Opinião

Opiniao 12 12 2017 5321

O homem que tocava – Walber Aguiar*

A minha gente sofrida despediu-se da dor pra ver a banda passar, cantando coisas de amor.Nara Leão

Estavam todos no coreto, provavelmente falando dos arrepios que a furiosa proporcionava. Também conhecida como quebra resguardo, pela intensidade e grande poder de emocionar, levantar a moral e mexer com as circunstâncias da vida e da morte.

Traziam à memória a morte de muitos músicos, inclusive a do velho lobo, seu Genésio, como era chamado por Raimundo Nonato da Conceição, o canguru.

Ele estava ali, inerte, sem vida, com um estranho sorriso nos lábios. Seu Genésio morreu sem sofrer, viveu como bem entendeu viver e amou a todos que cruzaram seu caminho; Inclusive o inesquecível Dorval de Magalhães, aquele que tinha enorme admiração por meu pai. Aquele que dizia que se todos fossem Genésios, não precisaríamos de polícia nem de justiça. Isso porque o homem do trombone era honrado, respeitado, orgulhoso de nunca ter faltado a um dia de serviço sequer. Daí ter recebido a Comenda dos Pioneiros de Roraima, a medalha da Ordem do Rio Branco, na Assembleia Legislativa do Estado.

Estavam todos ali, reverenciando a figura, o legado histórico do homem que garimpou pedras brutas, transformando cada uma delas em objeto precioso. Ali estava Cleres, a filha dedicada, Creyse, a filha amada, Charles, Genner, Giangleide, Giovama, filha do coração, o clã dos Martins, na figura de Nadir, Paulo, Magno Nádia, nego Amadeu, Necy e Neca.

Um a um, os visitantes, amigos, filhos, como Márcio Henrique, se aproximavam daquela geografia de amor e de saudade. Ângela Portela, visivelmente emocionada, também estava lá, com Fabíola, Cleiuza e Ailton Wanderley. Dos filhos de Iolanda Torreias, José Barbosa Júnior, acenou com o coração miúdo seus mais sinceros sentimentos. Depois Lenize, Moacir e Márcio também o fizeram.

Marcelo Ribeiro, extremamente emocionado, e Rosemberg também estiveram presentes ao evento, juntamente com Adejalmo Abadi, Clarinha, Maria Júlia e Norma. Ali, naquele espaço reservado à morte, a vida escorreu como as águas que caíam do céu, com força e grande assombro. Para minha surpresa, Vivaldo Barbosa, com o coração apertado, também prestou sua última homenagem ao grande maestro da vida, ao músico que tocava os corações empedernidos pela dura realidade.

Estavam todos no coreto quando, de longe, ouviram alguma coisa. E o som foi ficando mais forte, mais intenso, mais emocionante. Era a velha banda de música “Furiosa”, que arrepiava o cabelo da meninada, com aquele som vindo diretamente do coreto celestial, cheio de beleza e grandiosidade.

*Advogado, poeta, professor de filosofia, historiador e membro da Academia Roraimense de Letras. [email protected]

Cadeia para quem não precisa de cadeia – Newton de Oliveira*

Foram divulgados recentemente os novos números sobre a população carcerária no Brasil. Um trabalho em parceria do Ministério da Justiça através do Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias (Infopen) e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

O Brasil superou a Rússia e chegou à desonrosa posição de terceiro lugar do mundo em número de presos. Nessa competição funesta, atualmente, temos o dobro do número de presos em relação ao número de vagas que o sistema comporta. A análise desses números demonstra que temos, em pleno vigor, uma política de encarceramento em massa e o resultado disso é a prova cabal de um sistema penal falido.

É a ruína do direito penal e a implantação na pratica de direito criminal, tendo como corolário um quadro de falência por incompetência das políticas de segurança pública. Assim, se torna uma falácia absoluta afirmar que o sistema penal cumpre com as prerrogativas da Lei de Execuções Penais de ressocializar o apenado. Hoje, as penitenciárias se transformaram em universidades do crime.

Além disso, a premissa de separação das cadeias por gradação dos crimes foi substituída pela alocação do apenado, alocado por facções nos presídios. Essa clivagem visa proteger o preso para que assim haja garantia da vida dele, evitando com que os governos tenham de arcar com as indenizações decorrentes da morte, caso essa separação não fosse feita.

No contexto da aguda crise o Brasil vive e que se espalha por todos os seus quadrantes, a sociedade se embrutece e acaba vendo e vibrando com cada prisão, como se essa pudesse ser o bálsamo que atenuaria o efeito da crise econômica e o aumento da criminalidade.

Por fim, o medo se torna o combustível perfeito, para que se faça como diz o sociólogo L. Wacqant: instala-se a gestão penal da pobreza. E assim contrariando o verso da canção, parodiada: cadeia para quem não precisa de cadeia! *Professor de direito da Faculdade Presbiteriana Mackenzie Rio e ex-subsecretário-geral de segurança do Rio de Janeiro

Cuidar do meio ambiente é obrigação – Marlene de Andrade*

Algumas pessoas não estão nem aí para o meio ambiente, porém a Bíblia nos revela que a terra foi criada por Deus e que Ele a entregou ao homem para governá-la de modo responsável. O ser humano recebeu do Criador um lugar privilegiado entre todas as criaturas, porém Ele ordenou aos homens que exercessem mordomia sobre toda criação e isso fica muito claro quando lemos na Palavra de Deus a seguinte passagem: “E Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todo animal que rasteja pela terra” (Gênesis 1:28).

