Opinião

Opiniao 24 08 2017 4641

E o salário, oh! – Flamarion Portela*A notícia de que o governo de Michel Temer (PMDB) quer uma redução de R$ 10 sobre o salário mínimo dos brasileiros para o próximo ano deixou muita gente indignada. A projeção inicial para 2018, de acordo com a LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias), que foi aprovada pelo Congresso em abril e sancionada pelo presidente Temer no início deste mês, seria de R$ 979, mas pode ser reduzido para R$ 969, para todos os trabalhadores que recebem o valor fixo em lei para as jornadas de trabalho com carteira assinada. Atualmente, o salário mínimo é de R$ 937.

A justificativa alegada pelo Palácio do Planalto para a redução é a busca de medidas para conter o rombo na economia brasileira e, de acordo com as previsões do governo, deve render uma economia de R$ 3 bilhões anuais, o que pode ajudar o Brasil a crescer. Porém, o presidente Michel Temer (PMDB), para se livrar da investigação do STF (Supremo Tribunal Federal), gastou R$ 15 bilhões. Que vergonha!

O reajuste do salário mínimo é feito por meio de uma fórmula que soma a variação do INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) do ano anterior, calculado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mais o resultado do PIB (Produto Interno Bruto) de dois anos anteriores.

Ora, desde 2008, quando se passou a usar essa fórmula, e o salário mínimo era de R$ 415,00, o Brasil passou por várias crises econômicas, e nunca os governos anteriores sequer cogitaram qualquer redução do aumento do salário mínimo. Por que, agora, o presidente Michel Temer (PMDB), a despeito de tentar recuperar a economia, quer penalizar o povo brasileiro, sobretudo aqueles das menores classes sociais?

Um levantamento feito pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) aponta que para suprir as despesas de uma família de quatro pessoas com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência, o salário mínimo “necessário” deveria ser de R$ R$ 3.810,36 em julho deste ano.

Agindo assim, o governo do PMDB fortalece ainda mais a cultura da desigualdade neste País continental. Somente os insensíveis e irresponsáveis querem o prato vazio como refeição principal para a população brasileira.

Dez reais fazem falta, sim!

Por que será que é mais simples sacrificar os trabalhadores? Por que não atacar os juros, o lucro bilionário dos bancos?

Por que não combater a corrupção com veemência e enfrentar os ladrões de colarinho branco? Esses, sim, roubam a  nossa esperança e sacrificam o futuro dos jovens.

Chega! Merecemos respeito!*Deputado estadual e ex-governador de Roraima

O ALUNO MARGINAL? – Prof. Dr. Pedro Augusto Hercks Menin* Marginal é quem está à margem, fora do que é considerado normal e aceitável. E há o fenômeno da marginalidade, que significa ser mal, contrário às leis, e “denunciado” na tv pelos Datenas da vida. É fácil ter raiva dos marginais, querer que eles sofram ou, em casos extremos, há os que querem que eles morram, para “pagar” pelo que fizeram. Mas desafio alguém a explicar o marginal: por que eles existem? Eles nasceram assim ou foram transformados enquanto cresciam?

Se não sabemos a origem de um problema, estamos seriamente fadados a não encontrar sua solução. A escola pode fazer alguma coisa? Porque há um certo consenso que a família falhou para essas pessoas, e se a família falhou, nada pode ser feito. Será verdade?

A explicação para a marginalidade é relativamente simples:

Todo o ser humano age buscando água, comida e afeto e todas as outras ações são subtipos dessas três. Então está certo dizer que aquele aluno que faz “bagunça” está querendo atenção. É como se ele dissesse: “Você não me ama? Então me odeie, mas olhe para mim!” O contrário do amor não é o ódio, mas a indiferença. Aquela criança está a dizer “me odeie, mas olhe para mim!”.

Os pais não fizeram curso para serem pais. Chegam em casa querendo sossego e muitas vezes deixam de atender os filhos suficientemente. E os filhos “botam o terror”, como se diz, para chamar a atenção. Pais ricos levam os filhos para atendimentos especializados (é um jeito de dar atenção!) e pais pobres que não têm tantas possibilidades acabam por apenas se revoltarem contra seus próprios filhos.

