Cotidiano

“Indígenas precisam preservar suas culturas”, avalia secretário do Índio

Para Dilson Ingaricó, titular da Secretaria Estadual do Índio, é preciso também desmistificar a ideia do índio como inimigo

Celebrado em todo o país nesta quinta-feira, 19 de abril, o Dia do Índio não será somente um dia para comemoração. Conforme as lideranças indígenas do Estado, o momento também é de avaliação dos avanços e retrocessos para os povos de Roraima, em especial, no cenário político.

Para Dilson Ingaricó, titular da Secretaria Estadual do Índio (SEI), um dos principais focos da data comemorativa é analisar o possível enfraquecimento de políticas voltadas para a questão indígena na esfera federal. “Os indígenas param nesse momento para analisar onde eles estão, avaliar a sua participação dentro do sistema do Estado e o que o Estado diz com relação à participação dos indígenas no sistema. Com essa análise, podemos partir em busca do fortalecimento e procurar construir uma política específica que atenda as demandas dentro da gestão do Estado”, afirmou.

IMPEDIMENTOS – O secretário explicou que um dos obstáculos ainda a ser enfrentado, por exemplo, é desconstruir a ideia de que é preciso colonizar os povos indígenas e torná-los iguais aos demais. Para Dilson, os indígenas resistem há muito tempo porque são diferentes, com culturas distintas entre si e precisam continuar a promover essas características.

“O nosso conhecimento é rico em muitas situações e, portanto, não devemos esquecer o que somos e quem somos. Os indígenas vão continuar a existir e querem que o Estado reconheça esse direito de existir”, salientou.

Dilson Ingaricó ressalta ainda que é preciso reconhecer a originalidade dos povos indígenas e desmistificar a ideia do índio como inimigo ou que “o indígena só quer a demarcação da terra e não querem fazer mais nada”, avaliou. “Parece até que o índio veio de outro lugar e está incomodando alguém que é aqui da terra. Pelo contrário. O índio está lá, se aprimorou, vivencia a sua cultura, não tanto com o olhar de crescimento econômico, mas da defesa do lugar natural. Ele tem o direito de reivindicar a terra”, reforçou.

OMIR discute representatividade das mulheres indígenas

A Organização das Mulheres Indígenas de Roraima (OMIR) promove desde terça-feira, 17, a 17ª Assembleia Estadual das Mulheres Indígenas de Roraima, desta vez, com o tema: “Mulheres indígenas promovendo a autossustentabilidade”.

O evento continua até hoje, 19, na comunidade indígena Pium, Terra Indígena Manoá-Pium, região Serra da Lua, no Município de Bonfim. Durante a assembleia, serão discutidas a saúde da mulher, medicina tradicional, violência contra as mulheres, Lei Maria da Penha, educação e política partidária, além da elaboração do planejamento das atividades regionais das mulheres indígenas e eventos culturais com cantos e danças.

Participam do evento representantes da Omir, do Conselho Indígena de Roraima (CIR), da Sociedade de Defesa dos Índios Unidos de Roraima (Sodiur), da Associação dos Povos Indígenas da Terra Indígena São Marcos (APITSM), da Hutukara Associação Yanomami (HAY), do Conselho do Povo Indígena Ingaricó (Coping), da União das Mulheres Indígenas da Amazônia Brasileira (Umiab) e de mulheres indígenas da região Serras, Serra da Lua, Surumu, Tabaio, Amajari, Raposa, Baixo Cotingo, Murupú, São Marcos, Wai-Wai e Yanomami.

DEMAIS PROGRAMAÇÕES – Segundo Dilson Ingaricó, várias instituições também promovem outras programações em alusão ao Dia do Índio, em parceria com a Secretaria Estadual do Índio. Na comunidade Campo Alegre, em Boa Vista, o evento que teve início ontem, 18, segue até a sexta-feira, 20. Lá serão realizadas apresentações de danças e exposição de artefatos indígenas.

Na sede da Secretaria do Índio, haverá a apresentação de comidas típicas indígenas e algumas exposições. Amanhã, 20, o Instituto Insikiran de Educação Superior Indígena da Universidade Federal de Roraima (UFRR) promove a 1ª Feira Internacional de Cultura Indígena e a 3ª Feira Intercultural do Instituto Insikiran, com exposição e apresentações culturais valorizando a cultura indígena brasileira e dos povos Warao da Venezuela. (P.C)

TJRR constitui Comissão
de Acessibilidade e Inclusão

O Tribunal de Justiça de Roraima constituiu a Comissão Permanente de Acessibilidade e Inclusão (CPAI), por meio da portaria nº 453, de 2 de abril de 2018. A comissão tem por objetivo atuar contribuindo na adoção de medidas que visem melhorar a estrutura dos prédios, como rebaixamento de balcões, sinalização em braile, mais acessibilidade nas mídias produzidas, como legendas e audiodescrição, expansão das oficinas praticando as diferenças, além de informativos que serão colocados em todos os meios de comunicação do Tribunal.

A presidente do Tribunal de Justiça de Roraima, desembargadora Elaine Bianchi, é presidente da comissão e a arquiteta do Tribunal de Justiça Claudete Pereira da Silva é a coordenadora. “Estamos começando nosso trabalho, com um questionário para identificar a necessidade de cada servidor que possua alguma deficiência e começaremos as mudanças internas com maior sensibilidade em prol dos diferentes, também buscando melhor atender o público externo com alguma limitação”, disse Claudete.

Compõem a comissão um servidor do setor de informática responsável por verificar como o TJ poderá oferecer mais acessibilidade digital; um servidor dos recursos humanos, o qual informará a lista dos servidores com deficiência; um servidor da Escola do Judiciário (local onde serão realizados cursos de acessibilidade e inclusão); um servidor que adquiriu deficiência auditiva no decorrer dos anos que sabe a importância da Língua Brasileira de Sinais (Libras) para melhor atender o público surdo; uma servidora cega que sente a dificuldade de adequação e principalmente a falta de sensibilidade, por parte de pessoas que enxergam na hora de auxiliar um cego, caso seja preciso.

O Conselho Nacional de Justiça, por meio da Resolução 230 de 16 de dezembro de 2009, através do decreto 6949/2009, determina que todos os Tribunais de Justiça do País formem a Comissão Permanente de Acessibilidade e Inclusão, em conformidade com a Convenção Internacional da ONU em prol da acessibilidade e inclusão.