Opinião

Opiniao 11 01 2018 5465

O que queremos para 2018? – Flamarion Portela*

Estamos no começo de um novo ano, que a julgar pelos acontecimentos vindouros será muito intenso. Daqui a pouco chega o carnaval, a grande festa popular brasileira, que mexe com toda a população, depois vêm as festas juninas, e, em junho, entra em campo mais uma paixão nacional, o nosso futebol, com a Seleção brasileira nos representando na Copa do Mundo da Rússia.

Mas, esse não será um ano só de festas. Temos pela frente também um ano eleitoral, onde iremos escolher nossos representantes nas Assembleias Legislativas, na Câmara Federal, no Senado e nos poderes executivo estadual e federal. Temos um grande desafio pela frente.

Então, o que esperar deste ano de 2018 tão agitado?

Em primeiro lugar, um implacável combate à corrupção, com a condenação e prisão de todos os envolvidos, o fortalecimento das instituições fiscalizadoras, do Ministério Público, da Polícia Federal… Queremos um Brasil passado a limpo, expurgando do cenário político todos os corruptos, usurpadores do patrimônio público.

Queremos a melhoria dos serviços públicos essenciais, como a saúde, a educação e a segurança, que nos últimos anos têm sido relegados ao abandono, com poucos investimentos e refletindo diretamente na população mais pobre, que já sofre com a falta de emprego.

Como sabemos, a corda sempre arrebenta do lado mais fraco. Chega de ver nossa população morrendo à míngua nos corredores dos hospitais, de nossas crianças sem perspectivas de futuro porque não conseguem ter uma educação de qualidade, de nossos jovens enveredando pelo mundo das drogas e do crime, de termos nos tornado reféns em nossas próprias casas, por não termos um sistema de segurança que nos garanta o ir e vir, sem medo de sermos assaltados ou coisa pior.

Esta semana, num levantamento feito pelo jornal O Estado de São Paulo, foi constatado que o fundo eleitoral, criado no ano passado com o intuito de financiar as campanhas políticas em todo o País, vai receber R$ 121,8 milhões remanejados da educação e R$ 350,5 milhões da saúde. Ou seja, são R$ 472 milhões que poderiam estar financiando a melhoria do nosso sistema de saúde e a qualidade da nossa educação, mas serão utilizados para bancar a eleição de políticos.

E não para por aí. Mais de R$ 800 milhões foram retirados de áreas como segurança pública, infraestrutura, obra contra a seca e agricultura para o mesmo fundo eleitoral. E sabe quem foi um dos principais idealizadores desse descalabro? Segundo o referido jornal, o notório senador Romero Jucá (PMDB).

Se queremos um País melhor para todos, não podemos ficar de braços cruzados. Temos de ir à luta. Não podemos mais aceitar tanto desrespeito com o patrimônio público.

Façamos cada um a nossa parte, com responsabilidade e dever cívico. O voto será nossa grande arma contra todas as mazelas que castigam nosso País.

*Ex-governador de Roraima

As novas TIC – Marcelo Uchôa Gomes*

As novas TIC representam, evidentemente, novos desafios para a mídia-educação, que deve aprender a lidar com: uma cultura midiática muito mais interativa e participativa entre os jovens; fronteiras indefinidas entre a elite produtora de mensagens e a massa de consumidores; novos modos de fazer política e novas possibilidades democráticas.

Além das consequências do avanço técnico, transformando os espectadores em usuários, a mídia-educação também precisa incorporar em suas definições e propostas os efeitos culturais, educacionais e societais do novo Estatuto da Criança e do Adolescente, promulgado em 1989 pela ONU e progressivamente ratificado pela maioria dos países.