Nosso planeta não é eterno, pois ele teve um início e um dia terá fim, contudo, isto não nos dá o direito de deixarmos de administrar os bens terrenos com responsabilidade. Assim sendo, enquanto a terra existir e nós também estivermos vivos, temos que respeitar o meio ambiente até que o plano perfeito de Deus se cumpra, quando então Deus criará novos céus e nova terra.

Deus pensou em tudo, pois Ele é extremamente cuidadoso com o planeta terra. Ele determinou, entre outras coisas, que a terra teria que descansar a cada sete anos e isso é corretíssimo, pois é preciso repor os nutrientes do solo, tanto para descansá-lo quanto para garantir o fornecimento contínuo de alimentos no futuro. (Êxodo 23:10-11.)

Portanto, como mordomos, temos o dever de cuidar das coisas que Deus criou de forma responsável. Infelizmente, não é isso que o homem, de uma maneira geral, tem feito, pois não vem administrando a criação de Deus de forma inteligente e racional. Somos obrigados usar os recursos que o Senhor nos deu com muito cuidado, preservando-os e os protegendo com responsabilidade, porém nada disso vem ocorrendo.

Não podemos nos esquecer que somos mordomos, ou seja, zeladores deste imenso patrimônio terrestre e por isso devemos ter um carinho todo especial com o meio ambiente. Deus, o qual é dotado de uma inteligência sem igual, pensou e criou tudo com extrema funcionalidade, todavia o ser humano, de maneira geral, vem acabando com animais, florestas e entre outros, consigo mesmo.

“… a defesa do meio ambiente para nós, cristãos, não é uma questão política, ou utilitária; é uma ordenança divina.” (Marina Silva). Se cada um cuidasse do seu quintal, ou seja, fizesse a sua parte, o mundo ficaria limpo, ou menos poluído.

“sabemos que toda a criação, a um só tempo, geme e suporta angústias até agora.” Romanos 8:22

*Médica Especialista em Medicina do Trabalho/ANAM-AMB

Nenhuma nuvem é negra – Afonso Rodrigues de Oliveira*

“Os otimistas são ingênuos; os pessimistas são amargos. Eu me considero um realista esperançoso”. (Ariano Suassuna)

Como você está se sentindo hoje? Então olhe para frente. Sempre mais à frente. Vá olhando até atingir o horizonte. Não se preocupe com a parede aí na frente. Ela é apenas fisicamente intransponível. Olhe de través dela. Você pode. Pelo menos duas conclusões você tirou: uma é a de que você pode ver através das paredes quando olha para o futuro; outra é que ninguém consegue olhar para frente sem levantar a cabeça. Quanto mais longe você quiser ver, mais alto terá que erguer a cabeça.

Mantenha sempre seu olhar no horizonte porque é lá que está o seu futuro. Nunca baixe a cabeça diante do problema. Se você baixar a cabeça diante do problema, vai baixá-la sempre que surgir outro problema, mesmo que ele seja insignificante. E os probleminhas irão transformar você num farrapo humano. Sabia que há muitos farrapos humanos andando por aí, muito bem vestidos? Olhe sempre para o céu. Mas não fique procurando anjinhos de asas prateadas. Você não vai encontrá-los e voltará a olhar para o bico do sapato. Aí a jiripoca pia. Esse exercício irá revelar coisas interessantes, para as quais você nunca deu atenção, apesar de elas estarem aí, sempre do seu lado. As belezas do mundo sempre estão ao seu alcance e você não as vê. E por isso fica emburrado.

Fica difícil pra dedéu, alguém não se aborrecer com uma nuvem que está ameaçando chuva. Observe que eu disse ameaçando, quando poderia dizer indicando; embora nós, citadinos, estejamos sempre necessitando de chuva para a nossa sobrevivência. E sempre vemos a nuvem carregada, como uma ameaça. Quantas vezes você já não chegou à janela e exclamou para os da família: “Ihh… tem nuvem negra, negra, ameaçando chuva”.

A verdade é que vivemos num mundo conservado por nós, à nossa maneira. Um mundo particular onde nos sentimos à vontade para usar um linguajar peculiar e irreal. E o que fazemos, na verdade, é repetir velhos costumes impostos. E todos de cunho negativo e arraigados que fazem parte da nossa cultura universal. Somos todos assim. Somos todos iguais em qualquer parte do mundo. O importante é que mudemos para melhor.

Você é uma pessoa exatamente igual a todas as outras. E é exatamente isso que vai fazer de você uma pessoa única, se você acreditar na sua auto-superioridade. É só você estar sempre se superando a todo momento. Não veja a nuvem escura como ameaça, mas como alívio. Mude sua forma de ver as coisas e começará a ver um mundo melhor. E as gotículas em forma de chuva refrescarão sua alma. Pense nisso.

*[email protected]