Opinião

Opiniao 11 08 2018 6731

Empreendedorismo social, que negócio é esse? – Fernando O. Caparica Santos*

Desenvolvimento sustentável é um tema que tem sido discutido com grande ênfase nos últimos anos, graças à cultura de incentivo ao consumo e às limitações impostas por nosso planeta. Em um cenário de revoluções tecnológicas disruptivas e aumento da conscientização coletiva, surge um novo movimento que busca associar o ganho pessoal ao benefício social.

Através do empreendedorismo social ou setor 2.5, empresas são concebidas para promover o desenvolvimento sustentável, gerando lucros enquanto endereçam questões socioambientais. Assim é a Mostra+Sustentável: com o propósito de ser uma ferramenta de transformação social, ela acontece sempre em uma instituição de benemerência, deixando como legado social a revitalização física do prédio, maior visibilidade e incremento na receita financeira. Atende 11 dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável estabelecidos pela ONU para a Agenda 2030 e, ainda assim, é um evento de marketing e educação sobre arquitetura, design e estilo de vida sustentáveis, que busca gerar negócios às empresas e profissionais envolvidos.

A parte mais interessante – e gratificante – do empreendedorismo social é que o sucesso do negócio acontece graças a essa abordagem com um propósito, ao trabalho com causa, ao plano de negócios com valores. No empreendedorismo social, os meios justificam os fins!

A inclusão de mulheres e minorias no setor 2.5 é regra e não exceção: a diversidade, apesar de não facilitar, enriquece o debate para tomada de decisões. Temas como pegada ecológica (abrangendo aqui as pegadas hídricas e energéticas), análise de ciclo de vida e economia circular, estão sempre presentes na cabeça dos empreendedores sociais. Dessa maneira, soaria como hipocrisia falar em sustentabilidade sem pensar em questões como educação e conscientização, acessibilidade e democratização. Por fim, como o negócio social é concebido para endereçar (e não, necessariamente, resolver) um problema social, ambiental ou ambos, ele sempre conta com um número muito maior de stakeholders. Não há empreendedor social que atue só; não há empresa do setor 2.5 que não faça parcerias, muitas parcerias.

De resto, é mais do mesmo: objetivos e metas continuam presentes, a lucratividade permanece fundamental, estratégia e planejamento ainda mais necessários. O grande diferencial é que a realização pessoal e profissional vem decorrente do fortalecimento de nosso habitat – nosso próximo, nosso bairro, nossa cidade, nosso país, nosso planeta. Como habitantes dessa aldeia global, ganhamos o nosso pão e cuidamos do solo que gera o trigo. 

*Empresário e empreendedor, engenheiro eletricista, pós-graduado em administração de empresas e construções sustentáveis, sócio proprietário da Ecotopia Soluções Sustentáveis, empresa organizadora da Mostra+Sustentável e das SustenTalks

Inteligência Emocional em Casa

Marina Madureira Silva de Deus*  Wanderley Gurgel de Almeida**

A Educação dos filhos sempre é uma preocupação dos pais. E responder às perguntas e angústias dos pais nem sempre é uma tarefa fácil. Seria cômodo dizer que basta educar como nossos pais nos educaram, isto é, repetir como “no nosso tempo…” ou educar como gostaria que nossos pais tivessem nos educado, ou ainda seguir um determinado manual ou conselhos de vizinhos e colegas de trabalho, mas não é assim. Então, como educar nossos filhos? O que fazer para estabelecer uma medida certa entre limite e liberdade, entre proteção e super proteção? Como educar os nossos filhos para serem adultos de sucesso e para serem felizes? Enfim, são muitos os dilemas dos pais sobre a educação dos filhos.

É fato que não existe manual sobre educação dos filhos que vá servir para todo pai e para todo tipo de filho e que surtirá o mesmo efeito. Também é fato que as mudanças fazem parte da nossa história e, provavelmente, sempre farão, e que tais transformações afetam os comportamentos e a forma que as pessoas estabelecem relações. Mas, hoje vivemos um momento histórico de transformação, pois a velocidade em que as mudanças estão ocorrendo são, sem dúvidas, diferentes de todas as épocas, estamos em meio a uma revolução das tecnologias digitais, onde a informação está totalmente acessível, instantânea e gratuita, pronta. E segundo a pediatra Evelyn Evelyn Eisenstein (2013), professora e coautora do livro Vivendo esse Mundo Digital (Artmed) a tecnologia está acessível de qualquer smartphone, se tornou popular e atrativa, e os filhos estão imersos nesta revolução digital. De um lado, o pai educando ao seu modo e, do outro, provavelmente, dezenas ou centena de milhares influenciando esta educação positivamente ou negativamente através das mídias digitais e muitas vezes dando a impressão que tudo é permitido.

Não é raro ouvirmos que o “não” é tão importante quanto o “sim” na vida da criança. Que quando o pai diz “não” também está educando o seu filho que existe o limite. Mas, muitas vezes os filhos não lidam bem com o “não”, quando são frustrados, porque não aprenderam a lidar com seus próprios sentimentos, porque a Inteligência Emocional não foi bem desenvolvida. Mas, também não é raro ouvirmos, nos mais diferentes lugares, que muitos pais preenchem o tempo dos filhos com mil e um afazeres. Não obstante, o filho ou filha terá aulas de balé, reforço escolar, natação, psicólogo, terapeuta, etc. Será que mães e pais estão terceirizando a educação familiar? Será que o dinheiro substituirá a influência dos pais sobre os filhos? Será que só ensinar o “não” é o suficiente? Então, como ensinar os filhos a lidar com os seus próprios sentimentos? E o que é inteligência emocional?

