Política

Bolsonaro defende a exploração de nióbio em Roraima

O país tem 98% das reservas comercializáveis do mineral

Não é de hoje que o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) se posiciona contra a demarcação de terras indígenas. Sempre que tem chance, apresenta um mapa feito pelos militares, nos idos de 1970, que mostra os principais recursos naturais sob o solo brasileiro. “Dentro de Roraima vocês acham tudo o que existe na tabela periódica. De A a Z.”

Apesar de falar de ouro, bauxita e diamante, o maior interesse do deputado, que tem crescido nas pesquisas de intenção de votos para as próximas eleições presidenciais, parece ser mesmo o nióbio, produto retirado de minerais e que, se misturado ao ferro, cria uma espécie de superliga, mais leve e resistente que o aço comum. É utilizado em gasodutos, turbinas, chassis de carros e até em foguetes espaciais e reatores nucleares.

De acordo com o deputado, o país deveria ter maior controle sobre as reservas do produto, cujas jazidas gigantes, segundo ele, não podem ser exploradas por estarem sob terras demarcadas em Roraima.

Uma tonelada de nióbio, já transformado em liga, custa atualmente cerca de US$ 15 mil, enquanto a do ouro vale cerca de US$ 4,13 milhões.

Embora alegue que o país está deixando de ganhar dinheiro por causa da impossibilidade de exploração e culpe a existência de reservas indígenas por isso, o deputado desconhece um estudo do Serviço Geológico Brasileiro que aponta que, embora a reserva de Seis Lagos, no município de São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas, seja a maior jazida inexplorada de nióbio do país, com 2,8 bilhões de toneladas do produto, questões logísticas e de exploração no meio da selva amazônica inviabilizam comercialmente o ativo.

Ao propor o fim das demarcações, o deputado também ignora a possibilidade de regulamentação como opção ao fim das reservas. “PT, PC do B, PSOL e até a Rede não iriam deixar”, afirma.

Bolsonaro também disse desconhecer o exemplo da mina de estanho Pitinga, em Presidente Figueiredo (AM), onde índios da reserva Waimiri-Atroari controlam a passagem dos caminhões da mineradora.

O Brasil tem a maior reserva conhecida e domina o mercado mundial. É o quarto produto mais exportado da balança comercial mineral brasileira. O país tem 98% das reservas comercializáveis do nióbio. No mercado mundial, tem 90% das vendas. O Canadá, os 10% restantes.

Fonte: Notícias ao Minuto