Com as escolas é parecido. Escolas ricas encaminham as crianças com “problema” para atendimentos com especialistas. E as escolas pobres têm que arcar com os problemas. Professores frustrados, cansados, ficando doentes, perdem a paciência. “Esse menino não tem jeito” ou “Nunca vai ser nada na vida” ou “Vai virar marginal”. E esses meninos vão virando “marginaizinhos” mesmo. Conseguem atenção assim!

Expulsar um bagunceiro da sala de aula é dar atenção. Mandá-lo falar com a diretora é dar a ele mais atenção ainda. Ele está sendo reforçado a conseguir atenção dessa forma! Esse menino quer ser aceito, mas quem vai aceitá-lo? A resposta: outros bagunceiros, outros meninos que também não receberam atenção sob a forma de amor e que foram ingressando na marginalidade. E ser marginal chama a atenção da sociedade. “Agora eles me respeitam!” – já ouvi um menino que andava armado na escola falar, chamando medo de respeito (mas ambos são atenção).

Bem, essa é a causa. E a solução? Simples também. Basta dar atenção, não à bagunça, mas às ações boas. Abraça-se esse jovenzinho, fala-se a ele “O que você fez é ruim (e ele sabe!), mas você é bom, você é meu amigo! Não combina com uma pessoa legal fazer coisas ruins!”.Amor também é atenção, mas uma atenção de muito mais força e qualidade. E funciona. Experimente!*Professor da UFRR

Somos o único – Afonso Rodrigues de Oliveira*“Somos o único caso de democracia que condenados por corrupção legislam contra os juízes que os condenaram.” (Joaquim Barbosa)Macacos me mordam. Entrei numa luta desigual entre mim e minha mente. Com que devo realmente me preocupar? Primeiro, e o mais difícil é desligar o televisor. Tento isso várias vezes ao dia. Mas mal entro no quarto, alguém na sala religa o aparelho. As notícias do dia a dia estão meio adoentadas. E como não tem como nos livrarmos delas, adoecemos também. E olha que é uma doença que mata lentamente. Aí procuro me divertir, para mascarar a doença. Lembrei-me, agora, da piada daquele cara que foi ao médico e este lhe falou, depois do exame:

– Cara, esse cigarro está matando você, lentamente.

Sem se mancar, o cara respondeu:

– Mas, doutor… Eu não tenho pressa nenhuma.

Se você também pensa assim, cuidado. Mas vá em frente. A vida é pra ser vivida. Amadureça e não perca seu tempo se preocupando com o negativo. Sei que é difícil pra dedéu. Mas é simples. É só você se valorizar no que você realmente é. E você é o que você pensa. Mas, cuidado. Quando estiver nessa gangorra, não se esqueça de que você é o que você pensa, mas nem sempre é o que pensa que é. Controle-se porque o mundo está descontrolado. E você faz parte dele.

Os marujos da Praça Mauá, no RJ, dos anos cinquentas, diziam que o mundo é um pandeiro sem fundo. E os caras simples sabiam o que diziam. Então vamos aprender a batucar. E faremos isso vivendo intensamente no palco da vida; cada um de nós fazendo sua parte no que faz, da melhor maneira possível. E não pense que mesmo procedendo assim você vai alcançar a perfeição no que faz. Por mais bem feito que você faça sempre poderá fazer melhor. E acreditar nisso evita a arrogância, a vaidade fútil e a ilusão de pensar que é.

Vamos ser feliz. Vamos viver nossas vidas nos preparando para a próxima volta. Não sabemos quantas já demos. Quantas vezes já fomos e voltamos, num ir e vir quase eterno. Vamos nos racionalizar para sairmos do círculo de apenas animais racionais. Porque somos muito mais do que isso. Nossa origem é racional. Somos todos da mesma origem. Portanto, somos todos iguais nas diferenças. E por isso mesmo devemos respeitar as diferenças sem nos preocuparmos com elas. Cada um na sua, dentro do seu nível de evolução.

Faça tudo que você puder fazer para o aperfeiçoamento. Vamos colaborar para nos prepararmos para o próximo dilúvio. E comece por não levar isso em brincadeira. Apenas não se preocupe, fazendo apenas sua parte como ela deve ser feita. E você pode fazer o melhor no que faz no dia a dia. Pense nisso. *[email protected]