Cotidiano

Artistas de rua ocupam Casa da Cultura e são retirados pela PM no dia seguinte

Ripes e malabaristas de rua, brasileiros e venezuelanos, invadiram no fim de semana a Casa de Cultura Madre Leotávia Zoller, na Avenida Jaime Brasil, no centro comercial mais antigo de Boa Vista, mas na segunda-feira, 06, policiais militares foram ao local e os retiraram do imóvel. Os invasores já haviam jogado lixo na calçada em frente a uma loja, na mesma avenida.

Comerciantes próximos do local disseram à Folha, ontem à tarde, que tomaram um susto quando chegaram para trabalhar na manhã de segunda-feira. “Tinha um monte de lixo na frente das lojas, jogado na calçada, obstruindo a passagem dos pedestres e dificultando ainda mais nossas vendas”, relembrou a atendente comercial Shirley Araújo, 39 anos, balconista.

O Governo do Estado já havia mandado limpar a área externa da Casa e algumas salas, mas os invasores alegaram justamente o contrário, dizendo que eles haviam limpado o imóvel. A Folha também conversou, ontem à tarde, com um ripe que foi retirado do imóvel anteontem. Ele confirmou que apenas limparam uma sala e jogaram o lixo na calçada.

“Eu e outros 12 ‘irmãos’, artistas de rua, brasileiros e venezuelanos, limpamos uma sala e ocupamos o imóvel porque entendemos que ele é um espaço destinado para os artistas. Mas hoje, infelizmente, a casa é utilizada por marginais e como banheiro público. Deveria ser uma casa de apoio aos artistas, em especial os venezuelanos. A gente jogou o lixo na calçada porque não havia depósito aqui perto, mas o retiramos e o colocamos em um contêiner no dia seguinte”, disse Henrique Novaes, 22 anos, artistas de rua.

Em 2015, a Casa de Cultura começou seu processo de tombamento pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Também naquele ano, o Governo do Estado, por meio das secretarias de Cultura (Secult) e Infraestrutura (Seinf), informou que estudava medidas para a recuperação do imóvel, o quanto antes. A secretária de Cultura, Selma Mulinari, disse ontem à tarde, à Folha, que o processo de reforma e restauração da casa está em fase final na Seinf.

“Trabalhamos de acordo com o exercício financeiro aberto recentemente em toda secretaria de governo. No caso da Casa de Cultura, encontramos o processo parado, mas a governadora Suely Campos [PP] pediu celeridade e logo demos continuidade a ele, organizando-o. Hoje, este processo chegou à última fase e a Seinf só finaliza a licitação”, adiantou a secretária.

A previsão é que a reforma e restauração comece neste ou no máximo no outro mês. Mas, enquanto o processo de licitação não for finalizado, o imóvel será cercado por tapumes para evitar novas invasões. Selma também adiantou que o Teatro Carlos Gomes passa pelo mesmo processo. “Falta locar recursos para a restauração e reforma, mas o Governo do Estado está fazendo parceria com o Ministério do Turismo, e a previsão é que as obras comecem ainda no primeiro semestre deste ano”, frisou. (AJ)