Cotidiano

Com grande número de casos de suicídios em RR, psicóloga faz alerta

No ano passado foram registrados 93 casos de suicídio no Estado de Roraima, este ano, já foram 27 registros

O suicídio foi responsável pela morte de 93 pessoas em Roraima no ano de 2016. Desde o início do ano, já foram registrados 27 casos. Apesar dos dados alarmantes, o suicídio pode ser prevenido, isso porque as pessoas que optam por isso geralmente demonstram sinais de risco. Segundo a psicóloga do Centro de Atenção Psicossocial (Caps) III, Cristiane Almeida, os familiares devem ficar atentos e procurar ajuda profissional.

A profissional disse que um dos primeiros sinais de comportamento suicida são pensamentos de morte. A pessoa remói sentimentos ruins e acredita que não exista outro modo de aliviar a dor que não seja a morte. “Essas pessoas não veem mais significado na vida e se sentem incapazes. As pessoas nesta situação têm o pensamento disperso, semblante triste e dificuldades de concentração”, informou.

Outro sinal é a mudança repentina de humor. “Eles sentem raiva e desejo de vingança, geralmente sofrem de muita ansiedade. Se sentem culpados, com vergonha e acham que são um fardo para a família e amigos. Eles também costumam externar esse sentimento afirmando que nada mais importa, que a vida não vale a pena. Eu estaria melhor morto ou não deveria ter nascido”, explicou a psicóloga ao acrescentar que, neste momento, as pessoas ao redor devem intervir.

“Muitas vezes, essas pessoas só precisam ser ouvidas. Muitos julgam e dizem que é apenas uma depressão, ou que não passa de ‘frescura’. Também é muito comum as pessoas dizerem que quem vai se matar não avisa. Muito pelo contrário. Esse aviso é um pedido de socorro, jamais deve passar batido e a ajuda profissional deve ser procurada”, disse.

OUTROS FATORES – A profissional alertou que não são somente pessoas depressivas que optam pelo suicídio. “Esse é um grande equívoco que muitos julgam como verdade, quando não é. Pessoas com esquizofrenia, transtorno bipolar, transtorno de borderline e diversos outros transtornos apresentam mudanças de comportamento que podem levar a isso”, afirmou.

Cristiane ressaltou que a ajuda pode ser obtida nos Caps, tanto da Prefeitura quanto do Estado. “Estes locais contam com psicólogos capacitados para lidar com esse tipo de transtorno e indicar a melhor forma de prevenir que a pessoa chegue a cometer o suicídio”, explicou.

TELEFONE 141 – Existe atualmente no Brasil o Centro de Valorização à Vida (CVV) que disponibiliza ajuda profissional por meio do telefone. A pessoa que tem tendência ao comportamento suicida ou familiares que detectem algum comportamento estranho podem ligar para o número 141 e conversar com um profissional.

“Infelizmente, o serviço não está disponível em Roraima, mas isso não impede o acesso. Para conseguir efetuar a ligação, basta a pessoa colocar o DDD de um Estado onde o serviço esteja disponível como, por exemplo, no Rio de Janeiro: basta colocar o 21 na frente do 141 e ligar”, explicou.

CAPS III – O Caps III disponibiliza um serviço de atenção à saúde mental em casos moderados a grave. Já pacientes com quadro de doença leve são encaminhados ao ambulatório da Clínica Especializada Coronel Mota, onde é disponibilizado o suporte de cinco psicólogos, sete psiquiatras e três clínicos que dão suporte no atendimento a esta área. Para ter acesso a este serviço basta procurar o posto de saúde mais próximo, onde um clínico fará o encaminhamento para a unidade especializada. O Governo assegura ainda o suporte com medicamentos, garantindo assim a eficácia no tratamento dispensado a quem precisa desse serviço.

Já as pessoas em situação de crise são direcionadas para o Hospital Geral de Roraima (HGR) e depois de saírem do surto, seguem o tratamento no CAPS III. Todo este protocolo é preconizado pelo Ministério da Saúde. A população pode contar ainda com os Caps nos municípios de Pacaraima, Caracaraí, Alto Alegre, Bonfim, Rorainópolis e Cantá.