Política

“É possível sim separar o joio do trigo”, diz deputada sobre Lava Jato

Parlamentar do PSDB é a presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher na Câmara dos Deputados

As reformas da Previdência, Trabalhista e a Operação Lava Jato são tema de uma entrevista com a deputada federal Shéridan (PSDB). Ela foi eleita no mês passado para assumir a presidência da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher na Câmara dos Deputados e, no ano passado, integrou a Comissão de Impeachment da então presidente da República Dilma Rousseff na Casa. Confira a entrevista:

FOLHA: Como avalia sua atuação nesse período em que está no parlamento nacional?

SHÉRIDAN: Assumi meu primeiro mandato como Deputada Federal em um ano difícil para milhões de trabalhadores, para aqueles que perderam seus empregos, para aqueles que tiveram as rendas de suas famílias diminuídas, para aqueles que perderam os sonhos e as esperanças. São anos marcados por corrupção, graves crises políticas e econômicas, legado deixado pelo governo anterior. Meu trabalho na Câmara dos Deputados tem sido muito intenso nesses dois anos. Apresentei uma série de proposições legislativas com foco na urgente reforma política, tão necessária, na moralização dos gastos públicos, na defesa nacional, na garantia de direitos dos que mais precisam e na defesa do nosso Estado de Roraima, além de indicar recursos de minhas emendas para as áreas de saúde, infraestrutura e urbanização de municípios de Roraima. Fui relatora de projetos essenciais e compatíveis com as reais necessidades da sociedade.

FOLHA: Como avalia a Reforma da Previdência? Já tem seu voto definido? Acha que o projeto ainda pode ser melhorado?

SHÉRIDAN: Nosso maior problema econômico atual é o déficit fiscal. A má prática de gastar mais do que o valor arrecadado fez com que o País acumulasse dívidas, reduzindo a capacidade de investimento e prejudicando a manutenção de serviços básicos.
É inegável a importância das reformas. Estou debruçada sobre os temas que estão pautados na Casa, estudando e buscando subsídios suficientes para que as reformas sejam justas para todos, porém o que está em jogo é o futuro do País, e não disputas ou palanque partidário. Existe um déficit na Previdência que, se mantida da forma que está, em poucos anos não será capaz de pagar os benefícios dos trabalhadores. Porém, não concordo com o texto que foi apresentado ao Congresso.

FOLHA: Como avalia a Reforma Trabalhista? Quais os pontos que não concorda?

SHÉRIDAN: A Reforma Trabalhista é um tema importante para garantir maior liberdade a empregadores e empregados. Temos um país campeão em ações trabalhistas que ao mesmo tempo não contribuem para a solução dos conflitos. Fortalecer a negociação e os acordos dentro das empresas é uma ótima ferramenta para estimularmos a contratação.

E nessa discussão precisamos abordar de forma séria à compulsoriedade do imposto sindical para avaliarmos se ele está servindo ao propósito de proteger os trabalhadores ou se está servindo a interesses políticos de legendas partidárias.

Essas reformas precisam servir como ferramenta de justiça social. A discussão precisa ser, acima de tudo, transparente, responsável e honesta.
O meu compromisso é com meus eleitores, com a população do meu Estado, com os trabalhadores de Roraima. Precisamos de uma reforma sim, mas de forma justa, sem ferir direitos adquiridos para que o nosso futuro seja garantido da melhor forma.

FOLHA: Qual sua visão enquanto parlamentar sobre a Operação Lava Jato? Quais os pontos que acha mais importante e quais discorda enquanto parlamentar?

SHÉRIDAN: As investigações da Operação Lava Jato trouxeram à luz um esquema de corrupção de proporções até então inimagináveis, para financiar um projeto de poder e de enriquecimento pessoal. A Lava Jato se consolidou como uma esperança para que o Brasil vire a página da impunidade. Juntamente com a operação surgiu uma população mais participativa, disposta a cobrar posicionamentos de seus representantes e governantes. Seja nas ruas através de protestos, seja nas redes sociais. Na política brasileira temos bons políticos que agem com ética e responsabilidade. É possível sim separar o joio do trigo. A grande arma da política é o voto e deve ser usado com critério e responsabilidade. Em um ano que antecede as campanhas políticas, é necessário avaliar, refletir e, a partir das nossas escolhas, podermos contribuir para a construção de um País mais seguro, justo e igual para todos. Reafirmo a confiança na Justiça e no trabalho desta Operação que está servindo de exemplo para coibir a corrupção e a impunidade no Brasil.

FOLHA: Na sua atuação, o que destacaria como mais relevante?

SHÉRIDAN: Uma reforma política de verdade é o que o Brasil precisa. Acredito que seja a maior de todas as reformas. Com base nisso, apresentei a Proposta de Emenda à Constituição de que moraliza o acesso dos partidos aos recursos públicos. Se aprovada, apenas os partidos que tiverem representatividade poderão acessar recursos públicos. Outro Projeto importante de minha autoria, apresentado ano passado, visa criminalizar as doações fraudulentas para campanhas eleitorais. O intuito é coibir esse tipo de prática. Temos que nos debruçar sobre esse tema tão importante para tornar nosso sistema político cada vez mais representativo e menos sujeito a abusos. No Congresso, também conseguimos aprovar medidas importantes que beneficiam não só a economia, mas áreas essenciais, como a educação. A PEC do Teto de Gastos, a Reforma do Ensino Médio e o fim da obrigatoriedade da exploração do pré-sal exclusivamente pela Petrobras são alguns dos exemplos de matérias importantes aprovadas após o fim da era PT.