Cotidiano

Centro de Equoterapia realiza mais de 30 mil atendimentos por ano

Por ano, são mais de 30 mil atendimentos junto a portadores de necessidades especiais (PNE) e outras patologias, como depressão, dislexia e autismo

O Centro Estadual de Equoterapia Thiago Vidal Magalhães Pinheiro (Ceequo), localizado no Parque de Exposição Dandãezinho, zona rural de Boa Vista, completou 14 anos de atuação no Estado ontem, 23. Por ano, são realizados mais de 30 mil atendimentos junto a portadores de necessidades especiais (PNE) e outras patologias, como depressão, dislexia e autismo. Atualmente, o Ceequo possui cerca de 180 praticantes ativos, entre 10 a 69 anos.

Segundo a gestora Lara Avelino, o Centro começou a funcionar antes da fundação oficial, que aconteceu em 2003. À época, a entidade contava com seis praticantes e um efetivo composto por um fisioterapeuta, um militar que trabalhava com equitação, uma psicóloga e uma pedagoga. No decorrer dos anos, foram incorporados professores de Educação Física, fonoaudiólogos, equitadores e coordenadores. Ao todo, o espaço conta com 56 funcionários.

Lara explicou que o Ceequo possui três programas de atendimento: o Equoeducação, que viabiliza um atendimento educacional especializado utilizando o cavalo como ferramenta pedagógica; a Equoterapia, um processo de reabilitação onde o praticante trabalha o fortalecimento muscular; e a Equitação Adaptada, em que os alunos com aptidão física e cognitiva para atividades como volteio, reprise, tambor e circuito treinam.

Visando melhores resultados e desenvolvimentos dos praticantes, o Centro implantou o projeto Equo-Tutoria no ano passado, em que cada servidor fica responsável pela tutoria de um grupo. A partir daí, a cada bimestre é realizada a tutoria com a coordenação para verificar os progressos. As ações pedagógicas são realizadas por meio de atendimento no picadeiro, formação continuada e estudo de casos.

Outro projeto implantado foi a Equo-Família, que envolve alunos, pais e comunidade em geral em um processo de construção de uma sociedade mais justa e sem discriminação. De acordo com Lara, são realizadas mini palestras, acompanhamento da família, conscientização de qualidade de vida e os conhecimentos benéficos da Equoterapia, Equoeducação e Equitação Adaptada durante a semana da família no picadeiro.

Conforme a gestora, a maior dificuldade que o Centro enfrenta é a distância da zona urbana de Boa Vista, tendo em vista que a maioria dos praticantes é de baixa renda. Com isso, foi disponibilizado um ônibus para o transporte dos alunos. “Mas, se tivesse a possibilidade de construir um Centro mais próximo, seria de grande ajuda”, pontuou.

EQUOTERAPIA – É a utilização do cavalo como recurso terapêutico para o desenvolvimento biopsicossocial de pessoas portadoras de deficiência ou de necessidades especiais. Na equoterapia, o cavalo é utilizado como um meio de se alcançar os objetivos terapêuticos. Conforme alguns especialistas, o movimento rítmico, preciso e tridimensional do cavalo ao caminhar pode ser comparado com a ação da pele humana no andar, permitindo a todo instante entradas sensoriais em forma de orientações e estimulações vestibular, olfativa, visual e auditiva.

INDICAÇÕES – A equoterapia é indicada no tratamento de diversos tipos de comprometimentos motores, como paralisia cerebral, problemas neurológicos, ortopédicos, posturais; comprometimentos mentais, como a Síndrome de Down; comprometimentos sociais, como distúrbios de comportamento, autismo, esquizofrenia, psicoses; comprometimentos emocionais, deficiência visual e auditiva, problemas escolares, como distúrbio de atenção, percepção, fala, linguagem, hiperatividade e pessoas que têm problemas de posturas, insônia e stress. (A.G.G)
 
Pais confirmam que equoterapia traz resultados positivos

Dos quase 180 praticantes ativos, mais de 90% são crianças. Em sua maioria, foram encaminhados por psicólogos ou psiquiatras. Foi o caso do Pablo Phylipi, de oito anos. Há três meses no Centro Estadual de Equoterapia Thiago Vidal Magalhães Pinheiro (Ceequo), os pais do menino, Ana Nery e Arnald Júnior, ficaram espantados com os resultados. “A equoterapia trouxe, em três meses, o que não conseguimos em um ano: paciência”, disse a mãe. Pablo recebeu o encaminhamento após o diagnóstico de autismo.

Arnald Júnior destacou que, mesmo em pouco tempo, a concentração do filho melhorou significativamente, tanto na escola, como em casa. Segundo Ana, a ansiedade com a chegada da segunda-feira comprova o amor que o filho tem pela atividade. Atualmente, os pais recomendam a equoterapia pelos resultados e profissionais. “A distância não é um problema, não pra quem tem uma criança especial, se for pra melhorar a gente vai a qualquer lugar”, frisou Ana.

A mãe da Raquel Letícia, de 11 anos, Elizete Chaves, também passou a indicar a equoterapia após assistir a mudança que a atividade trouxe à vida da filha. Raquel começou a frequentar o Ceequo aos dois anos e permaneceu até os seis anos, quando foi morar em outro Estado. Quando voltou a Roraima, aos nove anos, retomou as atividades. Raquel tem falta de oxigênio, microcefalia, uma leve lesão cerebral e atraso na coordenação.

Conforme Elizete, a equoterapia foi indicada pelo médico neurologista da criança. A mãe pontuou que logo no início, ao ver a filha andar, percebeu que a atividade poderia somar com a qualidade de vida de Raquel.

“Uma das neurologistas disse que ela nunca ia andar e, depois de nove meses na equoterapia, ela começou a andar. Hoje, todas as vezes que vejo pais que têm crianças especiais, já os oriento. Muitas vezes eles nem sabem que existe”, disse. (A.G.G)