Opinião

Opiniao 05 10 2017 4906

A moral e o anel de Giges – Flamarion Portela *

Na semana passada, o Estado de Roraima assistiu mais uma vez, uma operação da Polícia Federal chamada Anel de Giges, que investiga desvio de dinheiro público. Por isso, faço do artigo do economista e reitor da Universidade Positivo, José Pio Martins, também minha opinião.

“Nestes tempos de moral social degenerada, vale relembrar o filósofo Platão em sua obra A República, quando ele narra a lenda do pastor Giges. Certo dia, após uma tempestade, abre-se uma fenda no chão, e o rebanho do pastor é engolido. Ele resolve entrar na fenda e encontra, no fundo do abismo, o cadáver de um gigante, que trazia apenas um anel em um dedo.

Giges coloca o anel e segue para a assembleia de pastores destinada a preparar relatório para o rei sobre a situação do rebanho. O pastor, então, percebe que, ao girar o anel para baixo, ele se torna uma pessoa invisível.

Virando o anel para cima, ele volta a ficar visível. Eufórico com a descoberta, Giges vai ao palácio e, estando lá, gira o anel e fica invisível. Agora, longe de qualquer punição, Giges seduz a rainha, assassina o rei e usurpa o trono, iniciando sua longa dinastia.

Platão nos conta que, ao desfrutar da invisibilidade e movido pelo desejo de poder, o pastor passa a agir sem escrúpulos, seduz, rouba e mata. E o filósofo nos propõe a seguinte questão: os homens são bons por escolha própria ou simplesmente porque temem ser descobertos e punidos? Imagine, caro leitor, que você tenha o anel de Giges e possa ficar invisível. Livre para fazer o que quiser sem ser punido pela sociedade, pelas leis e por Deus, você agiria com base na moral e na justiça?

Platão disse: “Quer conhecer o homem, dê-lhe o poder”. O ser humano só é completamente moral quando, tendo o poder e estando livre da punição, ele age com base na moral, na virtude e na justiça. A observação da conduta cotidiana nos leva a concluir que, se o ser humano ficar entregue a seus próprios instintos naturais, muito provavelmente o egoísmo, a ganância e a sede de ter mais – poder, fama e dinheiro – o levariam a roubar, matar e trapacear.

A narrativa de Platão permite concluir que mesmo uma pessoa virtuosa e justa, se tivesse em mãos o anel de Giges, agiria contrariamente à virtude e à justiça. Não todos, é claro. E Aristóteles alerta que “o homem guiado pela ética é o melhor dos animais. Quando sem ela, é o pior”. Por isso, a vida em sociedade exige um conjunto de normas gerais de conduta justa, iguais para todos (inclusive para o rei) e aplicáveis a um número incerto de casos futuros. A propensão humana à virtude é frágil; por isso, a paz social não dispensa as regras de conduta e a punição para quem as viola.

Na esfera pública, o meio de impedir que os políticos tenham seu anel de Giges é pela visibilidade de seus atos. Não é por outra razão que a Constituição obriga à publicidade de todos os atos dos governantes. A publicação e a divulgação de tudo quanto é feito com o dinheiro público (e também dos atos que não envolvam dinheiro) são necessárias para o conhecimento da população sobre as ações dos homens do poder.

Certamente, os corruptos imaginam ter achado o anel de Giges e acreditam que não serão pegos nem atingidos pela punição. Somente um louco cometeria atos de corrupção se tivesse a certeza de que seria descoberto, processado e punido. Seguramente, os malfeitores fazem cálculos e agem apostando na probabilidade de não serem pegos. De vez em quando, eles erram no cálculo e a justiça funciona.

Se os homens fossem anjos, o Código Penal e as prisões não seriam necessários. Mas os homens não são anjos e, quanto mais poder eles têm, maior a probabilidade de manifestarem seu lado diabólico e imoral.”

