Polícia

Idoso desaparece misteriosamente em sítio no interior de Mucajaí

Na quarta-feira, dia 07, o idoso Antônio Souza Pereira, de 73 anos, desapareceu misteriosamente do sítio onde mora, na zona rural de Mucajaí, a pouco mais de um quilômetro de distância da sede do município. Segundo a família, ele foi visto pela última vez após o almoço, quando desceu em direção ao igarapé.

Não restou qualquer vestígio do homem e, desde então, as buscas foram iniciadas por bombeiros, caçadores da região e um grupo de evangélicos. A Polícia Civil iniciou as investigações na quinta-feira, dia 08. A filha dele não descarta a possibilidade do pai ter sido assassinado em consequência de um conflito de terra.

A filha Ana Valéria de Almeida Pereira explicou como aconteceu o sumiço. “Ele realmente desapareceu na quarta-feira, depois que ele almoçou, quando desceu para o quintal. Ele mora no sítio e não estava sozinho. Minha mãe, minha sobrinha, que estava se arrumando para estudar, e um bebê de colo estavam em casa”, disse.

Quanto aos sintomas que eventualmente surgem com a idade avançada, a filha não acredita que tenham sido as razões do desaparecimento. “Ele é lúcido, não tem problemas de esquecimento. Pelo contrário, tem memória de elefante. Conhece o terreno como a palma da mão. É uma pessoa que tem 73 anos, mas uma mentalidade de 35”, disse Ana Valéria.

Segundo a família, Antônio Mora há 28 anos no sítio localizado a pouco mais de um quilômetro das margens da BR-174, em um balneário particular que é aberto à visitação às sextas-feiras, sábados e domingos, no período de verão. Apesar de uma operação pente-fino ter sido realizada por equipes de bombeiros, caçadores e evangélicos que fazem trilha na região, nenhum indicativo do paradeiro do homem foi encontrado.

“A equipe de bombeiros deu todo o apoio necessário. Um dos bombeiros é sobrinho do meu pai. Temos outros amigos que também trabalham na corporação. Temos o pessoal da igreja da minha mãe, que são adventistas e fazem trilha pelo caminho do terreno. Além disso, temos uma equipe de caçadores que são homens de confiança. Em torno de 50 homens já fizeram uma operação pente-fino, no entanto, não acharam vestígio de nada”, relatou a filha.

Os familiares não acreditam que animais tenham atacado o idoso. “Está misterioso, já que esse povo todo fez a operação pente-fino em todo o terreno, que também tem acesso ao rio por meio de uma trilha e não acharam nenhum indício do desaparecimento. Nem o facão, que era grande, nem a sandália havaiana foram encontrados, porque se uma sucuri tivesse engolido meu pai, teria sobrado uma havaiana ou o facão”, enfatizou a mulher.

Conforme as informações da família, o idoso desceu como de costume para o quintal, de sandália, trajando calção e uma camiseta. Diariamente ele recolhia o lixo e limpava ao redor da casa, que fica no alto do terreno, enquanto o balneário numa baixada. “Foi visto pela última vez às 12h55 pelo meu cunhado, que ia chegando em casa. Ele viu o papai descendo com o facão na mão. Meu pai não costuma se ausentar durante muito tempo. No máximo ficava andando pelo sítio uma hora. Se ele fosse se aprofundar mais na caminhada, teria calçado a bota, vestido calça comprida e camisa de manga cumprida”, acrescentou.

Uma informação foi repassada à polícia, na tarde da quinta-feira, de que há aproximadamente cinco dias o idoso teve uma desavença com o vizinho que estaria invadindo sua terra, mas nenhum registro da queixa foi feita na delegacia, considerando que, para a família, o caso seria encerrado após o pedido do idoso para que o vizinho deixasse de fazer queimadas no terreno. Quando questionada se o vizinho está pela região ou se ele apresentou alguma atitude suspeita, a mulher afirma que, apesar dos indícios, não há nenhuma prova concreta da autoria de qualquer crime.

“Tem muitos indícios, mas ainda não são provas. Eu fui à delegacia e registrei o Boletim de Ocorrência. Ontem começaram as investigações, dois dias depois, visto que na quinta-feira era feriado. Depois de muitas ligações que fiz, foi que consegui que um agente viesse fazer a investigação da denúncia. A polícia espera muito tempo, deixa para apurar os fatos depois. O vizinho fez uma queimada no local e, se houver algum indício de morte, ele queimou o corpo. Aí estamos nessa situação difícil”, frisou a filha. (J.B)