Opinião

Opiniao 16 02 2018 5656

Conhecimento das culturas – Vera Sábio*

Ler o que os outros escrevem serve entre muitas coisas, para ajudar a construir o próprio texto.

Às vezes e são poucas vezes, me sinto inspirada a escrever sobre algo, que nem sei bem o porquê, esta ideia me veio à cabeça e pronto, o texto flui tão bem, que sempre sou eu que primeiro gosto do que escrevo.

Mas hoje foi um pouco diferente, lendo as Opiniões da Folha, vi algo, que ao começar a ler, parecia meio inútil; mas ao se desenrolar, me fez refletir sobre minha experiência.

Acredito que primeiro a gente confia no outro para depois conhecê-lo; o que vai muito além de nossas suposições, nossos prejulgamentos, nosso senso de certo e errado. No entanto quando estamos abertos a confiar no outro e deixar que o outro confie em nós. Surge a grande possibilidade de conhecermos algo diferente do que imaginávamos.

Estava viajando de ônibus para Manaus e tive uma noite quase toda para conhecer o que não supunha ser a cultura islâmica. Claro que foi pouco e pode ter outras vertentes; porém meu enorme preconceito sobre a religião mulçumana foi em grande parte decepada.

Quando fiquei sabendo que o senhor que estava viajando ao meu lado era mulçumano, me veio na mente um homem bomba e, quase que, se ele não se explicasse rápido, eu já estaria pedindo a Deus um bom lugar no paraíso.

Todavia este senhor, com seus esclarecimentos, foi dizendo que infelizmente havia muitos doidos e fanáticos em sua religião. Que Maomé escreveu o Alcorão alguns anos depois de Cristo. Que Maomé era o último profeta e que acreditavam em Jesus Cristo como um grande profeta do bem. Inclusive, que no fim dos tempos viria à terra Maomé junto com Jesus Cristo para separar os bons dos maus. Que era loucura e fanatismo dizer que no céu havia muitas virgens, esperando por quem morresse em nome da religião, que os bons mulçumanos eram contra os homens-bombas e não queriam estas mortes sem sentido. Até me disse como acreditavam no nascimento de Jesus vindo de uma virgem e que consideravam poucas Santas, mas entre elas a principal era a Virgem Maria.

Enfim, para mim, mudei o conceito e acredito que entre o joio, sempre temos trigo bom, em qualquer campo.

Religião, seja ela qual for, vem de religamento e nenhuma pessoa viva ainda conseguiu se religar a Deus, todos vivemos esta caminhada. Por isso, antes de julgar, tente conhecer, estude a respeito e não coloquem todas as pessoas de uma denominação, de uma origem, de determinada características, na mesma saca, correndo o risco de jogar no lixo, muitas coisas boas que cada um trás o íntimo.

*Psicóloga, palestrante, servidora pública, escritora, esposa, mãe e cega com grande visão internaCRP: 20/04509e-mail: [email protected]

A escola e os reflexos da violência contra a mulher no Brasil – Adriana Ferreira Serafim de Oliveira*

A violência contra a mulher no Brasil recebeu influências do poder simbólico masculino exercido nas sociedades, de maneira que a cultura da sociedade estrangulava as manifestações contrárias à consideração de normalidade desse fenômeno. As reações a este entendimento iniciaram-se nos movimentos feministas a partir de meados do século XIX e proporcionaram conquistas às mulheres em termos de legislação e implementação de políticas públicas para o enfrentamento da violência de gênero e doméstica.

As tutelas oferecidas pela legislação brasileira no combate à violência de gênero e doméstica receberam inspirações dos tratados internacionais de erradicação da violência contra as mulheres e com referência aos direitos humanos. A Lei nº 11340/2006 conhecida como “Lei Maria da Penha” criou mecanismos para coibir esse tipo de violência, nos termos da Constituição Federal de 1988. O mesmo diploma legal dispõe a respeito da igualdade de gêneros, onde considera que toda mulher é detentora dos direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sendo-lhe asseguradas as oportunidades e facilidades para viver sem violência, preservando sua saúde física e mental, como também seu aperfeiçoamento moral, intelectual e social.

O Brasil conta com a elaboração e a implementação de políticas públicas para o enfrentamento desse tipo de violência; são serviços especializados, tais como: o disque denúncia, onde qualquer indivíduo pode denunciar uma situação de violência de gênero ou doméstica; as Delegacias de Polícia para Mulheres, para que as mulheres e sua prole sejam atendidas para as providências criminais a respeito da violência que sofreram; os Centros de Referência para a Mulher, onde os envolvidos em situação de violência irão receber atendimento social, encaminhamento e orientação quanto às providências que devem ser tomadas em cada caso; os Juizados Especializados, os quais contam com funcionários e juízes de direito para julgarem os crimes ocorridos contra as mulheres, sendo que os procedimentos são céleres e as Casas-abrigo, em casos que a vítima deve ser afastada de seu lar, o que geralmente ocorre com a acolhida da mulher e seus filhos.

