Cotidiano

Prefeitura já concluiu a demolição de 170 casas no Beiral e ainda faltam 64

Demora em concluir desapropriação é por conta de problemas na documentação das casas, pois vários donos já morreram

Passados pouco mais de dois meses após o anúncio do plano de urbanização da área de interesse social Caetano Filho, popularmente conhecida como Beiral, no Centro, a Prefeitura de Boa Vista já conseguiu demolir 177 das 247 propriedades negociadas no projeto que vai criar o complexo turístico Parque do Rio Branco.

Por meio de nota, a Administração Municipal informou que 30 proprietários receberão aluguel social até que sejam contemplados com moradias do programa Minha Casa Minha Vida, enquanto 211 optaram por receber indenizações. Restam apenas 64 casas para serem demolidas e a demora se deve ao fato de algumas famílias estarem com dificuldades de finalizar a negociação por conta da ausência de inventário, pois a área já é ocupada há muito tempo e muitos proprietários são falecidos.

Segundo a Procuradoria Geral do Município (PGM), os valores da indenização para os moradores da área contemplada no projeto variaram de R$ 30 mil a R$ 330 mil, considerando R$ 841,12 por metro quadrado, como preconiza a Lei 1.777/2017. Ao todo, R$ 16 milhões em indenizações devem ser gastos para retirar as famílias das casas.

Em relação ao Aluguel Social para as famílias que optaram por estarem alojadas em casas alugadas, elas vão receber o benefício de R$ 1.200 até a finalização de suas novas moradias, que serão construídas no bairro Laura Moreira, na zona oeste da Capital, onde fica o Conjunto Cidadão.

Orçado em mais de R$ 100 milhões, o Parque Rio Branco será concebido por meio de convênio federal. A obra vai englobar todo o perímetro do Beiral, pegando parte da Avenida São Sebastião, que divide o Centro dos bairros Calungá e São Vicente, na zona sul.

ENTULHO – A Folha percorreu o local, no fim de semana, para ver de perto a situação da localidade após as demolições. Em algumas áreas, principalmente próximas do antigo ponto de venda de peixe, a visão é de apenas montes de entulhos. Questionada sobre o problema, a Prefeitura informou que a limpeza da área já estava no cronograma de atividades da Secretaria Municipal de Serviços Públicos e Meio Ambiente. A previsão é de que os trabalhos se iniciem em novembro.

Mesmo diante de uma localidade que propicia riscos relacionados ao contágio de doenças por causa do mosquito Aedes aegypti ou até mesmo ataque de animais peçonhentos, a movimentação de pessoas pelas áreas já desapropriadas continua. “Depois que a Prefeitura demoliu as casas por aqui, deu uma diminuída no número de pessoas, e é provável que grande parte tenha migrado para outras localidades. Mas, ainda assim, pelo menos nessa parte que ficava a peixaria, ainda tem movimentação de gente que aproveita para consumir drogas”, relatou morador que não quis se identificar.

Para ele, a Prefeitura acertou na decisão de demolir algumas residências, já que o clima de insegurança por conta do tráfico de drogas na localidade era comum entre os moradores. “Na minha opinião, não havia mais outra alternativa. Ou era retirar essas casas ou deixar que a criminalidade continuasse a crescer. A gente sabe que, mesmo tendo gente de bem, o Caetano Filho sofria a mácula de ser uma localidade dominada por tudo de ruim, e isso não era nada bom para a gente”, frisou. (M.L)