Cotidiano

Acadêmicos criam Liga para ajudar pacientes com lesões neurológicas

Com a finalidade de ajudar na recuperação de pacientes com algum tipo de lesão neurológica, seja em adultos ou crianças, alunos do curso de Fisioterapia da Faculdade Cathedral decidiram criar a Liga Acadêmica de Fisioterapia Neurológica (Lafin). Serão 10 estudantes que pretendem atuar no Hospital Geral de Roraima (HGR), Casa do Vovô e Rede Cidadania.

Essa não é a primeira Liga do curso de Fisioterapia da instituição de ensino. A Liga do Trauma já estabelece um diálogo frequente com pacientes do HGR e realiza um trabalho em parceria com os profissionais de saúde do local. No entanto, alguns acadêmicos sentiram a necessidade de atuar em uma área mais específica: a neurologia.

“Em Roraima, são muitos os pacientes acamados com patologias neurológicas graves e poucos profissionais para atendê-los. Foi a partir dessa necessidade que surgiu a ideia de criar a Lafin. A disciplina de neurologia também é apaixonante e muitos alunos se identificam com ela logo de início. São justamente esses que farão parte do processo seletivo para atuar na liga”, disse a acadêmica Adriany Carvalho, uma das idealizadoras do projeto.

Para que a Lafin saísse do papel, os acadêmicos precisaram pedir suporte a professores e à coordenação do curso. “Montamos um projeto e apresentamos. Foi muito bem aceito e agora estamos passando para as próximas etapas. Nossa intenção é começar a atuar nas unidades de saúde antes do segundo semestre”, explicou a acadêmica.

O projeto, de acordo com o professor e especialista em reabilitação neurologica, Paulo Thiago da Silva, terá várias etapas antes de ser executado. “A primeira coisa a se fazer é escolher a dedo os melhores alunos do curso. Aqueles que realmente se identificam com a área já estão procurando. Posteriormente, vamos organizar um processo seletivo: serão três palestras e uma prova escrita no final. Escolheremos 16 alunos e, destes, 10 farão parte da Lafin. Os seis restantes ficarão em lista de espera, caso haja desistência”, detalhou.

Para o professor, a iniciativa dos alunos é positiva pelo fato de ser uma área mais complexa de atuação e que realmente precisa de mais profissionais qualificados e dedicados. “No contexto geral, o mais comum é auxiliar na recuperação de pacientes que sofreram um AVC [Acidente Vascular Cerebral], paralisia cerebral ou lesão medular. Mas também existem os casos esporádicos, como de Mal de Parkinson ou Alzheimer. É muito gratificante ver os acadêmicos se interessando em ajudar essas pessoas. É uma iniciativa muito positiva”.

Paulo Thiago também ressaltou que, a partir do momento de ingresso em uma liga, o acadêmico amplia o seu senso crítico e raciocínio científico, agregando valor à formação acadêmica e pessoal. Além dessas características, a participação também afeta positivamente no desempenho profissional posterior, enriquecendo o currículo do aluno e facilitando a inserção no mercado de trabalho.

“Os integrantes, ao vivenciarem áreas de pesquisa distintas ao currículo formal, tornam-se potencialmente melhores profissionais, devido à ampliação da visão crítica e aumento do poder reflexivo. Vamos preparar esses acadêmicos desde o início para saberem como lidar com as dificuldades e limitações de cada paciente. Conteúdos que, geralmente, os acadêmicos estudam no último semestre dos cursos, os integrantes da liga estudarão no primeiro. Vale ressaltar que a instituição de ensino não possui nenhuma ligação direta com as ligas, mas apoia em sua totalidade”, enfatizou.

GOVERNO – Por meio de nota, a Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) informou que atualmente existem duas ligas atuando em estágios supervisionados na área de fisioterapia no HGR, sendo uma na fisioterapia intensiva, voltada para pacientes internados nas Unidade de Terapia Intensiva (UTI), e outra no Grande Trauma, com pacientes politraumatizados.

“Essa experiência tem gerado frutos positivos, contribuindo significativamente na reabilitação destes pacientes, melhorando a qualidade dos atendimentos oferecidos na unidade. A presença de uma liga voltada para a fisioterapia neurológica será de grande utilidade para o tratamento de pacientes neuropatas. O serviço de fisioterapia é indispensável em qualquer hospital, pois ele é o principal responsável  para acelerar a alta dos pacientes, diminuindo o tempo de internação, o que é bom tanto para o paciente quanto para a gestão”, frisou.

Atualmente, existem 39 fisioterapeutas no HGR, oferecendo diversos serviços nos blocos, durante 12 horas diárias, e 24 horas por dia nas UTIs e Grande Trauma, realizando aproximadamente um total de 230 atendimentos por dia.