Opinião

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O Brasil em queda livre

Ferrando Rizzolo*

Quando analisamos a estrutura de um país, procuramos ter a percepção de um quadro pluralista que abranja as questões sociais, morais, econômicas e políticas. Depois do Carnaval, festa que provavelmente anestesiou os problemas da nação, sinto-me indignado, para não dizer perplexo, em relação ao que é hoje o Brasil em todos os sentidos, e penso, em uma mistura de receio e desesperança, no que poderá ser este país daqui a uns anos.

Do ponto de vista social e moral, vivemos uma era em que o reflexo da corrupção − segundo os petistas relegada a nós como uma “herança maldita”, mas desta feita deixada por eles mesmos − influencia, numa cadeia degradante, todas as virtudes que um povo deve ter.

A violência perpetrada por marginais sem o menor pudor em cometer homicídios por motivos torpes cresce a cada dia. Nossa legislação é fraca demais para coibir a bandidagem que, no âmago do seu desrespeito às Leis e instituições, se ampara no exemplo corrupto da política para legitimar seus desideratos.

Já no campo econômico, que norteia o futuro de todas as segmentações acima elencadas, temos a notícia de que o Brasil, em uma lista de 38 países, teve o pior Produto Interno Bruto (PIB) em 2016, segundo ranking de desempenho da agência de classificação de risco brasileira Austin Rating, ou seja, o nosso PIB caiu 3,6% em relação ao ano anterior, sendo que a economia já havia recuado 3,8%! Essa sequência de dois anos seguidos de baixa só foi verificada no Brasil nos anos de 1930 e 1931. Vejam a que ponto chegamos!

Com efeito, o nível de pobreza da população aumentará e, pela lógica esquerdopata, quanto mais pobres existirem, mais os partidos de esquerda terão voz e mais nos afundaremos.

Fala-se muito em “choque de gestão”, mas entendo que precisamos de “choque de indignação” pelo legado que nos foi deixado, tanto do ponto de vista moral como do econômico, assim também como um “choque na legislação penal”, vez que do contrário perderemos o controle de absolutamente tudo que nos resta.

É triste observarmos a pouca mobilização da população, haja vista as imensas aglomerações no Carnaval e a despolitização nas demandas que exigem a real e verdadeira mobilização nas ruas. Isto posto, a esperança reside nos novos políticos e na punição severa e exemplar dos antigos, as velhas raposas do planalto, descobertos pelas investigações da Operação Lava-Jato. A verdade é que estamos em queda livre, sob os efeitos da gravidade, e de uma outra gravidade pior, chamada gravidade da moral e da ética…

*Advogado, Jornalista, Mestre em Direitos Fundamentais

Fascistas, não passarão!

Jaime Brasil Filho*

O fascismo avança no Brasil e no mundo.

Aqui, no Brasil, o fascismo tem o discurso neoliberal, já no primeiro mundo protecionismo quem dá o tom. Mas, o fascismo é sempre o mesmo: a intolerância como sentimento condutor da razão, a desigualdade social tratada como um fato indiscutível e inexorável, algo como um vírus ou uma tempestade sem controle. É como se as ideias e a sociedade não fossem frutos da invenção humana, e sim de uma força abstrata da natureza.

O fascismo busca um mundo idealizado a partir de uma ordem absoluta que levaria a uma pretensa perfeição social.

E, como nas piores práticas ideológicas a xenofobia, o racismo, o antissemitismo, o preconceito religioso, o machismo, a misoginia e a homofobia são tratados pelos fascistas como bases estruturantes do ser-social e da própria sociedade. No fascismo, a ordem (que é sempre conservadora) deve manter as formas de relação humana congeladas dentro da desigualdade econômica, de gênero, de raça, de etnia etc., onde a ninguém é dada a permissão para modificá-las.

Mas, é claro, qualquer pessoa minimamente atenta sabe que da mesma maneira que todo moralismo é falso, todo fascista é fariseu. As sociedades em que se busca uma ordem única nunca deram certo, e somente com a opressão, a tortura, o assassinato de Estado é que por algum tempo elas sobrevivem, e, ainda assim, por pouco tempo.

