Opinião

Opiniao 23 04 2018 6062

O drama continua…

Tom Zé Albuquerque*

O ano de 2018 é de eleições para inúmeros cargos, e pelo que temos visto a sociedade brasileira está atordoada com o que virá, pelas ocorrências dos últimos anos e pelo desenrolar do dia a dia. O Brasil parece um depósito de estivas, antigo e abandonado, que quanto mais se mexe, quanto mais se vasculha mais predadores surgem.

Os crimes de corrupção no país são sistêmicos, endêmicos e não se resumem a um ou outro partido político. Aliás, o lastro da farra com os recursos públicos tem nascido justamente nas plataformas políticas. O país do Big Brother está nas mãos de Ministros, com eles e através deles acatamos, recolhidos e inermes, sobre o que vai acontecer no país; a repercussão das suas decisões gera um efeito bombástico, especialmente do ponto de vista moral. Sabemos exatamente quem deles têm posicionamento lateralizado em face da polaridade estampada. A Suprema Corte deveria se recolher, a discrição tinha que ser algo intocável. Mas alguns Ministros se regozijam com o assédio midiático. Em qualquer país sério o último e mais alto patamar jurídico é dotado de imparcialidade, coerência, prudência e extrema reserva.

Na nação que briga por futebol, mas se acovarda na corrupção, político ladrão não deve estar na cadeia porque quando esteve no poder expandiu programa de distribuição de comida, ou beneficiou a desordem, ou alimentou a improbidade visando acolher grupos fiéis. As compensações públicas desvirtuadas jamais deveriam se sobrepor ao que é legal, moral e ético. No país do funk, pilantra do colarinho branco não pode ser algemado porque os “direitos humanos” entendem que isso atenta contra a dignidade humana. Como se não melindrar patifes fosse mais importante que os hediondos crimes causados contra a sociedade pelos próprios.

Os direitos coletivos deveriam estar sempre à frente e acima de qualquer ensejo individualizado. O enriquecimento ilícito tem sido naturalizado e a impunidade reina, seja por entendimentos desvairados, seja pelas prescrições processuais que retardam (não sabemos se dolosamente ou não) e que imunizam mais ainda a ala marota das facções políticas que usurpam o país. E o tragicômico é ver manifestos de pessoas contra a punição de crápulas que comprovadamente alimentam a delinquência e o banditismo desenfreado brasileiro. Como dizia o literário Castiglione: “Perdoando demasiadamente aos que cometem faltas, fazemos uma injustiça contra os que não as cometem”.

A condenação pelos crimes no Brasil é algo patético. De nada adianta punir o meliante em 30, 80, 100 anos se com 12 anos, no máximo, está o calhorda nas ruas, lépido e fogoso. O pilantra pode passar a vida se locupletando do que restou do suor das pessoas (principalmente aquelas de baixa renda) para que, na velhice, se “aprisione” em sua mansão, com todo exagero, luxo e pompa resultantes da própria corrupção. Tem contradição mais brutal? Tem injustiça maior?

*Administrador

 

Quem mira no sol?

Vera Sábio*

Somos humanos, animais racionais, livres, conscientes e responsáveis pelos nossos atos. Então porque erramos tanto e teimamos nos mesmos erros, o que é pior ainda?

As plantas e os animais procuram o sol e precisam da luz. No caso das plantas, elas crescem, mirando-se em direção do sol. O que significa uma inteligência nata, muito superior a nossa.

Já nós, detentores de escolhas próprias e pensantes para isto, por vezes não avançamos no rumo da luz e preferimos o lado obscuro da vida. Somos fracos na fé, indecisos nas escolhas e sutis no caráter. Pouca aparência nos ilude e facilidade nos atrai, fazendo com que acreditemos no que e em quem mais nos fornecer vantagens.

Com isto são poucos os que conseguem mirar no sol, preferir ser ofuscado pela claridade da verdade ao invés de viver a vida toda na sombra do comodismo. Mudar não é fácil, mudar é doloroso e é preciso ter muita coragem e determinação para aceitar as perdas e refazer o futuro. Todavia, mudar é extremamente necessário para que consigamos ter esperanças e visualizar um amanhã melhor.

Cada dia não pode ser o mesmo de ontem se quisermos ir em frente. Assim abandone qualquer crença do passado e acredite primeiramente em você mesmo, como alguém que fará a diferença.

Não coloque mais a responsabilidade no outro e realize com verdade, luz e determinação, o que você pode e deve fazer. Só cada um tem condições de pôr seus próprios limites e por isto mire no sol, pois se você errar ainda assim estará entre as estrelas.

*Psicóloga, palestrante, servidora pública, escritora, esposa, mãe e cega com grande visão interna.CRP: 20/04509www.enxergandocomosdedos.blogspot.com.br

Como digo o que digo

Afonso Rodrigues de Oliveira*

“Você pode lidar com pessoas, com o maior sucesso, se respeitar seus sentimentos mais do que apelar para sua razão”. (Paulo Parker)

Nunca aconteceu de você dizer alguma coisa para alguém com intenção de agradá-lo e acabar ofendendo-o? Isso é muito comum, mesmo a pessoa ofendida não demonstrando. Não se aborreça. Procure ver onde você errou e evite a repetição. Não tente se desculpar porque é a maior furada da paróquia. Se você é um vendedor já deve ter vivido isso. Não sei se você já leu, e se não leu leia, algo sobre isso, porque mesmo você não sabendo ser, você é um vendedor. Todos nós, indistintamente, somos vendedores. Vivemos a vida toda vendendo alguma coisa mesmo sem ganhar nada com isso. Ou mais precisamente, ganhando sem saber. Você não usa sua gravata sem a intensão de vender sua imagem de pessoa importante. O que já é um erro crasso. Você está valorizando mais sua gravata do que você mesmo.

Tenho um exemplo fantástico de como tem importância o que você diz, dependendo de como e a quem você diz. Aquela mulher entrou na loja pra comprar um par de sapatos. Sem conseguir encontrar um sapato que servisse pra ela, o vendedor desistiu de procurar e falou: – Lamento muito, minha senhora, mas não vai ser possível. Seu pé esquerdo é bem mais largo do que o direito.

A mulher irritou-se, levantou-se e afastou-se. Mas antes que ela saísse da loja o gerente convenceu-a a voltar. Ele a atendeu e logo lhe vendeu um par de sapatos. O vendedor impressionou-se e procurou saber como o gerente tinha conseguido aquilo, uma vez que o gerente falara para a senhora o mesmo que ele falara. E o gerente respondeu:

– Não senhor. Eu disse pra ela que o pé direito dela era um pouquinho menor do que o esquerdo.

Deu pra sacar a diferença? E se você lida com vendas, cuidado com o que diz quando se refere ao cliente. Nem sempre somos capazes de agir focados nos sentimentos e acabamos esperando resultados na razão. E nem sempre percebemos onde erramos e acabamos jogando a culpa para a pessoa ofendida, considerando-a tola. Mas esteja sempre atento. Mesmo que não sejamos vendedores, somos vendedores. E como você está sempre vendendo sua imagem, procure ser um bom vendedor. O que realmente faz de você uma pessoa importante não é sua gravata nem seu vestido elegante. A elegância está no comportamento, e a importância está em você ser e se saber importante. E só somos importantes quando sabemos respeitar a importância das outras pessoas. Somos um espelho para elas. Depende de como as refletimos no que elas veem. Pense nisso.

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