Parabólica

Parabolica 20 09 2017 4816

Bom dia,

Roraima é o único Estado brasileiro não integrado ao Sistema Nacional de Energia. Isso já foi dito inúmeras vezes, mas a resolução desse isolamento está muito longe de se resolver. Segunda-feira, 18, dissemos neste espaço que o aparato ambientalista/indigenista que aparelhou o Estado federal brasileiro criou uma situação tal que não se pode chegar a Roraima, especialmente a sua Capital, Boa Vista, ou a qualquer aglomerado urbano não indígena, sem ter de atravessar uma Terra Indígena, o que potencializa a possibilidade de, levado a extremo o empoderamento dos povos indígenas, qualquer ingresso de pessoas ou mercadoria no Estado terá que ser autorizado por eles, ou ainda pior, pelas organizações governamentais que os manipulam.

A integração do sistema elétrico roraimense ao sistema nacional passa por essa questão crucial e que pouca gente, especialmente do mundo político, tem plena consciência. Integrar Roraima aos outros estados brasileiros, do ponto de vista energético, significa atravessar pouco mais de 130 quilômetros da Terra Indígena Wamiri-Atroari, na entrada sul. O caminho natural, e mais econômico, para o trajeto do linhão de transmissão é a BR-174, que de sorte não faz parte daquela terra indígena, uma vez que o eixo e a faixa de domínio – 50m laterais a partir de seu eixo – foram excluídos pelo decreto de homologação. Mesmo assim, o aparato ambientalista/indigenista e a parcela do Estado federal aparelhado por ele não reconhecem essa exclusão.

Acobertado pela Convenção 169/OIT, que absurdamente trata de questões indígenas, e não de trabalho, o aparato ambientalista/indigenista exige que a passagem da Linhão de Tucuruí pela BR-174 seja previamente aprovada pelos índios Wamiri-Atroari. Sem essa audiência, o Instituto de Meio Ambiente e Recursos Naturais (Ibama) não emite a necessária licença ambiental para a obra. Quem decidia essas coisas pelos índios era o funcionário da Fundação Nacional do Índio (Funai), Porfírio Carvalho, que morreu recentemente. E aí, a desculpa agora é que os índios ainda estão de “luto” por sua morte, por isso suspenderam qualquer conversa sobre Linhão de Tucuruí. Evidentemente que outras desculpas poderão ser arguidas para impedir a obra.

Enquanto não se resolve esse imbróglio, se é que ele será um dia resolvido, Roraima segue abastecido de uma energia incerta, de origem hídrica, que vem da destruída Venezuela e de algumas usinas térmicas, com um custo elevado e cheio de insegurança. No fundo, o roraimense paga duas vezes pela energia consumida: uma pela energia venezuelana, e outra para as usinas térmicas que recebem mesmo que permaneçam a maior parte do tempo parada.

Ora, ninguém tem dúvida que a energia elétrica é o mais importante insumo neste Século XXI, e sem ela é impensável promover desenvolvimento, mesmo que ele venha do campo. Não se planta com segurança se não houver energia elétrica, especialmente para irrigação, comprada a preços que torne o custo de produção competitivo. Fica estranho ouvir discursos demagógicos de políticos falando em desenvolvimento, sem que haja correspondente conduta política para exigir que o Estado federal brasileiro deixe e permita mais essa ação perniciosa chantagista contra os interesses legítimos da população roraimense.

E não custa lembrar que os parlamentares já tiveram cenários propícios para exigir que o Governo Federal, enfim e sem enrolação, inicie a construção do Linhão de Tucuruí. Afinal, Temer depende do voto deles para não ser afastado da presidência. Chega de negociar, por baixo, dando voto por liberação de emendas e nomeação de apaniguados para cargos federais. Tudo isso é efêmero, o perene pode ser o destravamento do processo de desenvolvimento econômico do estado.

ACABARUma proposta do notório senador Romero Jucá (PMDB) pode acabar com o horário gratuito de rádio e televisão nos anos que não tiverem eleições. Ficaria apenas a propaganda gratuita no período eleitoral que hoje já está reduzido a 45 dias. Isso é de grande interesse para os políticos que têm impérios de comunicação. Que tal só aprovar uma medida dessas depois de fazer valer a lei que proíbe que rádio e televisão sejam propriedades de parlamentares? E não vale a utilização de “laranjas”, mesmo que sejam parentes.

NÃO CANTOUObservador atento ao que se passa na política, um leitor da Parabólica mandou e-mail fazendo a seguinte observação: “Vocês viram que o presidente da Câmara Federal, Rodrigo Maia, foi o único integrante da mesa de autoridade a não cantar o Hino Nacional durante a posse da nova procuradora-geral da República, Raquel Dodge? Deve ser porque, embora registrado no Brasil, ele nasceu no Chile, quando seu pai, o economista César Maia, era refugiado político naquele país”. Bom registro.

ESTUPROÉ vergonhosa a omissão das autoridades locais diante das denúncias de que mulheres venezuelanas estão sendo vítimas de estupro e agressões em Boa Vista. É preciso que as autoridades se pronunciem e tomem providências para punir os criminosos e evitar que esses ataques contra as estrangeiras – que já estão com sua dignidade ferida por terem sido obrigadas a fugir de seu país – continuem ocorrendo.