Jessé Souza

opiniao 3749

Desistir, jamais!

No momento em que os calhordas perderam a vergonha de se posicionar abertamente por meio das redes sociais, é preciso reforçar a necessidade de as pessoas que defendem uma sociedade menos injusta não percam a coragem de se manifestar. É essencial não se intimidar diante do avanço dos canalhas, xenófabos, racistas, preconceituosos, ultranacionalistas e toda espécie que se coloca como pós-modernista ou defensor da “moral e dos bons costumes”, além dos que usam a Bíblia para legitimar seus ataques.

O Brasil foi construído a partir de uma base de injustiça em todos os níveis, com a afirmação de uma sociedade dividida, cujo processo de exclusão social construiu castas que dominaram o país, fazendo surgir a pior raça de políticos que o mundo já conheceu.

Essa casta montou uma quadrilha institucionalizada que opera um mecanismo de exploração da sociedade por meio de fornecedores dos governos em todos os níveis e grandes partidos políticos, conforme apontou o procurador da República Deltan Dallagnol, da Força Tarefa da Lava-Jato, com base na análise de José Padilha, colunista de O Globo.

Esse mecanismo de exploração vem de longas datas, a exemplo do que ocorreu no Brasil logo após a abolição da escravatura, em 1888. Além de os políticos da época não terem se preocupado em dar condições para que os ex-escravos pudessem ser integrados à sociedade, aprovaram logo em seguida a “lei da vadiagem”, que prendia em via pública aqueles sem documento e sem trabalho, ou seja, os ex-escravos.

Mais adiante, essa mesma política de exclusão foi responsável pelo surgimento do maior símbolo de pobreza e violência no Brasil: as favelas do Rio de Janeiro. Era início do século XX, quando surgiu uma política das autoridades sanitárias e policiais visando tentar “civilizar” o Rio, com remoções das classes populares e dos cortiços, das encostas dos morros, de terrenos dos subúrbios. Sem saída, todos subiram os morros e fundaram as favelas.

É a mesma realidade até os dias atuais, quando os pobres e indesejáveis são lançados para longe e excluídos das políticas de governo, restando as políticas assistencialistas que sempre tiveram cunho eleitoreiro para manter essa elite sustentada pelos políticos ordinários, que historicamente se locupletaram dos cofres públicos e às custas da exploração do povo.

O golpe fatal está surgindo agora. Acuada pela Operação Lava Jato, essa quadrilha que se apossou do Brasil, desde a colonização, tem feito de tudo para minar tudo aquilo que representa resistência e que cheira a contestação a este modelo imposto. É por isso que surgem os mais duros ataques a quem defende minorias, quem luta por justiça social e defende os excluídos. As pessoas que acreditam num país mais justo não podem desistir nem se integrar. Avante!

*[email protected]: www.roraimadefato.com