Cotidiano

A previsão é calor intenso e chuvas escassas para o verão roraimense

O fenômeno produz massas de ar quentes e úmidas que geram diminuição do regime de chuvas em regiões do Norte e Nordeste brasileiro. Com isso, o risco de queimadas aumenta

O roraimense já pode se preparando para enfrentar altas temperaturas e pouca chuva nos próximos meses. Tudo indica que teremos a formação de um El Niño até o final do semestre. A afirmação é do meteorologista da Fundação Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Femarh), Ramon Alves.

Conforme o meteorologista, na teoria, o inverno roraimense vai até setembro e até lá, as precipitações de chuvas acontecem, mas com menos frequência em relação a junho e julho, pico do período chuvoso. “Estamos fazendo um monitoramento, mas tudo indica que teremos o fenômeno chamado El Niño, isso significa dizer que teremos pouca chuva e um período seco mais rigoroso”, afirmou Ramon.

Ainda conforme o meteorologista, o El Niño é resultante do aquecimento anormal das águas do Pacífico, na costa litorânea do Peru, onde geralmente as águas são frias. “O fenômeno produz massas de ar quentes e úmidas que geram a diminuição do regime de chuvas em regiões do Norte e Nordeste brasileiro. Já em outras regiões do Brasil, como em partes do Sudeste e Centro-Oeste, e na região Sul, o fenômeno contribui para o aumento de chuvas”, explicou.

Os eventos climáticos anômalos do Pacífico são cíclicos, ou seja, repetem-se durante um determinado tempo, podendo manifestar-se a cada três ou até sete anos. O El Niño, no entanto, vem sendo mais comum que o La Niña, fenômeno inverso ao El Niño, de acordo com Ramon.

“Ela – El Niña – representa um esfriamento anormal das águas do Oceano Pacífico em virtude do aumento da força dos ventos alísios. No Brasil, o La Niña provoca os efeitos opostos, com a intensificação das chuvas na Amazônia, no Nordeste e em partes do Sudeste, e pouca chuva no restante das regiões, principalmente na região Sul”, destaca o meteorologista.

QUEIMADAS – Com a alta temperatura ocasionada pelo El Niño, o risco de queimadas aumenta. “A preocupação maior nesse período é com as queimadas e incêndios florestais, além da falta de água em algumas regiões causada pela diminuição dos recursos hídricos”, disse Ramon.

O setor nordeste do estado, que abrange os municípios de Mucajaí, Bonfim e Cantá, chamado “arco do fogo”, é o mais atingido pelas queimadas. De acordo com Ramon, dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) revelam que, desde a grande seca de 1998, quando ocorreu em Roraima um dos maiores incêndios florestais do Brasil, “o governo federal tem investido no monitoramento e controle das queimadas, mas quando se registra um El Niño, a preocupação aumenta, e ligamos o sinal de alerta”, explicou.

Para o meteorologista, a ação humana ainda é a maior causadora de incêndios florestais no Brasil. “A prática, além de ser criminosa, acarreta vários prejuízos ao meio ambiente e a saúde humana e animal”, completou.

FERRAMENTA – A Femarh possui uma ferramenta que possibilita identificar possíveis eventos ambientais extremos, permitindo antecipar a adoção de medidas que possam evitar efeitos da seca ou inundações no estado, é o Boletim Hidroclimático, elaborado diariamente pela Sala de Situação.

Entre os recursos disponíveis, é possível identificar dados climáticos dos últimos cinco dias, verificar a previsão meteorológica, bem como o nível dos principais rios de Roraima, além de informações de focos de queima em todo o estado e previsão de risco de fogo.

“Qualquer pessoa pode baixar o aplicativo e acompanhar o boletim diário, acompanhar todas as informações relacionadas com a previsão do tempo, temperatura média, níveis dos rios e riscos de queimadas”, explicou. Este é o endereço do aplicativo: On-line

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