Política

“O respeito pelo dinheiro público deve ser prioridade”, diz deputado

Parlamentar do PHS é direto em seus posicionamentos e acredita que o País está melhorando

As reformas da Previdência, Trabalhista e a Operação Lava Jato são tema da entrevista com o deputado federal Carlos Andrade (PHS). O roraimense de 51 anos é da ala evangélica, é membro de importantes comissões, como a Comissão de Minas e Energia, da Reforma Política, da Lei Rouanet, da Escola sem Partido, de Finanças e Tributação, de Relações Exteriores, de Telecomunicações e da Liberdade de Opinião no Ensino Religioso. Andrade recebeu o Prêmio do site ‘Ranking Políticos’ como o melhor congressista de Roraima em 2016.

FOLHA: Como avalia sua atuação nesse período em que está no parlamento nacional?

CARLOS ANDRADE: Seria muito egoísmo de minha parte me autoavaliar. Essa avaliação cabe às pessoas do meu Estado. Posso dizer que nesse período, desde o início, não faltou dedicação em propiciar melhores condições de vida para a nossa gente, sofrida, que em pleno século XXI, ainda não possui em energia elétrica em suas casas, principalmente os moradores das vicinais no interior do Estado. Pude direcionar recursos para todas as áreas, saúde, educação, rede elétrica, estradas e obras de infraestrutura em geral que propiciam melhorias aos municípios. Claro que hoje, conhecendo melhor o funcionamento da Casa parlamentar, sinto-me cada vez mais preparado para atuar na defesa dos roraimenses.

FOLHA: Como avalia a Reforma da Previdência? Já tem seu voto definido? Acha que ainda pode melhorar?

CARLOS ANDRADE: Entendo que a grande mobilização dos trabalhadores desse País – e Roraima exerceu protagonismo nesse sentindo – pressionou o Governo a recuar. Como representante da população, sempre estarei atuando conforme a vontade da gente do meu Estado. Apesar de a Previdência precisar de ajustes, e entendo que precisa, mas não aceitarei imposições do Governo, pois o tema precisa ser melhor debatido.

Hoje o meu voto é contra a Reforma, não posso aceitar as justificativas do Governo em penalizar os trabalhadores, levando-os a perderem direitos conquistados. O País possui grandes empresas e bancos que devem bilhões a previdência, além disso, precisamos de um levantamento maior e mais preciso sobre a situação previdenciária do País.

FOLHA: Como avalia a Reforma Trabalhista? Quais os pontos que não concorda?

CARLOS ANDRADE: Entendo que precisamos incentivar a iniciativa privada, mas não é punindo o trabalhador que estaremos fazendo isso. Em tempos de economia enfraquecida, em que falta emprego e sobram pessoas buscando por trabalho, entendo ser pertinente a proposta do Governo, mas não podemos esquecer o que a CLT representa para os trabalhadores deste País, assegurando direitos e deveres, protegendo o lado mais fragilizado dessa relação.

Entre os pontos que não concordo, destaco:

– A demissão em comum acordo. Atualmente é inconstitucional e dificilmente teremos uma situação onde o bom senso prevaleça, e o trabalhador não seja prejudicado.

– O enfraquecimento da Justiça Trabalhista, pois o substitutivo propõe alterações na competência da Justiça do Trabalho, de forma a reduzir seu poder de atuação, evidenciando a intenção de minimizar o poder da Justiça do Trabalho.

FOLHA: Qual sua visão enquanto parlamentar sobre a Lava Jato? Quais os pontos da operação que acha mais importante para o futuro do País e quais discorda?

CARLOS ANDRADE: Todos trabalhamos por um País melhor, onde se respeite às leis, onde o jeitinho brasileiro não seja sistêmico. A Lava Jato vem ao encontro do anseio da sociedade, em que, quem errou, não importa o cargo, não importa quanto seja rico, pague pelo seu erro.

A corrupção não é somente o desvio de recursos públicos, ela finda a esperança das pessoas por melhores condições de vida, isso quando ela não finda com a própria vida da nossa gente. As pessoas carentes são as que mais sofrem, pois são as que mais precisam do atendimento público.

Não tenho dúvida que estamos todos presenciando a construção de um país melhor, onde o respeito pelo dinheiro público seja prioridade, e não uma exceção.

FOLHA: Quais são os projetos de sua autoria que destacaria como mais relevantes?

CARLOS ANDRADE: Sou autor do PL 88. A proposta concede seguro-desemprego ao agricultor familiar rural ou extrativista que esteja impedido de exercer sua atividade, exclusiva e ininterrupta, em razão de excesso de chuvas, estiagem severa, vendavais e chuvas de granizo. Também sou autor do PL 3393, projeto que institui regras de segurança nos trocadores de crianças. Sou atuante na luta da PEC 199/16, que trata do enquadramento dos funcionários dos ex-territórios federais, que foi aprovado em comissão e agora segue para o Plenário da Câmara em 2017.

No ano passado, destinei cerca de R$ 15 milhões em emendas para saúde, infraestrutura, assistência social e educação ao Estado e aos municípios do Cantá, Alto Alegre, Rorainópolis, Normandia, São João da Baliza, e Amajari.