Opinião

Opiniao 17 07 2018 6587

As luzes continuam acesas – Walber Aguiar*

“Há tanto amor para tão pouca vida” (Camões)

Eram dias frios de inverno. Dias de copa do mundo e de festejar mais um ano da ainda jovem Boa Vista, a cidade que nos emprenhou, que nos pariu, que nos sustenta e que por muitos é saqueada. Também eram dias de Maria Augusta, a nossa querida Guga, carinhosamente chamada pelos mais íntimos.

Ora, Guga era multimidiática. Cantava, escrevia, tocava piano, declamava, era Juíza de paz, professora de datilografia e detentora de outros títulos e encargos. Fazia parte da Academia Roraimense de Letras, uma confraria de escritores do quilate de Adair Santos e Dorval de Magalhães, pra quem a mesma dedicou um texto intitulado “as luzes estão acesas”, por ocasião da exposição feita na casa do presidente “ad eternum” da academia. 

Maria Augusta foi, por muito tempo, minha vizinha de fundo de quintal. Eu, menino, balando passarinhos e ela, já ciosa no cuidado com a natureza. Mas nos entendíamos bem, pois, com o tempo aprendi que passarinho serve pra cantar e alegrar nossas manhãs, quando a vida ameaça nos tragar diante da angústia das tardes de terça ou das noites de domingo. Paulo e Janira também estavam lá, na silenciosa casa da Capitão Júlio Bezerra, fazendo companhia para o anjo que cantava, poetizava e casava gente, no tempo que casamento era coisa séria e duradoura, no tempo que o amor era muito mais fácil e consistente.

Não cheguei a frequentar suas aulas de datilografia, pois aprendi tal arte com seu Genésio, a quem devo até hoje a ligeireza nos dedos e a arte de escrever com graça e leveza. Mas, Guga, amiga de Alcides Lima e de uma penca de gente, estava sempre disposta a animar a qualquer um que com ela tivesse contato. Escrevia belos poemas e cantava músicas antigas e atuais, mas sempre com um repertório de bom gosto, não dessa agonia que invadiu quase todos os veículos de comunicação, principalmente as rádios.

Guga também fez parte do Conselho de Cultura, colegiado responsável por filtrar a cultura em Roraima, como órgão consultivo, deliberativo e de execução de planos e projetos. Mas nunca se ateve à burocracia das instituições por onde passou. Isso porque, era pássaro sem gaiola, Flor Bela que a ninguém espancava, Pessoa que roçava a língua na língua portuguesa, descortinando as mais belas letras que se podia ler e ouvir.

Descanse em paz, Guga. Um dia tomaremos um chá com biscoitos sob as frondosas mangueiras do infinito, e lembraremos da tarde em que tomamos um chá com biscoitos em sua sala, no Pricumã. 

*Poeta, professor de filosofia, historiador, membro do Conselho de Cultura, advogado e membro da Academia Roraimense de Letras. E-mail: [email protected]

A ressurreição de Jesus não é uma utopia – Marlene de Andrade*

“Tendo-os levado até as proximidades de Betânia, Jesus ergueu as mãos e os abençoou. Estando ainda a abençoá-los, ele os deixou e foi elevado ao céu.” (Lucas 24: 50 e 51).

Não há dúvidas de que Jesus morreu na cruz, mas ao terceiro dia ressuscitou. No dia da Ascenção de Jesus mais de 500 pessoas O viram ascendendo aos céus e isso não é lenda. Nesse viés, podemos analisar os seguintes fatos? Que líder deste mundo é lembrado a não ser Jesus? Maomé? Mahatma Gandhi? Quem dividiu o tempo em antes e depois de Cristo? Evidentemente, que só Jesus. E por quê? Obviamente porque Jesus é o próprio Deus encarnado. Que líder tem a data de seu nascimento, morte e ressurreição lembradas, a não ser Jesus?