Dentro das pesquisas realizadas e na busca de mais informações para melhor explicar tais situações, encontrei diversas abordagens como da Pesquisadora Maria das Graças Jacinto Setton que aborda em Foco: Educação e sociedade midiática. Ela aborda em sua apresentação o seguinte: “Embora os estudos sobre as instituições culturais do mundo contemporâneo não sejam novidade na área das ciências humanas, é recente a preocupação em unificar esforços entre disciplinas para estudar suas transformações nas últimas décadas”.

Contudo, é fato que a educação no mundo moderno não conta apenas com a participação da escola e da família. Outras instituições, como a mídia, despontam como parceiras de uma ação pedagógica. Para o bem ou para o mal, a comunicação de massa está presente em nossas vidas, transmitindo valores e padrões de conduta, socializando muitas gerações.

É nesse sentido, pois, que os estudos sobre mídia aproximam-se do debate educativo. “E, nesse esforço de pensar as interfaces entre disciplinas aparentemente tão distintas como a educação e os estudos midiáticos, se pode, contudo, observar a raridade destes estudos interdisciplinares”. (Apresentação. Educ.Pesqui.vol.28 nº1 São Paulo Jan/Jun 2002).

Ao contrário de que muitos pensam que as mídias estão aí para atrapalhar os estudos, nas décadas de 1960 e 1970, já se pensava de como a televisão iria interferir ou ajudar nos estudos da época.

Pierre Bourdieu abordou o seguinte: “A despeito daquilo que lhe aprouve fazer com a delimitação e apreensão do campo educacional tal como levado a efeito nos anos 1960 e 1970, Bourdieu em seu programa investigativo sobre o campo midiático, projeto esse expresso, sobretudo, na publicação de seu best-seller “Sobre a televisão” em 1997, também procurou questionar os mecanismos de dominação simbólica vinculados neste espaço por via de estratégias fundadas no desconhecimento das relações sociais e informacionais que se engendram neste lócus. Ao contrário, no entanto, do que muitos pensam Bourdieu não apresenta uma análise pessimista do campo midiático, mas fornece uma série de elementos teóricos que permitem àqueles profissionais que concorrem no interior deste espaço e, de resto, aos demais produtores culturais, pensar e fazer com que esse potencial instrumento de democracia direta não se converta em um instrumento de opressão simbólica (BOURDIEU, 1997, p. 13).

A leitura que Bourdieu fez do subcampo da televisão no interior do campo de produção midiática ou, mais precisamente, do campo jornalístico causou espanto e uma sensação indigesta nos produtores culturais que se depararam com esse texto, justamente porque essa obra revela que os especialistas culturais que concorrem profissionalmente neste campo social são tanto manipuladores quanto eles mesmos manipulados. Nas palavras desconcertantes de Bourdieu: “manipulam mesmo tanto melhor, bem frequentemente, quanto mais manipulados são eles próprios e mais inconscientes de sê-lo” (BOURDIEU, 1997, p. 21).

Nesse caso, o que está em tela na análise de Bourdieu acerca da televisão e, de forma mais ampla, a respeito do campo jornalístico são menos os componentes racionais da ação e mais aqueles aspectos irrefletidos, naturalizados e, por isso mesmo, com muito mais eficácia no propósito de se garantir e preservar da maneira mais intacta possível essa ordem simbólica fundada na perpetuação da injustiça e da desigualdade. (Fonte de informação – PDF – ATOS DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO – PPGE/ME FURB ISSN 1809-0354 v. 8, n. 1, p. 8-29, jan/abr. 2013 – ESCOLA E MÍDIA EM UMA PERSPECTIVA CRÍTICA: AS CONTRIBUIÇÕES DE PIERRE BOURDIEU -SOUZA, Juliano de, Universidade Federal do Paraná – [email protected]; MEDEIROS, Cristina Carta Cardoso de, Universidade Federal do Paraná – [email protected] e MARCHI JÚNIOR, Wanderley Universidade Federal do Paraná – [email protected]).

