase no desenvolvimento social e recreativo. Na escolha das escolas primárias há prioridade aos alunos cujas pré-escolas são a elas respectivamente associadas. Assim, quem entra mais cedo tem preferência na seleção dos melhores centros primários de ensino, com transição mais fácil entre os dois níveis escolares.

As aulas, em geral, são de segunda a sexta, das 8h30 às 15h, sendo que o número total de aulas deve obrigatoriamente completar 940 horas por ano, ainda que cada escola tenha razoável autonomia de como ocupar o tempo previsto. Crianças entre seis e doze anos que se mudaram recentemente e não falam o difícil idioma local (dutch) são designadas para classes especiais, pelo período que for necessário (normalmente um ano é suficiente), onde a prioridade é o aprendizado do idioma e da cultura local.

A educação é gratuita dos 4 aos 16 anos, ainda que seja permitido às instituições solicitar contribuições voluntárias que variam de escola para escola. Adicionalmente ao sistema estatal, há opções privadas de escolas internacionais, bem como de métodos educacionais específicos (Montessori, Steiner etc.) ou de grupos religiosos (católicos, judeus, protestantes, islâmicos, entre outros).

Aos doze anos, o aluno segue para educação secundária. Neste nível há que ser feita a escolha por caminhos distintos, sendo que a definição entre eles é basicamente fruto de um teste aplicado no oitavo ano primário. As preferências dos pais e dos próprios alunos são levadas em conta, mas a recomendação da escola primária é a mais relevante. Um dos ramos é educação vocacional preparatória, com dois anos básicos acrescidos de dois anos seguintes dedicados a setores técnicos bem definidos: técnico, agrícola, econômico e cuidados sociais. Outro ramo é preparatório para universidade, incluindo a educação profissional superior, sendo que após os dois primeiros anos há que ser feita opção entre as áreas: cultura, economia, saúde e tecnologia. Findos os 4 anos, há um período de aproximadamente um ano dedicado à aprendizagem independente de preparação ao ingresso à educação superior. Um terceiro caminho tem ênfase inicial em línguas clássicas, latim ou grego, bem como francês, alemão e inglês. Há, nos dois casos anteriores a opção, de que, metade das aulas sejam necessariamente ministradas em inglês.

Para aqueles que seguiram em direção ao Ensino Superior, há dois grupos bem distintos: universidades orientadas para pesquisa ou instituições vocacionadas. As taxas dependerão da instituição de ingresso, sendo que cidadãos europeus pagam aproximadamente um terço do que é cobrado de estudantes internacionais.

Há dois comentários rápidos e que, por certo, demandariam um aprofundamento que este texto não permite. Embora não fique tão claro, os mecanismos gerais, desde a pré-escola à seleção da universidade, tendem a fazer com que pais mais escolarizados ou com maior renda tenham opções de mais longa escolaridade e de mais qualidade para seus filhos, dificultando grandes mobilidades sociais. Por outro lado, o sistema aparenta ser bem mais relaxado e menos competitivo do que países como Singapura, Japão ou Coréia do Sul, garantindo, em média, cidadãos e profissionais tão bem preparados como nos países citados, porém, mais felizes e bem mais solidários. Pelo menos é o que parece a um observador ocasional, ainda que atento.*Reitor da Universidade Estácio de Sá

Somos o que fazemos – Afonso Rodrigues de Oliveira*“Não se mede o valor de um homem pela tarefa que ele executa, mas pela maneira de ele executá-la”. (Swami Vivecananda)

Tudo que fazemos em nossas vidas é resultado dos nossos pensamentos. Afinal, somos o que pensamos. Então vamos aprimorar nossos pensamentos para sermos o que realmente devemos ser. Simples pra dedéu.

Há um número, não tão pequeno, de pessoas que me serviram de exemplo e que nem mesmo imaginaram isso. Não sei se elas sabiam que o exemplo é a melhor didática. E podemos muito bem aprender com o exemplo, quando ele não nos interessa. Já tive um auxiliar que era um dos mais exemplares, em bom comportamento no trabalho, e que se tornou um dos maiores traficantes de drogas do Brasil.

Durante os dez anos que trabalhei numa grande indústria de refrigeração de São Paulo, vivi experiências extraordinárias nas relações humanas. Conheci um operário que foi beneficiado no trabalho, depois que recebeu uma carta do seu genitor. Já lhe falei disso, aqui. Foi uma história tão simples quanto rica. Um exemplo de como podemos ser grandes, independentemente da nossa aposição social. O que pesa na balança do ser é ser o que devemos ser dentro da racionalidade.

Recentemente lhe falei do faxineiro que foi indicado, sem saber, pelo presidente da empresa, para uma função mais bem remunerada, na empresa. E o motivo da indicação foi a observação que o presidente fazia, diariamente, no comportamento do faxineiro durante o trabalho. Quando fazemos o melhor no que fazemos, não importa nem interessa o que fazemos. Desde que, claro, seja e esteja dentro das normas da racionalidade. Já conheci, e lhe falei dele, um auxiliar de almoxarifado, que ficou rico fazendo e vendendo cocadas. Não é pequeno o número de pessoas que se tornaram grandes empreendedores, iniciando a carreira no degrau mais baixo da escada financeira. E quando falamos de sucesso, falamos de honestidade, fidelidade e muito respeito de si para consigo mesmo, e com o próximo.

Sinta-se bem no que você faz. Ame o que faz. Procure fazer sempre o melhor no que faz. O melhor que fazemos hoje pode ser superado pelo que fizermos amanhã. O que indica que avançamos no conhecimento.

Nunca se deixe abater pelos erros. Ao contrário, sempre que errar procure acertar baseado no erro. O Thomas Edson já nos disse, sempre que errava numa experiência, que não tinha errado, mas aprendido como não fazer. Valorize tudo que você fizer, fazendo melhor, da próxima vez. É com os erros que aprendemos a acertar. E devemos aprender com os nossos erros e com os erros dos outros, evitando-os e corrigindo-os sempre. Pense nisso.*[email protected] 99121-1460