Opinião

Opiniao 11 05 2018 6174

As novas ideias para o turismo – Vinicius Lummertz*

“A verdadeira dificuldade não está em aceitar ideias novas, está em escapar das ideias antigas”. A frase do célebre economista inglês John Keynes (1883-1946) ilustra bem a atual realidade do turismo brasileiro. Estamos em uma bifurcação, em que um caminho aponta para a mudança de paradigma na condução das políticas de turismo e o outro para a manutenção de um modelo visivelmente esgotado, no qual o setor não é visto como prioridade de Estado e nem explorado em todo o seu potencial.

Parece bem simples a tomada de posição se olharmos com atenção os números do turismo internacional, que vêm confrontando o cenário de crise econômica nos principais mercados mundiais. Em 2017, o setor cresceu 7% com a circulação de 1,3 bilhão de viajantes, alcançando o melhor resultado dos últimos sete anos, de acordo com a Organização Mundial de Turismo (OMT). A movimentação econômica do período foi de US$ 7,6 trilhões, ou 10% do PIB mundial.

O número de empregos gerados pelo turismo também é impactante. Durante a 8ª Reunião dos Ministros do Turismo do G20, realizada em abril na Argentina, foram apresentados os últimos dados referentes à força de trabalho no setor. De acordo com o Conselho Mundial de Turismo e Viagens (WTTC), o turismo é responsável por um em cada 10 empregos no mundo.

Somente em 2017, de cada 5 novos postos de trabalho ocupados, 1 foi pelo turismo. Esse dado comprova o poder transformador de nosso setor, que continua empregando enquanto diversas empresas estão fechando suas vagas. Aliás, a tendência mundial é exatamente essa: que o turismo continue crescendo. Se a tecnologia muitas vezes tira o emprego do trabalhador da indústria, por exemplo, no turismo ela é uma aliada na criação e concepção de novos produtos turísticos, auxiliando o turista desde o planejamento até a realização da viagem.

Diante dessa nova realidade, sugeri ao grupo de ministros para trabalharmos um novo mote para o setor. A proposta foi aceita e nossa linha condutora a partir de agora será “turismo, trabalhamos para gerar empregos”, direcionando nossa comunicação para o potencial de desenvolvimento econômico de nossa atividade.

No Brasil, 11ª economia de turismo do mundo, ainda mantemos o discurso que enaltece nosso potencial – somos o primeiro em recursos naturais e 8º em recursos culturais – como diferencial competitivo. No entanto, precisamos de muito mais para tornar essa capacidade instalada em produtos e serviços que encantem o turista doméstico e atraia o estrangeiro. O Ministério do Turismo escolheu o lado das ideias novas e trabalha com uma agenda de iniciativas para superar gargalos históricos e impulsionar o setor, que contribuiu com R$ 520 bilhões para o PIB nacional em 2017 e emprega, direta e indiretamente, 7 milhões de brasileiros.

Adotamos medidas de facilitação de viagens com objetivo de ampliar o fluxo internacional, um dos indicadores que revelam a necessidade de se promover um choque de gestão no setor: o Brasil registrou a entrada de 6,6 milhões em 2017, enquanto a França recebeu 89 milhões; a Espanha, 82 milhões, e os Estados Unidos, 76,5 milhões. Implantamos o visto eletrônico inicialmente para viajantes dos Estados Unidos, Canadá, Austrália e Japão. Somente nos dois primeiros meses do ano, houve aumento de 48,2% no número de solicitações de e-visa por parte desses países. Aguardamos deliberação do Congresso sobre a proposta de abertura de 100% do capital das empresas aéreas nacionais para investidores estrangeiros, iniciativa que pode ampliar o número de empresas e voos em operação, beneficiando também o mercado doméstico. Da mesma forma, está sob análise a mudança de status da Embratur, que passaria a funcionar como agência, com mais independência para turbinar a promoção do Brasil lá fora.

Sabemos que nenhum plano de desenvolvimento se sustenta se não houver injeção de recursos. Assim, lançamos este ano o Prodetur + Turismo com R$ 5 bilhões disponíveis do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF) e BNDES para financiar projetos de estados e municípios, como em Roraima.

Um setor de tamanha pujança, com vocação comprovada para gerar riquezas, não pode ser negligenciado por nações que tenham compromisso com a saúde de suas economias e com o bem-estar social. Precisamos das novas e boas ideias para avançar neste processo de transformação que fará o Brasil caminhar lado a lado com os países que apostaram no turismo como vetor para o desenvolvimento. Nosso país precisa recuperar a capacidade de imaginar o seu futuro.

*Ministro do Turismo

A importância do QC – Afonso Rodrigues de Oliveira

“Motivação é a arte de levar as pessoas a fazerem o que você quer que elas façam por vontade delas”. (Dwihht Eisenhower)

Os norte-americanos iniciaram o movimento do Controle de Qualidade, na primeira década do século passado. Seis décadas depois, atrasados pra dedéu, iniciamos o movimento no Brasil; cinco décadas depois ainda estamos malhando em ferro frio, na tentativa de fazer com que se entenda a importância das relações humanas no trabalho. Tive a felicidade de participar deste movimento ainda no seu início. Foram dez anos de atividade na indústria paulista, e outra década na indústria naval, fluminense. Foram duas décadas de uma experiência incalculável. Foi o que batizei de “Universidade do Asfalto”. Porque é no asfalto que realmente nos aprimoramos, na convivência com os clientes, no dia a dia, dentro e fora da empresa. E é nesse conjunto que aprendemos a usar com clareza e segurança, as “Relações Humanas no Trabalho e na Família”. Porque são dois ambientes que não devem ficar separados um do outro. Quando não nos relacionamos bem na família, não há como nos relacionar bem no trabalho. E a dificuldade está em não entender isso.

Do lado prático da coisa, a dificuldade está em não ser prático. Só quando somos preparados entendemos a importância na relação humana. Porque ela está ligada aos ambientes em que vivemos e atuamos. Simples pra dedéu. Quando sabemos nos relacionar, não encontramos dificuldade em desenvolver a qualidade no que fazemos; até mesmo nos relacionamentos. E sem um bom relacionamento não há como haver uma boa produção, quer na indústria, no comércio ou em qualquer outra atividade. A relaç&ati
lde;o é mais humana do que profissional. Ainda há quem pense que o relacionamento humano no trabalho enfraquece a autoridade; quando na verdade ela fortalece, porque qualifica o funcionário pelo valor que ele tem no que dá. Quando não dá não tem valor, e se não tem valor prejudica o andamento do grupo. Logo, não serve para formar a equipe. E aí a jiripoca pia.

É a qualidade dos membros do grupo que vai determinar a qualidade do grupo. Logo, não há bom relacionamento quando não há personalidade nos seus membros. E isso se resolve com personalidade e não com arrufos. E já que não recebemos esta educação nas escolas, procuremos formá-la no trabalho. E o começo desse movimento tem que vir da raiz do ensino e não do pódio superior. E é aí que a vaca vai pro brejo. E o capim de lá não é tão fortalecedor assim. Acho que está na hora de se começar a pensar mais firmemente sobre isso. Senão perderemos o ritmo da história. Pense nisso.

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