Cotidiano

Farmácia Popular restringe faixa etária para retirada de remédios

O Ministério da Saúde anunciou, na quinta-feira, a restrição por faixa etária para a entrega de alguns medicamentos pela Farmácia Popular. A decisão partiu do Departamento Nacional de Auditoria do Sistema Único de Saúde (Denasus), que em 2016 percebeu que R$ 60 milhões foram perdidos naquele ano em quase todas as unidades da Farmácia Popular. Remédios eram entregues a pessoas com faixa etária fora das consideradas padrões daquelas doenças, até mesmo usando CPFs de falecidos.

A partir de agora, as regras serão: remédios para dislipidemia (altas taxas de gordura no sangue) só poderão ser distribuídos a pessoas com 35 anos ou mais; para mal de Parkinson, somente para os acima dos 51 anos de idade; para hipertensão deve-se ter acima de 21 anos; os anticoncepcionais serão somente para a faixa etária de 11 a 59 anos. Sinvastatina, carbidopa, captopril e noretisterona são exemplos para respectivamente cada uma das doenças.

Com a restrição, o ministério espera utilizar os R$ 60 milhões que serão poupados na ampliação da quantidade de remédios disponíveis. Quem precisar dos remédios e estiver fora da faixa etária ainda pode consegui-los pedindo para ser incluído no cadastro de CPFs do SUS, pelo telefone 136 ou pelo e-mail [email protected].

PREJUÍZO – Em Roraima, há 30 Farmácias Populares, todas funcionando em Boa Vista. O diretor da Associação Brasileira do Comércio Farmacêutico (ABCFARMA), segundo presidente do Sindicato dos Farmacêuticos do Estado de Roraima (Sindifarma) e presidente de uma rede de drogarias no Estado, Edimar Lima, acredita que a mudança causará transtornos aos usuários credenciados.

“Alguns vão ficar de fora da assistência gratuita, gerando uma dificuldade para nós que temos estas farmácias”, disse Lima. Isso porque há um grande número de pessoas habilitadas a receberem remédios pelo programa. “Só na minha rede de drogarias, são atendidas, em média, 50 pessoas por dia”, detalha.

O farmacêutico Jorge Sodré, que trabalha no bairro Pricumã, zona Oeste, acha que a decisão vai prejudicar os dependentes de remédios que não terão condições de pagar. “Existem pessoas que já nascem com aqueles problemas de saúde. Elas não poderão pegar por quê? Se ela não tiver dinheiro, ela vai morrer?”, questionou.

Outro farmacêutico, também no bairro Pricumã, Plínio Poerschke, acredita que a medida seja uma escolha do Governo Federal em reduzir gastos. Conforme disse, o SUS deve ter calculado a quantidade de pessoas doentes por faixa etária, concluindo que as idades estipuladas a partir desta semana são as com mais pacientes.

Apesar de preferir como era antes, Poerschke não vê tantos problemas. “Antes, mais pessoas tinham acesso ao medicamento de forma gratuita ou com porcentagem menor em cima do valor. Mas é possível ligar para o SUS, que fala diretamente com o paciente e, dependendo da conversa deles, o remédio é liberado”, comentou. (NW)