Embora se pense que a mídia será a grande vilã do século, engana-se, já está sendo aproveitado o que se pode. O melhor exemplo disso é do Japão, que desde muitos anos já utiliza desses recursos para se lecionar a distância com seus alunos, desde o ensino infantil.

As escolas do nosso estado, na década de 1997, começaram a utilizar desses recursos, oferecendo aos seus profissionais de educação, oportunidades de aprenderem a usar a informática para serem ampliados os conteúdos de sala. Assim os alunos aprenderiam utilizar juntos. Desde então vem sendo feitos cursos para os professores para que os mesmos percam o medo e aprendam a usar essa nova ferramenta de uso educacional que na época fora instaladas em algumas escolas para testes.

Com chegada desses recursos foram adequados para uso de pesquisas e de grande ajuda para todos.

Para nós, educadores, o que falta é a coragem de utilizar esses recursos que estão chegando a cada dia melhor e muito mais rápido facilitando os trabalhos e os meios de comunicações existentes no mundo.

*Professor

Se for falso não é elogio – Afonso Rodrigues de Oliveira*

“O sábio nunca diz tudo que pensa, mas pensa sempre tudo que o diz.” (Aristóteles)

Você é bom em elogio? Eu sou um desastre. Mas adoro elogiar. E toda pessoa merece elogios. Há sempre algo nela, que merece ser elogiado. Sempre há. Principalmente numa mulher. E é aí que você corre o risco de se sair mal. Elogiar é uma prática saudável e cavalheiresca. Você tem até a oportunidade de medir sua capacidade de relevar, aceitar, entender. Sempre que tiver uma oportunidade, elogie. Não importa se você conhece a pessoa ou não. Eu faço isso. Mas temos que ter muito cuidado, não com a pessoa elogiada, mas conosco mesmo. É uma questão de personalidade, educação e treino. Mesmo assim, vez por outra caímos numa esparrela. Mas o importante é que você seja educado suficiente para tirar de letra, sem jogar por terra o seu elogio.

Faz muito tempo, entrei numa repartição para cumprimentar um amigo. Sempre que eu ia lá cumprimentava aquela garota pequenininha e bonitinha. Havia alguma coisa estranha na sua beleza. Um misto de macuxi com cearense. Olhei para ela e falei elogiosamente:

– Você tem uma beleza exótica.

Ela franziu a testa e perguntou intrigada:

– Exótica? Quê que é isso? 

Brincalhão e inconveniente, meu amigo atalhou:

– Ele tá dizendo que você é feia.

Ela me olhou feio, levantou-se, foi até à sala contígua, pegou um dicionário, consultou-o, e voltou calada. Senti-me em saia justa e permaneci calado. Não sei que diabo o dicionário falou pra ela. Só sei é que a partir daí a garota nunca mais me cumprimentou. Se isso acontecer com você, não revide nem se aborreça. Se você se aborrecer estará se aborrecendo com você mesmo. Por que diabos você iria se aborrecer porque a pessoa não aceitou seu elogio? Você fez sua parte.

O elogio tem que ser sempre sincero. As palavras devem ser medidas e comedidas. Franqueza é fundamental. Quando se dirigir a uma mulher num termo carinhoso, faça-o na medida certa. Por exemplo: a Joely é lindinha; a Sheneville é lindona. Mas deve ser tratada como lindinha. Aumentativo e diminutivo aqui não têm nada de pejorativo. Mas exige uma inflexão de voz adequada. Pode haver tendência ao pejorativo. O lindinha é sempre afetivo e carinhoso. Mas, se a pessoa não for do seu círculo de amizades, chame-a apenas de linda. Lindinha pode parecer íntimo para ela. Sacou?

Quando cheguei a Roraima fui morar no interior e com os hábitos do Rio de Janeiro. Até que um dia percebi que os homens estavam me olhando carrancudos. Comentei isso com a Salete e ela foi taxativa:

– Já reparou que você ta chamando as esposas deles de querida?

Pense nisso.

*[email protected]