Opinião

Opiniao 20 01 2017 3546

A profissão farmacêutica evoluiu em Roraima? – Erlandson Uchôa Lacerda*Para falar da evolução da profissão farmacêutica no estado de Roraima precisamos de uma breve retrospectiva nos anais da história do Estado. Ao longo dos 13 anos que resido e trabalho aqui, pude ver o quanto a nossa profissão farmacêutica evoluiu. Lembro bem que não tínhamos Conselho de classe, mas uma secretaria vinculada ao CRF/AM que funcionava numa pequena casa alugada.

 A fiscalização ocorria de forma precária e as questões administrativas dependiam do CRF/AM. Nas drogarias dificilmente contávamos com a presença do profissional farmacêutico. Os postos de saúde possuíam farmácias que eram geridas por outros profissionais e não tinham farmacêutico. Para se fazer cursos de pós-graduação era preciso viajar para outro estado. A atuação do farmacêutico era bem restrita, inclusive, no âmbito hospitalar. Existiam farmacêuticos empreendedores que se destacaram na área laboratorial, porém em quantidade bem inferior a realidade que se apresenta hoje.

 Para se constatar tamanha evolução basta vermos que em 2010 conseguimos implantar o CRF/RR e hoje, graças ao incentivo financeiro do Conselho Federal de Farmácia (CFF) e ao trabalho do CRF/RR, contamos com sede própria e veículo – o que permite fiscalizar todo o estado e garantir à população a prestação de serviços farmacêuticos, além de resguardar as áreas de atuação do profissional farmacêutico. Nas drogarias e em várias outras empresas, como por exemplo distribuidoras, a presença do farmacêutico já se tornou realidade

O número de profissionais farmacêuticos empreendedores aumentou sensivelmente no que diz respeito a várias empresas de propriedade de profissional farmacêutico. Os postos de saúde de Boa Vista contam com profissional farmacêutico sendo que, inclusive, aprovamos a lei municipal que insere o farmacêutico na equipe da ESF em Boa Vista, fato que pôs nossa capital em destaque nacional. Os municípios do interior também apresentam melhorias na assistência farmacêutica de forma a garantir a prestação de serviços farmacêuticos à população.

 A dificuldade de cursar a especialização ou aperfeiçoamento já não é empecilho para os farmacêuticos de Roraima, trouxemos vários cursos de pós-graduação ao estado e o sistema CFF/CRF tem oferecido várias capacitações, eventos e palestras para a categoria, fatos estes que contribuíram para caracterizar Roraima como um dos estados que proporcionalmente tem mais profissionais farmacêuticos pós-graduados do Brasil.

Por fim ressalto a grande ampliação da área de atuação que a profissão tem experimentado através de resoluções editadas pelo CFF, dentre as quais destaco as resoluções 585/13 e 586/13 que tratam da farmácia clínica e da prescrição farmacêutica, além da resolução 573/13 que traz no escopo a atuação do farmacêutico na saúde estética. Essa ampliação traz grandes avanços e já temos reflexos no estado de Roraima como, por exemplo, a aprovação da lei municipal em Caroebe que cria o programa farmacêutico da família.

Finalizo essa breve retrospectiva enfatizando que o farmacêutico é um profissional indispensável para a saúde pública e a população só ganha com a presença, portanto parabenizo a todos os profissionais farmacêuticos que labutam diuturnamente em nosso estado e também a população roraimense que pode contar cada vez mais com serviços farmacêuticos de qualidade e eficiência.

*Doutorando em Saúde Pública, especialista em Farmacologia do Sistema Nervoso Central, conselheiro Federal de Farmácia e farmacêutico (95) 98111-8839               ———————————-Três grandes desafios sindicais para 2017 – Clemente Ganz Lúcio*A situação atual do país e a prospecção para 2017 indicam que o grau de adversidade continuará muito elevado, com possibilidades reais de mais um ano com recessão, crise política acentuada e conflitos institucionais graves.

O planejamento do Dieese para 2017 procura responder a este cenário, indicando três grandes prioridades para a atuação no campo de unidade de ação das Centrais Sindicais.

