Cotidiano

“Com Maduro, não há esperança”, dizem imigrantes venezuelanos

Reportagem da Folha conversou com imigrantes que aguardam vagas no abrigo do Jardim Floresta

Nos arredores do abrigo de refugiados localizado na avenida Carlos Pereira de Melo, bairro Jardim Floresta, vivem mais de 50 venezuelanos que ficam esperando para que um dia haja disponibilidade de novas vagas para eles.

Apesar de muitos não terem acompanhado as eleições no país de origem, todos pareciam saber da vitória de Nicolás Maduro, sem nenhuma demonstração de surpresa. As eleições, que ocorreram no final de semana passado, não foram reconhecidas por alguns países devido ao impedimento de concorrência de partidos opositores e o controle institucional total na apuração de votos.

O refugiado Alexsander Black, de 23 anos, afirmou que o que ocorreu não foi uma eleição de fato, mas apenas um ‘disfarce’ do controle de Maduro. “Com essas eleições, acho que mais pessoas vêm para cá. É a tendência. Não tem outro jeito. O país vai ficar vazio, pois não tem mais como sustentar esse ditador”, disse.

Para o casal Rodolfo Torre e Rumari Lareda, que estava acompanhado da filha, ainda criança, o resultado das eleições significa que as pessoas continuarão passando fome e o desespero que leva ao deslocamento para outros países será inevitável. “Estamos aqui há um mês, mas soubemos do resultado da eleição porque nos contaram. Todos por lá já parecem não ter mais dinheiro. Não há futuro para aquele lugar. Com Maduro, não há esperança”, frisou Rodolfo.

Já Rumari afirmou que só poderá pensar na possibilidade de voltar para seu país no caso de Maduro sair do poder. “As coisas ainda seriam meio incertas depois de ele sair. Mas pelo menos já daria para pensar em voltar. Qualquer coisa seria melhor do que o Maduro”, avaliou.

Outros venezuelanos que conhecem os que aguardam por abrigo passam pelo local volta e meia. Uma delas, chamada Yurelts Marquez, explicou que já não vê mais uma forma de voltar para seu país, por já conseguir ter se estabelecido em Roraima, três meses após sua chegada. “Meu futuro é aqui em Roraima. Para mim, a Venezuela já morreu. Consegui me estabelecer com a minha família e hoje vejo que o Brasil é uma terra de oportunidades e trabalho. Acho que não pensaria em voltar nem com a saída de Maduro do poder”, relatou. (P.B)