Opinião

Opiniao 09 08 2018 6720

Vacinar também é um ato de amor – Flamarion Portela*   Nos últimos anos, vem surgindo em alguns países, com maior força nos Estados Unidos, uma corrente contrária ao uso de vacinas como forma de prevenção de algumas doenças.

De acordo com os defensores dessa causa, o excesso de vacinas pode estar levando ao enfraquecimento do sistema de defesas das crianças, devido a grande quantidade de vacinas que recebem durante os primeiros anos de vida.

Esse forte apelo de algumas entidades, já levou diversos países a criarem restrições e medidas preventivas, como o uso de alguns tipos de conservantes ou mesmo de componentes da fabricação de vacinas, como forma de diminuir os riscos de efeitos colaterais graves ou mesmo óbitos.

Esse movimento tem desencadeado uma baixa procura por vacinas nesses países, com reflexos até mesmo no Brasil, devido a diversas Fake News (notícias falsas) que têm sido espalhadas em redes sociais, confundindo a população.

Desde 2013, de acordo com o Ministério da Saúde, a procura por vacinação contra algumas doenças como o sarampo, a rubéola e a caxumba vem caindo drasticamente. Inclusive, houve queda na vacinação contra a poliomielite, doença que estava erradicada desde 1990, mas que voltou a ter casos suspeitos desde o ano passado. O mesmo ocorre com o sarampo, já que o Brasil voltou ter surtos em vários estados.

No Brasil, esse movimento antivacina tem causado reflexos, sobretudo, entre as classes mais ricas que, alimentadas por informações não científicas, acabam escolhendo quais vacinas darão aos seus filhos. Na outra ponta, entre os mais pobres, o problema está no acesso destes aos serviços de saúde pública, que faz com que, nos últimos anos, a cobertura vacinal também tenha diminuído.

Essa problemática chamou a atenção até mesmo do Unicef, o Fundo das Nações Unidas para a Infância, que recomendou as autoridades brasileiras a mobilizarem os gestores municipais para melhorar a cobertura vacinal de rotina e durante as campanhas, sobretudo naquelas áreas de menor cobertura.

Para amenizar esse problema, o Ministério da Saúde, por meio do Programa Nacional de Imunização (PNI), tem feito campanhas de sensibilização nos municípios, para alcançar o maior número de pessoas vacinadas, com ações nas escolas e até mesmo vacinação nas próprias casas.

“As vacinas são a mais eficiente intervenção médica que a humanidade já produziu”, disse o doutor em microbiologia e pesquisador do Instituto Adolpho Lutz, de São Paulo, Aguinaldo Roberto Pinto, em entrevista à revista Superinteressante.

É fundamental que se entenda que vacina é a melhor forma preventiva da maioria das doenças que acometem as crianças nos primeiros anos de vida. Portanto, não deixe de levar seus filhos às unidades de saúde para vaciná-los e imunizá-los.

Vacinar também é um ato de amor aos seus filhos.   *Presidente do Iteraima e ex-governador de Roraima

Vantagens de trabalhar com educação – Ronaldo Mota*

Toda forma de trabalho é válida. Qualquer trabalho honesto é nobre. Mesmo assim, nem todos os ofícios são iguais; algumas tarefas parecem ser mais prazerosas e positivamente diferenciadas. Entre os trabalhos distintos, destaco educação.

Nada há de errado em vender produtos e serviços. Mesmo assim, se vendo alimentos, por exemplo, eles podem fazer bem ou mal. Se ingeridos em quantidade excessiva, podem engordar e prejudicar a saúde. Se meu negócio é vender automóveis, ainda que uns sejam melhores do que outros, todos, em algum nível, poluem e geram congestionamentos, além de causarem prejuízos, às vezes fatais, em casos de acidentes. A atividade no mercado financeiro, emprestando dinheiro e garantindo créditos, busca resolver problemas e promover o desenvolvimento. Ela pode dar certo e ser útil, mas pode dar errado e findar sendo catastrófico. Em certas situações só agrava a dificuldade inicial do cliente, transformando pagar o próprio empréstimo no grande drama do futuro. 

