Cotidiano

'Foi um alívio' diz venezuelano transferido para abrigo

Reinaldo Diaz, Genesis Figueroa e Rayele Valentina de 1 ano são alguns dos primeiros venezuelanos a serem relocados ao abrigo 'Jardim Floresta'

Reinaldo Diaz, Genesis Figueroa e Rayele Valentina de 1 ano são alguns dos primeiros venezuelanos a serem relocados ao abrigo ‘Jardim Floresta’. Há cerca de 45 dias na capital, a família estava morando na Praça Simón Bolivar em situações precárias, sem água potável e sem segurança, a mudança para os novos aposentos fez com que a vida deixasse de ser ‘menos ruim’ como dizem.

Na Venezuela, Reinaldo trabalhava com a impressão de um jornal da cidade de Matúrin, a companheira Genesis, cuidava da casa e de Rayele recém nascida quando as coisas começaram a mudar. “Foi tudo muito rápido, uma mudança brusca da realidade, eu tinha um emprego, minha filha tinha os cuidados necessários, tinhamos uma boa vida. De uma hora para outra, não tinha mais alimento, eu perdi emprego e não tinhamos acesso aos cuidados médicos” contou Reinaldo.

O casal juntou as poucas roupas em algumas mochilas, e até um balde que servia para coletar a água veio. “São todos os nossos pertences, não temos mais nada de valor. Tudo o que tinhamos nós vendemos para as passagens” disse.

Em Roraima, o casal diz que sente medo e que o abrigo poderia dar mais segurança. “Foi um alívio. Nós escutamos as notícias das manifestações, onde alguns brasileiros queimaram as coisas de alguns venezuelanos, expulsaram alguns deles. Aqui, tem o exército cuidando da segurança, nós sentimos mais a salvo. Nossa preocupação agora é arranjar um emprego e conseguir ter o nosso espaço, fazer a nossa vida aqui” explicou Genesis, que relatou não ter esperança em voltar para a Venezuela.

A retirada é realizada pela parceria entre o Governo do Estado, Prefeitura de Boa Vista, Exército brasileiro, Acnur e Governo Federal.

O novo abrigo irá oferecer um galpão, banheiros químicos e espaço para barracas, além de alimentação que será fornecida pelo Exército. O foco são mulheres grávidas, crianças, portadores de necessidades especiais e idosos em situação vulnerável que receberam uma pulseira de identificação.

A prioridade foi definida após um trabalho de cadastro e identificação das dezenas de famílias que vivem na Praça Simón Bolívar, selecionando assim as pessoas que estão mais expostas a vulnerabilidades. Homens e mulheres solteiras devem ser abrigados posteriormente.

A área onde fica o novo abrigo chegou a ser utilizada pelo Corpo de Bombeiros Militar de Roraima (CBMRR) para treinamento de soldados da corporação. O prédio privado foi alugado pela Acnur pelo período de dois meses e tem capacidade para 1.000 pessoas.