John Gottman com Joan DeClaire (1997) em seu livro Inteligência Emocional e a Arte de Educar Nossos Filhos (Objetiva) diz que ter Inteligência emocional significa perceber os sentimentos dos filhos e ser capaz de compreendê-los, tranquilizá-los e guiá-los.

Assim cabe ao pai e a mãe decidir que tipo de pais serão, que identidade construirão. Gottman diz que quando os pais assumem a posição de ensinar o filho a lidar com suas emoções, assumem a posição de preparadores emocionais e são mais bem-sucedidos na arte de educar. E na psicologia entende-se que é tão importante a Educação da Inteligência Emocional quanto a Educação intelectual, pois é tão importante tirar boas notas na escola, como saber lidar com as emoções quando, por exemplo, tirar uma nota baixa. E não saber lidar com as emoções pode causar desajuste social das crianças e adolescentes, estresse, baixa autoestima, intolerância, ansiedade e outros problemas psicológicos. 

Assim, os pais precisam reconhecer que as emoções, alegria, raiva, medo, tristeza, entre outras, fazem parte da personalidade humana, que necessitam ser consideradas, exploradas e analisadas, e quando reprimidas ou bloqueadas, o pai perde uma oportunidade de estabelecer um vínculo afetivo com o filho, de agirem – pai e mãe – como educadores, e a criança ou o adolescente perde uma oportunidade de aprender a lidar com elas e podem passar a estágios mais graves, da alegria à euforia, da raiva à fúria, do medo ao pânico, da tristeza à depressão.

Ser pais nos dias de hoje exige ensinar Inteligência Emocional em casa, onde toda família valorize e reconheça as suas emoçõ
es e a dos outros, aprendam a lidar com elas, que muitas vezes não são ensinadas por medo de que o abraço e o acolhimento sejam confundidos com atitudes homoafetivas, com perda da moral e da autoridade familiar. E este aprendizado impacta diretamente no desenvolvimento da criança e do adolescente, na forma que se relaciona e permite construir um relacionamento mais próximo entre pai e filho.

Talvez, se nos preocuparmos mais com o emocional/afetivo, nossos filhos possam chegar à escola mais autoconfiantes, sensíveis às limitações dos colegas e professores.

Quem sabe assim, não demoremos a diminuir os conflitos em casa e na escola. 

*Graduada em Pedagogia (UERR) e em Letras (IFRR) e Especialista em Mídias na Educação e Produção de Material Didático para Educação à Distância (UFRR); E-mail: [email protected]

**Graduado em Ciências Sociais (UERN), Especialista em Metodologias do Ensino Superior e da Pesquisa Científica (UERN), Mestre Antropologia Social (UFRN) e doutorando em Biociências e Enfermagem (UNIRIO/UFRJ). E-mail: [email protected]

O poder em mudar – Afonso Rodrigues de Oliveira*

“Nenhuma vida é tão difícil que não possa se tornar mais fácil pelo modo como for conduzida.” (Ellen Glasgow)

As dificuldades nos mostram como facilitar. É só termos capacidade de entender o recado. Você nunca vai encontrar uma solução para o problema, pensando nele. Sempre que alguma coisa não estiver dando certo procure ver o que há de errado com você. Você pode estar pensando errado. E sempre erramos quando reagimos às mudanças. Porque se você não mudar você, nada vai mudar pra você. Esteja mudando o tempo todo. Porque é assim que melhoramos. O maior erro que cometemos é o de pensar que somos assim e pronto. Não há evolução sem mudanças. E nós fazemos parte deste mundo em evolução. 

Todos os dias olhe-se no seu espelho interior. É nele que você vê o que e quem você realmente é. Se alguma coisa estiver lhe desagradando ou orgulhando-a no que você vê, cuidado; você pode estar parando. Porque há sempre alguma coisa a mudar em você, hoje: no seu comportamento, na sua postura, em você. Mas cuidado, não vá se iludir com a imagem que seu espelho da parede está lhe mostrando. Você pode se iludir e cair na esparrela de não evoluir. Há sempre algo que precisa mudar, no seu comportamento, quanto a você mesma. 

Aproveite seu fim de semana para uma reflexão sobre sua vida. O que está lhe faltando para você chegar à reta final dos seus planos. Talvez você precise apenas de pequenas mudanças nos seus comportamento e pensamentos. Cuidado com a euforia. Ela pode estar mantendo você no patamar, pelo qual você deveria apenas passar, e não permanecer. E para seguir essa vereda você tem que levar em conta que nunca alcançará o topo, se você for realmente grande. Olhar no horizonte é a melhor caminhada. E você deve estar consciente de que nunca o alcançará. Mas sua grandeza está em persistir e insistir na caminhada. Porque é na caminhada que aprendemos a vencer os obstáculos, mesmo sem saber que estamos estudando na Universidade do Asfalto. Porque é nela que aprendemos realmente a crescer na Educação de que necessitamos para vencer. 

Não importa onde você estará nesse final de semana, mas onde estiver, faça uma reflexão sobre a simplicidade no crescimento. Você nunca crescerá na sofisticação. A simplicidade é o caminho racional para o crescimento na evolução racional. E, acredite, querendo ou não, você é da mesma origem de todos nós, e de cada um de nós. O que indica que somos todos iguais nas diferenças. Quando se sentir superior a alguém, concentre-se nas diferenças entre você e ele. Porque elas não devem preocupar você, porque fazem parte da evolução humana. Pense nisso.

*Articulista [email protected] 99121-1460