Opinião

Opiniao 26 06 2017 4278

A crise é de gestão – Tom Zé Albuquerque*Retrato do Brasil: economia com dívida externa astronômica; dívida interna impagável; falta estrutura; saúde agonizando em fase terminal; a educação sistematizada para gerar alienados; a segurança inexiste, a começar pelas fronteiras com apenas 6% delas guarnecidas. Nos Estados e Municípios os recursos estão cada vez mais escassos. Que crise é esta, então?

Como toda sociedade com baixo senso crítico, nós brasileiros raramente buscamos as causas dos problemas que assolam a nação; comumente é mais cômodo nos prendermos em estórias, em boatos, em notícias plantadas e, principalmente, em argumentos empurrados goela abaixo por uma mídia fraca, prostituta, dependente de grupos políticos para se sustentar. As redes sociais têm contribuído vorazmente com a deturpação dos fatos. E pior, pelo bombardeio de postagens vindas de tudo quanto é flanco, a população prefere acolher o que foi exposto, sem sequer discernir, se afastando cada vez mais da origem do fato, do âmago da ocorrência.

Nesse contexto, a unanimidade prevalece em acatarmos que a máquina pública não funciona ou funciona muito mal, deixando o povo brasileiro – geralmente a classe baixa – à míngua, jogado à sorte por falta de competência dos gestores, fruto essencialmente de nomeações de pessoas sem credibilidade, sem know-how, sem destreza para comandar, sem conhecimento da área de atuação e, sobretudo, por falta de saber específico em gestão pública. Impressiona o número de pessoas que ocupa cargos estratégicos nas administrações públicas (nas três esferas) sem ter noção de o que lá se faz, tão somente para saciar desejos pessoais do nomeador.

A incapacidade de se administrar é vista a olho nu nas instituições públicas. É só observar a forma como é tratada a coisa pública. São materiais em desacordo com o necessário; patrimônio deteriorado; recursos financeiros insuficientes; servidores públicos insatisfeitos; trâmites processuais onerosos e desrespeitosos para com os cidadãos. Priorizar a atuação de profissionais de áreas não afins com a gestão é uma insensatez que culmina com a perpetuação irresponsável do trágico modelo de gerir que prevalece há anos no sofrível roteiro da prestação de serviços públicos brasileiro, fortificado com o estilo pródigo elevado em meados da década de 2000, com as criações desmedidas de cargos comissionados, sem critérios, sem rumos, sem noção.

Em países como Inglaterra, Nova Zelândia, Austrália e Chile, a máquina pública existe para atender à população, não para satisfazer a grupos viciados, aviltados em se locupletarem indevidamente com o que é do povo. Nesses países, prevalecem enxugamentos constantes; escrutínios para diagnósticos; busca visceral em eficiência; tratamento rígido da gestão de custos públicos; desconcentração e descentralização; gestão de performance; administração de orçamentos integrados; contratualização; orçamentos para resultados; entre outros modelos tão relevantes quanto. Nos EUA, há décadas a figura do Administrador de Cidades é impreterível para a boa gestão.

Em nosso país, em qualquer nível ou âmbito, diretor de escola é químico; administrador de hospitais é médico; coordenador de recursos humanos é engenheiro; pedagogo é gestor financeiro; para gerir presídios, o físico; para atuar com materiais e patrimônio, nomeia-se um fisioterapeuta; em logística, odontólogo; e por aí vai a falta do zelo público e o descaso com o retorno dos serviços à população. Independentemente de previsão legal, administrar requer visão holística, conhecimentos em planejamento, organização, coordenação, capacidade de liderar e aptidão para gerenciar controles dos mais diversos recursos.

Faltam aos gestores públicos atuação através da governança por resultados, na preponderância múltipla dos entes de desenvolvimento à gestão de políticas públicas, no provimento eficaz dos serviços à coletividade, o exercício de agendas estratégicas, alinhamento das estruturas implementadoras voltadas ao atendimento das demandas necessárias e desejadas pela população. O caminho é tortuoso, e nem sempre é conveniente transpô-lo.*Administrador e servidor público – [email protected]

Qual a diferença? – Afonso Rodrigues de Oliveira*“Cada um é incomparavelmente único. Você é necessário e basta. Na natureza, tamanho não é diferença. Tudo é expressão geral de vida.”Controle suas emoções. Mas apenas a controle. Emocionar-se faz parte da evolução. O importante é que sejamos suficientemente maduros para não se deixar levar pelas emoções. O que é muito comum no ser humano. Ainda não percebemos nem aprendemos sobre a diferença entre o amor, o sexo, a paixão, e o ciúme. Os especialistas que me desculpem, mas é assim que vejo esse emaranhado de sentimentos que não se separam. Nem deveriam se separar. Eles fazem parte da evolução humana e nos mostram que somos todos iguais nas diferenças. E as diferenças estão no modo de cada um lidar com esse grupo de sentimentos. Porque se fôssemos todos iguais, sem diferenças, o mundo seria um marasmo doentio.

Viver um amor é a coisa mais simples que há. É simples pra dedéu. Tão simples que ainda não conseguimos entender. Quando amamos vivemos em paz. E você não pode viver em paz, deixando-se dominar pela paixão e muito menos pelo ciúme. Partindo-se do princípio que não há amor sem paz, nem paz sem amor. E quando a paixão ou o ciúme entram em ação, a paz se vai. E com ela o amor. E tudo não vai além da falta de controle racional. Quando estiver sofrendo por paixão ou por ciúme, reflita sobre você, e seu comportamento sobre você mesmo.

A dificuldade está em acreditar em você, no seu potencial como ser de origem racional. O amor é indescritível. É fantasioso querer descrevê-lo. O sexo é vida. Sem ele nem existiríamos. A paixão é um descontrole emocional. E o ciúme, este sim, é um descontrole puramente mental. Observe que você nunca vai ver uma pessoa ciumenta e mentalmente controlada. Quanto mais o ciúme cresce, mais leva você para o abismo da irracionalidade. E podemos ver isso nos pensamentos mais simples que lemos ou ouvimos. “Dize-me com quem andas e te direi quem és”. Por que atar união com quem não confia em mim, e porque não merecer a confiança?

Só quando sabemos, e somos capazes de analisar nosso comportamento é que somos capazes de viver em paz. Quando você não conseguir dominar sua paixão, verifique se você não está confundindo seu amor com desejo. Ainda não pensou nisso? Comece a pensar. Veja os absurdos que você comete diariamente, sem perceber, dominado ou dominada, pela paixão. Procure a paz, está dentro de você. Seu mundo está em você mesmo. É só aprender a vivê-lo. E isso você só vai conseguir com racionalidade. Não se esqueça de que sua origem, como a de todos nós, vem lá do mundo racional, de onde todos nós viemos. Pense nisso.*[email protected]