Há inúmeros outros exemplos de produtos e serviços que se caracterizam por terem mais valor quanto mais raros e exclusivos forem, em geral, vendendo a exclusão dos demais. Por sua vez, educação é um dos poucos serviços (saúde é outro) onde mesmo quem não o adquire ganha também. Quem dela desfruta jamais viverá a circunstância de tê-la em demasia, mesmo porque chamar alguém de excessivamente educado é um elogio. O convívio em um ambiente onde todos tiveram acesso à educação não gera poluição de conhecimento ou acidentes. Até mesmo alguém que despreze educação será um privilegiado se puder desfrutar das oportunidades geradas por uma comunidade que valoriza e estimula educação. 

O papel essencial dos processos de aprendizagem é emancipar o educando, preparando-o para a vida, em todas as suas dimensões. Uma das funções estratégicas da educação é garantir força de trabalho qualificada, tal que os produtos e serviços gerados possam ser competitivos, promovendo um desenvolvimento econômico, social e ambiental sustentável.

No ofício docente não cabe ao professor distribuir um montante limitado de conhecimento aos seus educandos. Ensinar a um não tira de quem ensina e é ilimitado a quem aprende, sejam os aprendizes quantos forem. Quando um aprende,os demais também ganham, especialmente quem ensinou, que aprende a ensinar cada vez melhor. Aprender mais não retirado que já se sabe ou de quem já sabe. 

Educação no mundo atual, diferentemente do passado próximo, é a principal ferramenta em qualquer circunstância. Esqueça das armas, pense no conhecimento como sendo  o mais efetivo instrumento de sobrevivência nas guerras contemporâneas. O único risco da educação é a sua ausência ou deficiência, ou seja, não dispor de escolaridade suficiente é caminho quase inevitável para o sofrimento e a pobreza, material e espiritual.

Uma pessoa educada, pelos seus comportamentos, hábitos e posturas ganha imediato respeito de todos, em qualquer lugar e sempre. Dinheiro, fama e poder também geram sentimentos parecidos, mas não iguais, dado serem circunstanciais e não perenes, além de não necessariamente sinceros.  

No passado, ser da família com posses determinava automaticamente o futuro dos filhos. Hoje, os melhores empregos e oportunidades de negócios estão abertos a quem estuda e aprende, adquirindo conhecimento ao longo de toda a vida, seja rico ou seja pobre. E quanto mais se estuda, mais amplas as possibilidades de sucesso, de forma abrangente e ilimitada.

Por fim, e não menos importante: educação faz amigos. Os mais sinceros e duradouros relacionamentos são lastreados pela admiração por quem o outro é. Ainda que dinheiro e beleza pareçam concorrer no mesmo sentido, lembremo-nos que ambos são bem menos perenes do que o conhecimento adquirido e naquilo que nos transformamos em função dele. Refletindo o apreço pela educação,nada mais charmoso e atraente do que a inteligência.

*Chanceler da Estácio

Lendas, fábulas e mitos – Oscar D’Ambrosio*

A nossa vida cotidiana e a arte se alimentam – e muito – de lendas, fábulas e mitos. Mas esses três termos são utilizados geralmente sem muito critério, se maneir
a bem confusa e misturada, como se tudo fosse a mesma coisa. Mergulhar nessas diferenças pode ser excelente para mergulhar em nosso dia-a-dia;

As lendas, por exemplo, são narrativas fantasiosas transmitidas pela tradição oral ao longo dos séculos. Combinam o real e histórico com o irreal, meramente produto da imaginação humana. Surgem assim explicações plausíveis, e até certo ponto aceitáveis, para fatos sem explicação científica comprovada.

