Cotidiano

Cientista político diz que Temer está sem governabilidade e prevê colapso

Delações dos sócios da gigante JBS resultaram em um apocalipse político que colocou o presidente Michel Temer no “olho do furacão”

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, homologou, na tarde desta quinta-feira (18), a delação premiada dos donos do grupo JBS. Com a confirmação das declarações de que o presidente Michel Temer (PMDB) deu aval para a compra do silêncio de Eduardo Cunha (PMDB), para evitar uma possível delação premiada do ex-parlamentar, o cientista político e professor da Universidade Federal de Roraima (UFRR), Paulo Racoski, afirma que o governo Temer dificilmente terá continuidade.

Do ponto de vista imediato, o primeiro efetivo negativo para as instituições com as delações será, segundo ele, a instabilidade política. “Não se tem como controlar todo o processo e a maior preocupação do ponto de vista governamental e da sociedade civil é o impacto econômico com desarranjo efetivo do sistema produtivo brasileiro, da economia, indústria e comércio, que devem entrar em colapso principalmente para a população de baixa renda”, disse.

Para ele, o colapso iminente com a divulgação das gravações irá desestabilizar as instituições e o sistema político brasileiro. “Já não estava indo bem por conta de diversas denúncias de corrupção e pela dinâmica do processo político alinhado do atual governo”, avaliou.

Ainda ontem, a Bolsa brasileira recorreu ao mecanismo de circuit breaker, que trava as negociações em caso de instabilidade no mercado, pela primeira vez desde 2008, após a crise provocada por gravação em que o presidente Michel Temer sugere a continuidade da compra do silêncio do ex­deputado Eduardo Cunha.

O cientista político disse que, além da possibilidade de cassação da chapa Dilma-Temer pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a única possibilidade de Temer deixar o Planalto do Palácio é ter o mandato suspenso pelo Supremo Tribunal Federal (STF). “Já entraram com dois pedidos oficiais de impeachment. Claro que o Supremo vai avaliar e que pode ser gerado o afastamento. Isso é uma cláusula constitucional, ele foi gravado em áudio e vídeo em processo robusto”, destacou.

Caso o presidente seja afastado, a Constituição prevê que o presidente da Câmara dos Deputados assuma o cargo. “O problema é que ele [Rodrigo Maia] também já está enrolado e assim que assumir vão aparecer os indícios de corrupção. O jogo é de eleição indireta, onde o Maia ficaria 30 dias e os congressistas elegeriam por voto secreto um presidente para terminar o mandato até 2018, o que poderia se um presente de grego, pois até o Tiririca poderia ser eleito”, ironizou.

Para Racoski, Temer deveria utilizar o resto de honradez que sobrou para renunciar ao mandato. “Se ele for humano, homem e se tem princípios de valores e honra, pouparia a nação brasileira, renunciaria de hoje para amanhã e abriria o processo de eleições diretas ou indiretas. Não há mais clima e ele não tem mais moralidade para continuar presidente do Brasil”, frisou.

Em pronunciamento público ontem à tarde, em rede nacional, Temer foi enfático ao dizer que não renunciará o mandato. (L.G.C)