Jessé Souza

Realidade ficcao e pesadelo 4636

Realidade, ficção e pesadelo Parei de dormir com a TV ligada durante a madrugada. Por força da profissão, chego sempre tarde, mesmo que eu saia cedo, pois ainda tento ganhar algum tempo indo ao supermercado ou mesmo resolver algum problema pendente do dia. Por isso, nessa correria, sempre acreditei que eu pegaria no sono mais rápido assistindo televisão.

Foi quando descobri que o SBT passa noticiário atualizado durante toda a madrugada, de hora em hora. E comecei a dormir com o noticiário ligado. Então passei a ter sonhos e pesadelos esquisitos, tipo uma mistura de realidade e ficção, em que a mente em meio ao sono profundo trazia imagens reais do telejornal da TV ligada no quarto.

Como percebi o problema, agora desligo a TV. Porém, os pesadelos que eu tinha hoje não estão mais longe da realidade, desde quando o Brasil passou a ter um presidente mais impopular da história – e sem voto – que não se preocupa mais com o povo para fazer suas artimanhas. Ele não receia sequer aumentar o preço da gasolina nem de anunciar corte no aumento do salário mínimo previsto para o ano que vem.

Significa que o povo, que já era um detalhe, agora não importa mais. Os políticos passaram a não temê-lo, pois esse mesmo povo se encolheu diante dos absurdos e nem mais reage quando mexem em seu bolso. Passou a não valer mais aquela velha piada, na qual o político fazia suas projeções mirabolantes e ouvia: “Agora só falta combinar com o povo”.

Foi nessa realidade confusa, de pesadelo misturado com realidade, que a governadora Suely Campos (PP) deu entrevista como pretendente a reeleição no ano que vem. Na avaliação dela, parece que estamos morando em um Estado realmente pujante, que seu governo está indo muito bem e que o povo está muito feliz. Mas ela não pode esquecer que sua vitória se deu por causa de um povo revoltado com o governo anterior e que queria uma mudança brusca na forma de conduzir o governo. E não é isso que  estamos vendo.

Do jeito que está a condução política do país, com um presidente que não está mais nem aí para a opinião do povo, talvez isso esteja contaminando a cabeça dos demais políticos país afora, que acham que a democracia brasileira foi reinventada, ou seja, uma democracia sem povo.

E o cidadão não tem se importado em fazer parte dessa nova forma excludente de governar, não precisando mais consultá-lo ou temer suas manifestações. Afinal, basta dar uma grana a mais para a TV Globo manipulá-lo e comprar o voto no dia da eleição. Combinar para quê mesmo?

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