Já as fábulas são composições literárias curtas, escritas em prosa ou versos em que os personagens são animais que apresentam características humanas, muito presente na literatura infantil. Possuem caráter educativo e fazem uma analogia entre o cotidiano e as histórias vivenciadas pelas personagens, com uma moral no fim da narrativa.

O mito, por sua vez, é uma narrativa de caráter simbólico e imagético. Ele se transforma com as condições históricas e étnicas de uma cultura e busca explicar e demonstrar, por meio da ação e do modo de ser das personagens, a origem do mundo, dos seres humanos, dos animais, das doenças, do amor; do ódio; enfim, de tudo.

Portanto, a lenda de Robin Hood, surgida provavelmente a partir de um personagem real; as fábulas do francês La Fontaine, um grande divulgador dos textos do gênero de Esopo e as mitologias grega e romana, entre muitas outras, são manifestações para, respectivamente, explicar fatos, dar lições e entender a origem de tudo que nos cerca. Conhecer esse universo nos torna mais humanos e menos autômatos.

*Mestre em Artes Visuais e doutor em Educação, Arte e História da Cultura, é Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo

Saia do lamaçal – Afonso Rodrigues de Oliveira*

“A vida é para quem topa qualquer parada, e não para quem para em qualquer topada.” (Bob Marley)

A política brasileira está vivendo um momento de incomensurável mediocridade. E isso porque ela se envolve, e envolve tudo que acontece na sociedade. Essa discussão sobre a fala do general sobre a origem da indolência e da malandragem no Brasil atinge o nível mais baixo da mediocridade. E o mais preocupante é que estamos ouvindo críticas até de grandes intelectuais. Mas deixa isso pra lá, e vamos falar de nós.

Não há como você sair do fundo do poço sem subir pelas paredes. A menos, claro, que alguém retire você do abismo. Mas aí você não vai merecer elogios. E os elogios sinceros nos engrandecem. Vamos sair do fundo do poço em que estão nos enterrando. E só conseguiremos isso quando nos educarmos. E nenhum político está pensando nisso. Então vamos pensar. E o único caminho que consigo ver para a saída do lamaçal é a autoeducação. Já que não nos educam, vamos nos educar. Mas comece a tarefa com seus filhos. 

Mesmo que isso lhe pareça papo de botequim, analise-o. É simples pra dedéu, entender que deveríamos criar o Ministério do Ensino, para substituir o da Educação. Porque as escolas nunca educaram; apenas ensinaram. E continuam com a mesma planilha. Vamos nos educar fazendo por nós o que os nossos políticos deveriam fazer. E se é assim, por que perder tempo com discussões tolas e vazias? Ontem ouvi, pela televisão, um intelectual dizer o que venho dizendo, faz tempo, por aqui: nunca seremos cidadãos enquanto não tivermos o voto facultativo. Mas ainda não estamos preparados para ele. Então, vamos nos preparar. E que tal começar com a capacidade de escolher nossos candidatos para as próximas eleições? E não vai ser fácil. Mas o que realmente nos valoriza são as dificuldades da vida, quando as vencemos. Por que se aborrecer com a topada? Você não teria topado se tivesse olhado para onde pisar. A topada pode ser um aprendizado. 

Encare com coragem as paradas da vida. Mas não faça como as mídias nacionais estão fazendo: confundindo malandragem com bandidagem. Talvez estejamos correndo o risco, de tentarem incriminar o Mário de Andrade por ele ter criado o Macunaíma; o malandrão da vida. Vamos à luta pacífica. Nada de brigas comadrescas. Vamos fazer nossa parte como ela deve ser feita: com civilidade e muita responsabilidade. É no mundo que começamos a construir agora, que nossos filhos e os filhos deles irão viver. Então que Brasil você quer construir para o futuro? O futuro vai depender do que você construir agora. Reflita sobre isso antes de votar. Pense nisso.

*Articulista [email protected] 99121-1460