E tem mais: A Guarda Romana, a qual tomava conta do sepulcro de Jesus era muito severa. A ordem dos líderes de Jerusalém era para que o Corpo de Jesus não fosse roubado, entretanto essa guarda não foi capaz de impedir que Jesus ressuscitasse e saísse do sepulcro com a maior tranquilidade e olha que se isso acontecesse, ou seja, se o Corpo de Jesus sumisse do sepulcro, o castigo para Guarda Romana era muito severo. Vejam o que a revista Vida Natural publicou: “… Nem… judeus nem… romanos, que guardavam o túmulo (de Jesus) poderiam ter levado o seu corpo. Ao contrário, ambos tinham motivos de sobra para exibir o corpo em público humilhando assim os discípulos e destruindo seu incipiente movimento… Se os judeus tivessem escondido o corpo, certamente eles o teriam exibido no Dia de Pentecostes quando toda a Jerusalém estava em polvorosa por causa do sermão de Pedro sobre a ressurreição de Cristo… O explosivo crescimento da Igreja é uma forte evidência da ressurreição de Cristo…”.

O delírio e as alucinações entre a população mundial não são comuns e se a pessoa estiver intoxicada por drogas pode ter alucinações, percebendo algo que não existe objetivamente, contudo, naquela região a droga usada era o álcool, o qual traz alucinações sim, todavia as pessoas veem coisas pequenas se movimentando como, por exemplo, insetos e Jesus não era e nem é um inseto. Além do mais, o etilista crônico apresenta icterícia, edema, tremores constantes, delírios, ou seja, ideias erradas acerca da realidade, alucinações que é a percepção através dos cinco sentidos de algo que não existe, cirrose, psicoses, hemorragia gástrica, câncer, inflamação do pâncreas e esse quadro clínico não era o caso daquelas mais de 500 pessoas que estavam presentes no dia que Jesus subiu aos céus, pois em meio a tanta gente não seria possível todos serem alcoólicos com quadro de alucinações visuais.   *Médica Especialista em Medicina do Trabalho/ANAMT; CRM/RR-339 RQE339

Todos nos expiamos – Afonso Rodrigues de Oliveira*

“Nesta vida, os erros e as ignorâncias expiam-se como se fossem crimes”. (Armando Palacio Valdés)

As ignorâncias geralmente levam aos erros. E é nos erros que nos expiamos como se fossemos criminosos de nós mesmos. E como nos enganam, dizendo-nos que somos livres, tendemos a culpar os outros pelos nossos erros. Você pode estar fazendo isso quando vai para as ruas gritar e espernear contra os políticos que você mesmo pôs no poder. E se foi assim, o erro foi seu e não é do mau político. Ele está no poder porque você o pôs lá. E só há uma maneira de você se livrar dele: é você se educando, politicamente, para saber escolher os seus representantes no poder público. E fim de papo.

A política tem infinitas veredas. Mas, mesmo parecendo imorais, não o são. São caminhos que fazem com que o político, realmente político, saiba driblar as dificuldades políticas, mas sem prejuízos. E ainda não nos ensinaram que nem todos os que estão na política são políticos. E você os manda pra lá mesmo sabendo disso. Não é à toa que temos na nossa política, “políticos” que forem examinados, antes de assumirem o poder, para mostrar se eram, ou não, analfabetos. Quer coisa mais ridícula?

Não tente se expiar, mas reflita sobre isso. Todos os desmandos dentro do poder público é resultado da ignorância política dos eleitores. Vou repetir, pelo menos mais uma vez, a advertência do ministro Joaquim Barbosa: “Somos o único caso de democracia que os condenados por corrupção legislam contra os juízes que os condenaram”. Você conhece algum caso assim, por aqui? Então, corrija-se e seja mais responsável com o seu voto nas próximas eleições. Na verdade precisamos dar uma varredura na política que não é nossa, mas a mantemos. 

A
responsabilidade pela má política que temos é nossa, na nossa ignorância política. Ainda vivemos no lamaçal da política da submissão. Ainda não somos capazes de entender que os políticos são os administradores do poder público. Eles são eleitos para administrar o que é nosso. Ainda não nos ensinaram, nas escolas, que os prédios públicos não são do governo, são do público. E o público somos nós, eleitores, ainda apenas chamados de cidadãos. 

Em vez de torcer o nariz com esse papo, reflita sobre ele. Mesmo que você continue gritando pelos direitos que você nem sabe quais são, reflita. A culpa pelas vergonhas que estamos vivendo não é dos políticos, mas nossa. Nós os acolhemos, aplaudimos e os elegemos. Logo somos responsáveis pelos desmandos. Então, vamos acordar Zé. Vamos nos educar, já que não nos educam. Afinal, temos esse poder. Pense nisso.

*Articulista [email protected] 99121-1460