Enquanto nos países ricos o fascismo cresce alimentado pela decepção dos seus nacionais que se sentiram enganados com a promessa de prosperidade material infinita do neoliberalismo, aqui no Brasil os fascistas são neoliberais e se alimentam da nossa triste herança escravagista. Não existe Casa-Grande sem Senzala, e o Governo Temer e seus aliados estão empenhados em aumentar o número dos escravos modernos, cada vez mais parecidos com os de antigamente: sem direitos trabalhistas e sem aposentadoria.

Protecionistas ou neoliberais, os fascistas roubam os direitos dos trabalhadores. Aqui no Brasil a “reforma”(o fim) da previdência; nos Estados Unidos a reforma do chamado Obamacare, o sistema de saúde deles. Aqui, todo o esforço de Temer é para tirar dinheiro do povo e repassá-lo aos banqueiros e especuladores que atuam na rolagem da falsa e ilegítima dívida pública; nos Estados Unidos as grandes corporações e bilionários de plantão pleiteiam menos impostos e mais lucros.

Outra coisa em comum entre os fascistas é que para que haja ordem é preciso criar medo, e para que se tenha medo é necessário que se tenha inimigos. E os fascistas são especialistas em eleger inimigos, mas sempre mais fracos do que eles. Por aqui colocam a culpa das mazelas sociais nas chamadas minorias. Por lá também.

Durante décadas os fascistas de plantão colocaram a culpa do subdesenvolvimento de Roraima no reconhecimento do direito dos índios à terra em que vivem, e para isso criaram inúmeras e falsas teorias da conspiração: de que havia interesses estrangeiros por trás da luta dos índios e indigenistas. Enquanto isso, FHC entregava a então Vale do Rio Doce nas mãos do grande capital e nestes dias Temer entrega o Pré-Sal de bandeja para as grandes multinacionais. Em Roraima os únicos estrangeiros que dilapidaram o nosso patrimônio natural foram os que trouxeram as acácia mangium para o Lavrado, ao mesmo tempo em que levavam as madeiras nobres das florestas no sul do nosso Estado.

Atualmente, muita gente coloca a culpa da deficiência dos serviços públicos em Roraima na presença de estrangeiros que para cá imigraram. A xenofobia em Roraima é disfarçada até com reportagens pretensamente imparciais.

Durante todo o século XX a Guiana e a Venezuela nos serviram de abrigo e de refúgio. Muitos brasileiros se enriqueceram nos garimpos venezuelanos e da Guiana e outros milhares se abasteceram com todos os tipos de produtos subsidiados com o dinheiro do petróleo venezuelano, e, agora, que a querida Venezuela atravessa o seu pior momento econômico, torcem o nariz para a presença dos irmãos venezuelanos e de estrangeiros de outros países. É xenofobia e mesquinhez somadas. Infelizmente.

Não me consta que nenhum índio, venezuelano ou pertencente a alguma minoria tenha levado Roraima à crise em que se encontra. Quem nos roubou e nos endividou não foram eles. Se faltam remédios ou vagas em hospitais e escolas é porque nos 27 anos de instalação do nosso Estado de Roraima, a maioria dos políticos não fizeram outra coisa além de saquear os cofres públicos e facilitar a dilapidaçãodo nosso patrimônio natural.

Há algumas semanas escrevi um artigo criticando a Prefeitura por não querer dar assistência às crianças Waraos, e respectivas mães. Não são muitas e não custa tanto, mas… Entre idas e vindas recursais no processo judicial que determina a ajuda, as crianças e mães indígenas que estavam sumidas dos nossos semáforos começam a voltar à situação de risco por falta de vontade política do poder público. Por falta de sensibilidade e amor.

Não importa onde eles nasceram, são crianças! E se as crianças não são prioridade no mundo em que vivemos é porque já não vivemos em mundo nenhum, pois não existe processo civilizatório que avance com os valores mais caros à humanidade sendo abandonados ou invertidos.

