Parabólica

Parabolica 18 09 2017 4793

Bom dia,

Ouvir, saber o que dizem e fazem nossos parlamentares federais e estaduais, e mesmo a maioria das autoridades dos demais poderes locais, é uma revelação do quanto eles estão desantenados – para usar uma expressão muito atual – dos reais problemas que precisam de urgente solução, se quisermos destravar as possibilidades de desenvolvimento de Roraima. São problemas estruturais, especialmente de natureza política e institucional, que eles sequer tangenciam. E aqui não queremos fulanizar para evitar trazer o debate para o campo partidário ou de grupos políticos.

Alguns desses problemas são evidentes, e um deles diz respeito à ampla questão federativa do relacionamento entre o estado de Roraima e o Estado federal (União), e neste aspecto o problema da ocupação e uso do território roraimense, sujeito em sua quase totalidade a um controle rigoroso por parte dos agentes que representam o governo central brasileiro. Tal problema vem sendo construído ao longo do tempo, mas tornou-se mais grave nos últimos 20 anos, por culpa da falta de políticos com estatura de estadistas que incorporem a defesa do direito dos roraimenses a usufruírem de uma economia geradora de riqueza e emprego, única forma de sairmos da minguante economia do contracheque chapa branca.

Se o leitor ou leitora, que agora está lendo a Parabólica, parar e fizer uma breve e elementar reflexão, vai perceber aspectos da armadilha que foi aos poucos montada pelo Estado federal – e aí devem ser considerados todos os poderes da União – que estrangulam quase todas as possibilidades dos roraimenses terem autonomia e liberdade para decidir sobre o seu destino. Vamos falar sobre isso aqui, neste espaço, durante toda a semana, que hoje se inicia.

E vamos começar por uma situação que muito poucos percebem: a questão das vias de acesso para chegar e sair do Estado. Em qualquer direção; de norte (São Marcos) a sul (Wamiri-Atroari), de leste (Raposa Serra do Sol) a oeste (Yanomami), o acesso a Roraima só é possível através da passagem por uma Terra Indígena. Isso quer dizer que, rigorosamente, se o aparato ambientalista/indigenista infiltrado no Estado federal brasileiro, estimulado pelas organizações não governamentais, quiser mobilizar a população indígena, só se entra ou sai de Roraima com sua permissão. E isso inclui a entrada de insumos e o escoamento da produção. Esse cenário traz, com certeza, aquilo que os economistas chamam de insegurança jurídica.

Para quem conhece um pouco do ideário do marechal Rondon, que pregava a demarcação de terras indígenas no interior do território pátrio, o aparato ambientalista/indigenista fez em Roraima exatamente o oposto. Diferente também do que fizeram os outros países, como exemplo os Estados Unidos da América (EUA), que não permitiram criar reservas indígenas em sua linha de fronteira.DEMANDAOntem, no programa Agenda da Semana, da Rádio Folha, o novo secretário estadual de Saúde, Paulo Linhares, disse que 80% dos atendimentos no Hospital Geral de Roraima (HGR) ocorrem em pacientes que não encontram resolução de seus problemas de saúde nos postos médicos de responsabilidade dos municípios, especialmente os da Capital. “São casos da baixa complexidade, ou decorrentes de falhas nas ações de saúde preventiva, como o caso de agentes de saúde que minimizam endemias. A população sem assistência nos postos municipais tem a saúde agravada e busca no HGR uma saída. Isso sobrecarrega a demanda daquela unidade hospitalar, que deveria atender os casos de média complexidade”, disse o secretário.TROCADe um deputado federal ouvido pela Parabólica, sobre o envio pelo Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, da segunda denúncia do procurador-geral da República, Rodrigo Janot: “Não é fácil decidir sobre como votar acertadamente. Se o voto for para que o processo tenha seguimento, Temer é afastado, cedendo o lugar para Rodrigo Maia, que é também citado em denúncias no âmbito da Lava Jato. Além do mais, ele teria de arranjar igualmente um lugar para abrigar com privilégio do foro, o Moreira Franco e o Eliseu Padilha. Quer dizer que estaríamos trocando seis por meia dúzia. Se negar o pedido, continuaremos com um presidente fragilizado e refém”, disse o parlamentar.CATILINÁRIA 1E alguns artistas convidados para o Rock In Rio utilizaram a reunião de milhares de pessoas presentes para voltar a bater na velha tecla de que é preciso salvar a Amazônia. Eles aproveitaram para pressionar o governo Temer para voltar atrás na extinção daquela reserva mineral de níquel e outros minerais criada nos limites do Pará com o Amapá. Esquecendo que hoje a grande poluição que se deve combater com prioridade é aquela provocada nas áreas urbanas, eles fazem questão de ignorar, como fizeram na abertura dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, que bem perto daquele palco existe uma Baía da Guanabara fétida e com poluição por todos os lados. CATILINÁRIA 2Tal como fizeram na abertura dos Jogos Olímpicos, quando atletas chegaram ao Maracanã portando mudas para serem plantadas, e depois da festa as tais mudas foram abandonadas, na abertura do Rock In Rio organizações não governamentais e instituições internacionais anunciaram o reflorestamento de 30.000ha na Amazônia. Aliás, isso não passa de um pingo d’água e, se fosse realmente feito um programa sério de reflorestamento na Amazônia, o desmatamento ilegal viraria pó.

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