Jessé Souza

Sem motivos para festa 4952

Sem motivos para festa

O Dia das Crianças está sendo marcado pela triste constatação de que mais de uma centena de garotos e garotas trabalhavam no lixão de Boa Vista, que por si só já é uma vergonha, pois ali foi construído para ser um aterro sanitário que nunca funcionou. Enquanto muitas vão ganhar presentes hoje, no seu dia, outras milhares não têm sequer perspectivas de conseguirem uma vaga nas creches.

O futuro de crianças que não têm acesso à educação infantil desde tenra idade é este, de ir parar na lixeira pública ou ser explorada em carvoarias e feiras-livres da Capital, como também foi constado pela fiscalização do Ministério do Trabalho em Boa Vista. Ou ficarem expostas à permissividade das ruas logo cedo, onde a droga é o caminho.

A falta de investimento pesado na educação infantil parece não incomodar sequer os vereadores da Capital, que estão mais preocupados com performance em museu de São Paulo, em conceder títulos de cidadãos e cidadãs, ou em criar datas comemorativas.

A tendência é a situação agravar ainda mais com chegada diária de imigrantes venezuelanos com suas crianças, expostas para quem quiser ver nos semáforos da cidade ou nos lugares de grande movimentação, onde elas pedem esmola aos transeuntes.

É hora de os políticos pararem de fingir que estão trabalhando e começarem a cuidar da infância com seriedade não só em Boa Vista, como também nos municípios do interior do Estado, onde elas também estão expostas à exploração de mão de obra, a escolas sem estrutura e submetidas à violência sexual dentro de casa.

Na Capital, já seria um bom começo se os vereadores fossem fiscalizar as obras de creches Pró-Infância que estão paradas há anos pela Prefeitura de Boa Vista e que já poderiam estar cuidando dos filhos de pais que precisam sair para trabalhar e são obrigados a deixarem suas crianças à própria sorte dentro de casa ou na casa de parentes e vizinhos. Porém, difícil acreditar na ação dos vereadores se quase a totalidade deles está nas mãos da Prefeitura.

Sem perspectiva, vivendo à margem da sociedade, significa grandes possiblidades de entrarem para a delinquência, o que é um pulo para a criminalidade. Então, é necessário que a sociedade senta-se alarmada com a triste constatação de crianças vivendo no lixão ou pedindo esmola nos semáforos, pois se a infância está em risco, significa que o nosso futuro também corre sérios riscos.

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