*Deputado estadual e ex-governador de Roraima

Justiça impõe limite nas reclamações do consumidor – Rodrigo Setaro*

Uma série de recentes decisões da Justiça aponta entendimento importante para comerciantes de produtos e serviços. As reclamações precisam ter limites e os excessos, quando ocorrem, são puníveis com sentenças pecuniárias a título de dano moral. Algumas destas situações podem ser conhecidas aqui, nestelink e também neste post. As sentenças são importantes porque demonstram os limites existentes nos dois lados da relação de consumo, não deixando desprotegida a pessoa jurídica que cometeu falha, ao passo que impede o abuso do consumidor. O consumidor não está menos protegido. O que se exige dele é comportamento baseado na razão e não de fúria. Isto vinha acontecendo em função do acesso às redes sociais. Estas formas de comunicação se tornaram, em alguns casos, verdadeiros instrumentos de exercício arbitrário das próprias razões, ato que sempre foi proibido pelo ordenamento jurídico. Como qualquer um dos papéis que exercemos na sociedade, a figura do consumidor deve sempre se pautar pela razoabilidade e parcimônia, caso contrário, está dando um tiro no próprio pé. As pessoas, sejam físicas ou jurídicas, nunca devem esquecer que o Poder Judiciário existe, exatamente, como pacificador social, o que impede que cada um busque o que entende ser justo com as suas próprias mãos. Compradores de bens e serviços não podem esquecer que estas operações envolvem riscos. E recorrer à Justiça em busca de danos materiais e morais por causa de problemas diversos precisa se basear em comprovada falha na prestação dos serviços, entretanto, sem denegrir e abusar do seu direito de defesa.

*Advogado

A criação divina – Afonso Rodrigues de Oliveira*

“Essa que passa por aí, senhores,De olhos castanhos e fidalgo porte,É a princesa ideal dos meus amores, É a mais franzina pérola do norte.” (Hermeto Lima)

Até as Amazonas já foram tidas como a divindade poderosa. E realmente foram. Não há como não se sentir feliz com a atuação da mulher numa demonstração de beleza. Não sei se você se sente, como me sinto, feliz em ver a mulher como a criação divina para o engrandecimento da humanidade. Sempre me sinto triste por não ser um poeta. Tenho inveja do Hermeto Lima. E sinto essa tristeza sempre que assisto à presença da mulher num evento artístico. Fico encantado quando as vejo tocando violino, numa orquestra. Atividade que, não sei por que, sempre foi atribuída aos homens, como se as mulheres fossem incapazes.

A beleza é a base fundamental na grandeza da mulher. Mas ela está nela e não precisa de esforço para alcançá-la, nem para buscá-la. A beleza na mulher é uma grandeza. E está naturalmente na sua presença. E é na presença da mulher que nos sentimos felizes; independentemente do exibicionismo da beleza superficial. E quando ela se sente como realmente é, nada nem ninguém, no mundo, tem o poder de superá-la. A mulher é dominante. E perde sua beleza natural quando perde esse valor.

Não há por que você, mulher, lutar para mostrar o que você é. Basta ser. E quando você tem essa consciência nada supera seu valor. E uma das maiores características do poder natural são, naturalidade, simplicidade e presença apresentada pela simpatia. Mantenha sua postura feminina com naturalidade e você será sempre vista e tida como superior. Nunca perca seu tempo com os que, pela incompetência, querem se mostrar superiores a você. Eles ainda não são capazes para entender que sem você eles não seriam nem mesmo o que pensam ser. Porque não existe um homem forte e inteligente que não se curve à grandeza da mulher. Fim de papo.

Parabéns por você ser o que realmente é; pérola franzina que não pode nem deve esconder o seu valor. Saia dessa, de ficar lutando pela igualdade, procurando ser igual. Você é superior e só precisa mostrar que é, sem mostrar, apenas apresentando-se como é. O mundo nada seria, sem você. Nenhum outro ser tem o poder de embelezar o mundo, como você o faz. Não foi à toa que o Criador criou você e lhe deu o poder da criação. Porque sem você não existiríamos. Então fique na sua e valorize-se no que você é. Vá à luta, mas sem lutar. Sua presença já é uma demonstração de poder. Você é uma Amazona. E nunca será derrotada, se se valorizar no que é: deusa criadora, no mundo. Pense nisso.

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