Opinião

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Valorize a mulher que existe em você

Vera Sábio*

Somos animais racionais, o que nos diferencia dos demais animais e seres que existem. Somos humanos dotados de inteligência e domínio próprio, tendo capacidade sobre os animais irracionais, pois possuímos gêneros e gênios distintos.

Nossas características únicas e coletivas com inteligência para pensar nos permitem analisar o quanto de mulher cada um tem dentro de si e qual a diferença que isto faz. Mulher é a continuação de Deus no universo, só ela pode reproduzir. Consegue ser doce e ser forte, ser sensível e ser dura, ser poderosa e ser delicada, ser multifuncional e ser única, enfim, ser o que quiser de acordo com a necessidade do momento.

Por isso, use independente do gênero que possua, a parcela de mulher que existe em você, para que o universo sobreviva a tantos caos. Pois toda falta de partilha, compreensão, amor, solidariedade, justiça, perdão e inúmeros males que prejudicam o crescimento coletivo, a paz, a união é tão somente pela falta da essência de mulher criada para recriar, unir, progredir e multiplicar.

Seja do sexo feminino ou masculino, mulher não é somente uma questão de gênero, é muito mais uma questão de espírito. É algo que ultrapassa a beleza, os desejos e a matéria. Afinal, ser mulher é saber ser doação na medida exata para ensinar o outro a crescer e a doar também. É formar sentimentos, conscientizar pensamentos e advogar em favor dos menos favorecidos.

É ser forte na medida necessária para perdoar, penalizar e corrigir. Nunca endurecendo diante do mal, mas sendo exemplo de ternura para que outros sigam seus passos e promova um mundo menos injusto e mais unido.

Use sua parcela de mulher e reconstrua com mais fraternidade e menos ambição, um mundo de irmãos.* Psicóloga, palestrante, servidora pública, esposa, mãe e cega CRP: 20/04509[email protected]

 

Arte Negra

Antônio Carlos filho*

O preconceito e a discriminação acompanham a vida de quem escolheu o Candomblé como religião. Marginalizados pela sociedade e por outras religiões, os fieis candomblecistas, muitas vezes, veem-se obrigados a esconder sua religião das pessoas para não sofrerem com o preconceito.

O preconceito não consegue derrubar o orgulho que os fiéis têm por serem candomblecistas, mas esse orgulho fica cercado pelos muros dos terreiros. Apesar de ser uma religião já consolidada, presente no Brasil desde a colonização, o Candomblé não é amplamente divulgado, e a sociedade brasileira desconhece o que de fato representa a religião. A falta de conhecimento, aliada a fatores históricos, torna a luta contra o preconceito cada vez mais difícil.

O Candomblé é uma religião afro-brasileira, com maioria de fiéis negra, o que aumenta o preconceito. “O preconceito com o Candomblé se confunde, de forma muito forte, com o preconceito racial”, afirma Yatylyssa (sacerdotisa da nação nagô fôn de Boa Vista), que conhece o Candomblé desde criança e afirma o Candomblé hoje, no Brasil, comporta pessoas de todas as raças, que costumam ter como preconceito por ser uma religião que não segue uma doutrina baseada em livros como o catolicismo, evangelhos, budistas e outros. É uma religião de conhecimento transmitido pela oralidade. Contudo, é a primeira religião que não tem exclusão de pessoas pela cor ou orientação sexual.

A visão que as pessoas têm do Candomblé vem acompanhada de sincretismos negativos, associando as práticas religiosas que ocorrem nas cerimônias, a cultos demoníacos. Despacho e macumba são, hoje, palavras que integram o vocabulário do brasileiro e que carregam uma conotação pejorativa.

No entanto, há quem não seja candomblecista e que compreende a importância de se combater esse preconceito. As estudantes Simone dos Santos e Juliana de Belles cursam o último período do curso de Turismo na Faculdade Newton Paiva e escolheram as manifestações da cultura afro-brasileira como tema para a monografia. “(O Candomblé) é uma religião muito rica, complexa. Tem muitos ritos, muitas manifestações, muitos elementos inseridos”, diz Simone. Para Juliana, que também conhece a religião desde criança, o Candomblé é importante para a sociedade, pois resgata valores históricos e culturais. “O Candomblé é, praticamente, o berço do espiritismo. A cultura do brasileiro tem características afro-brasileiras”, informa a estudante de Turismo.

Em muitos casos, a falta de conhecimento impulsionam os discursos que remetem à ideia de que as religiões afro-brasileiras têm fins satânicos e demoníacos. Sendo que o único propósito do Candomblé é fortalecer o espírito e engrandecer a alma através da natureza.

*Estudante de Publicidade 5º período da Faculdade Estácio

 

Política e educação

Afonso Rodrigues de Oliveira*

“Se há um idiota no poder, é porque os que o elegeram estão bem representados”. (Barão de Itararé)

Já falei pra você que tenho uma quantidade enorme de frases, no meu arquivo. E essa, do cognominado Barão de Itararé é uma delas. Mas como a recebi, ontem, por um e-mail do Jaime, resolvi usá-la, porque ela é a verdade nua e crua do que estamos vivendo na política nacional. Vamos ser sincero? O lamaçal político não está só no Brasil. Os Estados Unidos vão nos vencer. Mas deixa pra lá e vamos falar sério.

Na década de 1950, vivi, em São Paulo, um dos momentos mais acirrados na política nacional. Minha família era muito ligada à família do então Vereador por São Paulo, Tarcílio Bernardo. Eu frequentava muito a casa do vereador, onde nos fins de semana faziam churrascos com a presença do Jânio Quadro. E com ele estava sempre o Deputado Federal por São Paulo, Emílio Carlos. Foram momentos fascinantes. A filha mais velha do vereador tinha a minha idade, estudávamos no mesmo colégio e éramos grandes amigos.

O papo aqui é muito longo e não tenho espaço suficiente. E foi naquele churrasco que o Jânio esbravejava contra o Adhemar de Barros; passando por mim, o Deputado Emilio Carlos aproximou-se, tocou no meu ombro e falou ao meu ouvido:

– São briguinhas comadrescas, Afonso…

Estávamos vivendo uma época em que a política no Brasil caía no cadinho que só fundiu a desordem. Faltavam poucos anos para a revolução militar. Pouco mais de 30 anos se passaram; os militares voltaram para casa e nós ficamos à deriva na Educação. A política continuou se fundindo num cadinho apenas morno. As reformas na Educação só têm nos dado prejuízos na educação. A pantomima nas reformas não nos garante um futuro melhor, porque ninguém está nem aí para a política; ela continua sendo vista como o melhor meio de enriquecimento. E nunca vão nos ensinar que somos nós “cidadãos”, os responsáveis pela bagunça.

Todos os larápios, desonestos e irresponsáveis, são postos no cargo por nós. Logo a responsabilidade é nossa, e de mais ninguém. Os projetos de reforma no ensino não focam a política. E enquanto não nos prepararem para sermos realmente cidadãos, não seremos mais do que marionete dos desonestos.

Meu relacionamento com políticos, desde minha infância, meus contatos com o Café Filho, quando ele usava terno branco e chapéu panamá, preocupa-me. Uma época tida como revolucionária e que não revolucionou. Sofremos as torturas do Regime Militar, mas não aprendemos a evitar as torturas que vimos sofrendo na nossa ignorância política. Quando será que seremos um povo civilizado? Pense nisso.

*[email protected]