Jessé Souza

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Sem investimento

Jessé Souza*

O trajeto até a Serra do Tepequém, no Município de Amajari, ao Norte do Estado, é um dos exemplos de seguidos descasos do poder público com a infraestrutura básica para garantir o mínimo de investimento para o turismo roraimense. Tepequém, por si só, tem uma história de sobrevivência ao garimpo predatório, e sua comunidade resiste às duras penas depois que o diamante deixou de ser a principal fonte de renda para muitos e de riqueza para alguns poucos.

O descaso começa pelas vias de acesso. Enquanto o trecho norte da BR-174 está sendo restaurado pelo Exército, garantindo um pouco de segurança ao condutor e aos turistas, a rodovia estadual que dá acesso à serra, a RR-203, apresenta inúmeros buracos, resultado de anos de abandono pelo Estado, sem a mínima manutenção à malha viária, alguns buracos tapados com barro.

Esse abandono é incompreensível (para não afirmar vergonhoso), pois Tepequém é um dos principais pontos turísticos de Roraima por suas belezas naturais compostas pelo clima serrano, cachoeiras, locais para trekking ou mesmo para quem busca um descanso no fim de semana longe do barulho de máquinas e gente.

Mais incompreensíveis são as condições do trecho urbano da RR-203, na minúscula sede do município, a Vila Brasil. Mesmo sendo a principal avenida daquela cidade, a via é tomada por imensas crateras do começo ao fim, deixando o visitante sem entender por que um prefeito permite que isso ocorra.

E não se trata de algo recente. Historicamente, os prefeitos que por lá passaram sequer se incomodaram em ter a principal via da cidade tomada por crateras, sabendo que esta via significa não apenas bem-estar aos moradores, mas a chegada de dinheiro novo por meio dos turistas e visitantes.

Recentemente, o Governo do Estado tem ensaiado um investimento no turismo daquela região, fazendo o básico (e isso com anos de atraso!), que é a sinalização de pontos turísticos e a tentativa de organizar os guias turísticos. Mas é um muito pouco, ínfimo, diante do potencial daquela região e da obrigação do governo em fomentar essa atividade.

Os empresários do setor, principalmente os donos de pousadas e de outros empreendimentos turísticos, sentem na pele o abandono por parte do poder público de uma forma geral. Se não fizesse mais nada e apenas cuidassem da estrada, os governantes já fariam muita coisa; não só em Tepequém, mas em outras regiões turísticas, como Serra Grande, no Cantá, e em Uiramutã, por exemplo.

*[email protected]: www.roraimadefato.com