A violência doméstica está presente na sociedade há gerações e conforme a sociedade brasileira sofreu transformações, o papel da mulher foi transitando dentro das sociedades e as crianças e os adolescentes receberam as tutelas aos seus direitos, deixando de serem vistos apenas pela ótica do pátrio poder, mas como o ser humano formador da sociedade futura, o qual deve ter garantido seus direitos para que as suas capacidades humanas floresçam.

Crianças e adolescentes envolvidos em contexto de violência doméstica, muitas vezes derivadas da violência de gênero que sua genitora sofre, podem apresentar comportamentos agressivos ou dispersivos nas atividades escolares. A escola, por sua vez, enquanto instituição desempenha um papel na manutenção das verdades e posturas sedimentadas ao longo do tempo, pois os jovens significam-se neste espaço. Nas práticas cotidianas, a escola referenda modelos, conceitos, preconceitos e os conflitos ocorrem quando o diferente é apresentado e o esforço para a sedimentação é proporcional ao potencial de transformação apresentado.

A violência escolar, ao invés de ser entendida e analisada para haver uma ação de transformação, tendeu e ainda tende a ser sufocada e passível de atitudes apenas punitivas, em que pese o drama pessoal de cada aluno, mesmo que seja a vivência de conflitos de violência no seio familiar, a unificação conforme ensina Marilena Chauí (1998) deve ser buscada, pois é essa união da diversidade que irá possibilitar que esse estudante transponha a barreira do círculo vicioso de violência, coloque-se aquém do mesmo, observe sua dinâmica e possa promover escolhas conscientes.

Uma explicação palpável encontra-se no discurso de Chauí (1998) quanto às desigualdades, onde uma das práticas mais importantes da política democrática consiste justamente em propiciar ações capazes de unificar a dispersão e a particularidade das carências em interesses comuns e, graças a essa generalidade, fazê-las alcançar a esfera universal dos direitos. A autora considera ainda que, privilégios e carências determinam a desigualdades em todas as esferas da sociedade, inclusive em âmbito escolar.

Essa conclusão em relação aos reflexos da violência doméstica nas escolas pode proporcionar que crianças em dispersão dos desígnios escolares sejam alcançadas pela unificação e alcance os saberes e a formação, o que é congruente com a procedibilidade dos direitos universais. Essa unificação somada com a capacidade de professores e gestores identificarem jovens em contexto de violência em suas famílias pode possibilitar que essas crianças e adolescentes deem novo significado as suas vivências, rompendo o paradigma de que a violência é componente natural da vida.

*Doutoranda em Educação pela Unesp de Rio Claro, mestre em Direito e professora.

Você decide – Afonso Rodrigues de Oliveira*

“Nada tem poder sobre mim além daquilo que permito por meio dos meus pensamentos conscientes”. (Anthony Robbins)

No dia em que você acreditar nisso, isso é o que vai prevalecer pra você; no dia em que você acreditar no poder que você tem no seu subconsciente. A partir daí você não precisará mais ficar correndo atrás do que você quer. Tudo o que você precisa, e quer, está dentro de você. A Bíblia lhe diz: “O reino de Deus está dentro de nós”. Mas não é bastante só acreditar nela; tem que acreditar nela e em você. Relaxa. A tensão é irmã gêmea da hipertensão. As duas não são doença, mas podem levar você à doença se você não for suficientemente esperto. E é fácil pra dedéu ser esperto.

É só não se deixar abater e acreditar que nenhum problema é mais forte, nem mais poderoso, do que você. Fale menos e pense mais. Aja mais. É com ação que você vai dominar os problemas e encontrar a solução. Creia nisso e tudo se tornará mais leve. Estou apostando que vou perder essa aposta. Mas aposto que você está pensando que estou divagando. Acreditar nisso pode levar você à divagação. Corta essa.

A vida só é ruim para quem não sabe viver. Esta é uma assertiva da Cultura Racional. É com o que ela nos diz para que procuremos a lapidação racional. E só podemos nos lapidar lapidando nossos pensamentos e, sobretudo nossas ações. Nunca perca seu tempo com coisas nem pensamentos que não lhe tragam crescimento. E o crescimento espiritual é o caminho mais viável e direto a todos os crescimentos. Você nunca será uma pessoa rica se não for rica no que pensa. E se é assim, por que ficar perdendo tempo com pensamentos pobres e medíocres? Pessoas com espírito elevado não perdem tempo com aborrecimentos; não têm tempo para eles. Destrave-se.

Não se esqueça de que estamos vivendo, atualmente, a vigésima primeira eternidade. Num eterno e incansável ir e vir. Imagine como se mede uma eternidade e quantos dilúvios já sofremos de lá para cá. Estamos num estágio da vida que já não justificaria aborrecimentos. Como não justifica não sermos capazes de encará-los. De ainda sermos reféns do nosso atraso mental. Valorize-se em você e tudo correrá bem para você. E se correr bem pra você, correrá bem para a humanidade. Os positivistas dizem, e eu concordo, que só faz parte da humanidade, os seres humanos que, consciente ou inconscientemente, colaboram para o desenvolvimento da humanidade. Faça sua parte. Você pode se acreditar que pode. Acredite acreditando em você e no seu potencial. E seu potencial está nos seus pensamentos. É com eles que você pode, e vai, alcançar o patamar desejado. Pense nisso.

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