Primeiro, a centralidade do emprego na luta sindical, seja porque é condição para a vida econômica, seja porque o salário é mobilizador da demanda pelo consumo, animador da atividade produtiva das empresas e da capacidade fiscal pela arrecadação tributária. A segunda prioridade deve ser o enfrentamento das profundas transformações – e regressões – que as medidas de ajuste fiscal e reformas previdenciárias farão no sistema de seguridade social brasileiro, que materializa o pacto social firmado na Constituição de 1988. Este pacto, além de dar base para a inclusão e proteção social, confere capacidade distributiva capaz de dinamizar o consumo das famílias, especialmente nos territórios mais pobres. A terceira prioridade será a defesa da proteção trabalhista, orientada pela base legislativa que confere o patamar civilizatório do direito coletivo, fortemente mobilizadora da capacidade de negociação coletiva para enfrentar e dar tratamento aos conflitos laborais desde o local de trabalho, com acordos coletivos nacionais e setoriais. A regulamentação de questões como a terceirização, a proteção à saúde e segurança no trabalho, as novas formas de ocupação que se multiplicam no setor de serviços e que também invadem a indústria, o comercio e o trabalho no campo, deve considerar a qualidade do emprego e das relações de trabalho. Essas três prioridades, (a) emprego, crescimento econômico e reestruturação produtiva, (b) previdência e seguridade social, (c) legislação trabalhista e negociação coletiva orientarão o trabalho do DIEESE para subsidiar o movimento sindical para as grandes lutas em 2017.

*Sociólogo, diretor técnico do DIEESE, membro do CDES – Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social e do Grupo Reindustrialização———————————–

Por que é tão difícil? – Afonso Rodrigues de Oliveira*“Se os governadores não construírem escolas, em 20 anos faltará dinheiro para construir presídios”. (Darcy Ribeiro)Taí um assunto que não teria se tornado problema se os administradores públicos tivessem sido inteligentes, e ouvido os inteligentes que os advertiram. E o Darcy Ribeiro falou isso em 1982. Os 20 anos já se passaram e os resultados estão aí. Há cerca de três séculos, Napoleão Bonaparte também disse que deveríamos construir mais escolas para não termos que construir tantos presídios. Simples pra dedéu. Tão simples que os governantes não entendem. Pelo menos pelo que temos ouvido, deles, ultimamente, sobre os absurdos que estão acontecendo na desordem social.

Construir educação não significa somente construir prédios para escolas. Precisamos ter um alicerce forte na Educação para poder educar. E não temos. Nossa Educação vem afundando no lamaçal da ignorância há muitas décadas. Lembra-se de quando foi retirada, da grade escolar, a matéria, Educação Moral e Cívica? Por que a tiraram do ensino? Foi na mesmo época em que foi eliminado o ato de hastear a bandeira antes das aulas. E isso porque os alunos estavam se sentindo constrangidos com um evento, para eles, obsoleto.

Ainda na década dos sessentas, um intelectual brasileiro fez uma campanha, pela televisão, para mudar a letra do Hino Nacional Brasileiro. E a alegação do cara era que a letra do hino era clássica e os jovens tinham dificuldade em entender. E o pior é que o “gênio”, autor da matéria foi aplaudido pelos meios de comunicação. Acredite, mas é verdade. Eu assisti a tudo. E pelo que estamos vendo, já há um início de movimento, provavelmente influenciado pelo arrufo do futebol, sugerindo que se reduza a letra do nosso Hino. E isso porque não há tempo suficiente para cantá-lo todo, sem atrapalhar o tempo do jogo.

Se prestarmos mais atenção ao que está acontecendo, e às sugestões vindas das autoridades, para eliminar o problema, vamos nos cuidar. Mesmo porque precisamos de muita eficiência e capacidade políticas para resolver a questão. E onde as iremos encontrar? E o problema é nosso. Enquanto não nos valorizarmos como cidadãos não seremos cidadãos. Continuaremos elegendo ladrões e criminosos em todos os níveis da nossa política, que anda em frangalhos. Vamos fazer nossa parte educando-nos a nós mesmo, porque ninguém vai fazer isso por nós. E nós continuaremos com políticos nas cadeias, o que é vexatório e não nos causa vexame. Apenas rimos e repetimos. Quem somos nós, e o que somos em nós? Vamos nos descobrir e nos valorizarmos com dignidade e respeito. Pense nisso.

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