Precisamos combater a xenofobia e todos os preconceitos que alimentam o fascismo, preconceitos esses que buscam desumanizar e despersonalizar o semelhante, tornando-o coisa ou bicho, e, às vezes, nem isso sequer.

É preciso combater aqueles que combatem os valores humanistas, que são justamente os que acham bonito humilhar, ofender e desprezar o outro para justificar os seus traumas, recalques e complexos mal resolvidos, para manter intactos seus interesses pessoais ou que o fazem por puro prazer.

O fascismo mostra a sua cara de diversas formas, é preciso estar atento a todas elas e não se deixar contaminar pelo discurso desumano que sustentam e pelos sentimentos abjetos que alimentam.É importante sabermos que o fascismo conforme tem avançado no Brasil, poderá nos levar ao Estado de exceção, à tirania absoluta. E isso é péssimo, pois quando esse tipo de sistema se implanta todos são suspeitos e todos podem ser a próxima vítima do poder estatal, sem freios e sem limites.

Não é preciso ser de esquerda para se ser antifascista, basta cultivar sentimentos humanos de tolerância e fraternidade.

Hoje, como ontem, digamos: fascistas, não passarão!

*Defensor Público

 Relacionamento

Afonso Rodrigues de Oliveira*

“Líder é todo indivíduo que, graças à sua personalidade, dirige um grupo social, com a participação espontânea dos seus membros”.

Infelizmente, a maioria das empresas ainda não acordou para a importância das relações humanas no trabalho. Ainda vive no anacronismo da chefia. Há sessenta anos, o Brasil vem enfrentando a batalha, sem obter um resultado positivo. E tudo porque ainda não conseguiu convencer seus administradores públicos, da importância da liderança. Uma importância que adentra todas as camadas sociais. A política e a educação estão no fundo do poço. E não vamos conseguir sair do lamaçal enquanto não nos educarmos.

Ainda não nos convencemos da importância da liderança na sociedade; a grandeza do respeito ao ser humano. Coisa que não há entre nós. Ainda ficamos o tempo todo brigando pela igualdade. Pode haver absurdo maior numa sociedade civilizada, onde todos são iguais? Não pode haver liderança onde não há confiança nos grupos. E não há confiança onde não existe exemplo de respeito. O Moisés Hause, (Assim mesmo, com a), dizia que “O exemplo é a melhor didática”. E onde buscar bons exemplos na sociedade atual?

Não podemos progredir sem lideranças nos grupos profissionais e familiares. E não há lideranças sem motivação. E o Einsenhower também disse que “Motivação é a arte de fazer as pessoas fazerem o que você quer que elas façam por vontade delas”. E é aí que está a dificuldade de implantar as relações humanas no trabalho, quando não as temos na família. E não há progresso sem harmonia na sociedade. E não há como harmonizar sem uma educação aprimorada. E o que estamos vendo no que vem por aí, nas mudanças na Educação, preocupa, e muito.

Não estou criticando. A educação nas relações humanas aconselha a não criticar. Evitar as críticas faz parte da motivação. E sem motivação não há como chegar ao patamar que desejamos alcançar, para sermos um povo civilizado. Não vamos negligenciar nessa batalha silenciosa, vestida na hipocrisia. Mas sabemos o que fazer; só não queremos ou não podemos fazer. Ainda vivemos sob o comando de chefes arrogantes, ocupando posições de líderes. E o pior é que não estamos vendo uma saída.

E não pense que estou sendo pessimista. Estou apenas preocupado com o que estamos vivendo sem ver. Mas vou relevar um pouco e amanhã falaremos sobre a importância dos líderes nas empresas, desde que eles não sejam confundidos com chefes arrogantes. Prometo. Mesmo porque não podemos mais ficar olhando o barco afundar, sem fazer nossa parte no socorro. E cada um de nós deve fazer sua parte como ela deve ser feita. Pense nisso.

*[email protected]