Cultura

Psiquiatra diz que corrupção é transtorno de personalidade

Alberto Iglesias é Médico Psiquiatra e Membro Titular da Associação Brasileira de Psiquiatria – ABP

Muitas vezes nos perguntamos, se moramos num país com uma das maiores cargas tributarias do mundo, porque os serviços que nos são oferecidos de forma pública, como saúde, educação, segurança, são tão ruins, precários, e de cada R$ 1 pago através de impostos porque apenas alguns centavos retornam ao cidadão através benfeitorias públicas, onde foi parar o resto do dinheiro, a resposta é simples: Corrupção.
 
O médico psiquiatra Alberto Iglesias explica como começa a corrupção. “Segundo a teoria de Darwin a evolução acontece pela seleção natural, onde somente os mais fortes e inteligentes sobrevivem, segundo a Bíblia em Gênesis, o criador criou o Homem, depois a Mulher para viver no Éden, onde não havia pecado e o criador vivia junto com os homens, após quebrar uma regra até que bem simples para os dias atuais, os homens foram expulsos do Éden não se comunicando mais como antes com o criador, o criador naquela ocasião teria se arrependido da criação dos homens, seria então o primeiro ato corrupto do ser humano, não respeitar uma simples regra”, explica.
 
Para o médico, a corrupção é uma doença. “É um transtorno de personalidade, com três tipos de classificação e sintomas claros. E o pior: não tem cura”, reforça.

Para a psiquiatria, só pode ser considerada uma pessoa normal aquela que não mata, não estupra e não comete atos ilícitos como a corrupção. Sendo assim, em princípio, todo corrupto sofreria de um transtorno de personalidade.

“Tem alguma coisa no desenvolvimento mental que não foi adequado. Ele é um doente mental, tem três transtornos de personalidade nas quais o indivíduo corrupto freqüentemente se encaixa: transtorno de personalidade anti-social, transtorno narcísico e o transtorno borderline de personalidade”, relata.

O medico explica que o corrupto anti-social é aquele que transgride a lei sem se importar com o prejuízo que está causando ao outro, e sem nenhuma culpa por isso. “Quer levar vantagem em tudo. É o indivíduo que fura fila, para em fila dupla, que suborna o guarda”, relata.

Já o corrupto borderline é impulsivo e facilmente se descontrola. “Instável, passa do amor ao ódio em segundos. São as pessoas, por exemplo, que tem relações como se diz por aí, entre tapas e beijos”, explica.
 
O último tipo é o corrupto narcísico que tem mania de grandeza e uma enorme necessidade de ser admirado o tempo todo. “É facilmente encontrado na política e na religião. Diz que tem uma missão salvadora. É o indivíduo que, mesmo perdendo o poder, não perde a pose”, diz.

Para o psiquiatra, se o político chega honesto no poder e se corrompe, ele já tinha esse transtorno de personalidade. “Tem o ditado que diz: a ocasião faz o ladrão. Mas nem todas as pessoas dentro de ocasiões favoráveis vão roubar. O corrupto já nasce corrupto: Todos os transtornos de personalidade têm um aspecto genético. Mas a contribuição do ambiente, de um ambiente permissivo no desenvolvimento nesse tipo de comportamento é importante também. O fator ambiental pesa mais que o genético”.

Segundo o especialista, o comportamento corrupto é algo que deve ser considerado completamente irreversível e incurável. O que a sociedade deve fazer é conter essas pessoas limitando seus poderes, sejam poderes políticos ou profissionais, para que eles não tenham um cenário, um contexto favorável ao exercício da corrupção.

Corrupção é ato de cometer atitudes ilícitas com o intuito de conseguir vantagem financeira ou mais poder. “O típico corrupto é o indivíduo que busca driblar regras em benefício próprio, sem levar em consideração outras coisas que não o próprio benefício. Afirmo que esse tipo de comportamento é causado por um transtorno de personalidade, que pode ser definido de forma mais clara como sendo um defeito do caráter. Esse personagem é constantemente atraído para situações em que se conhecem possibilidades de obtenção de vantagens diversas com facilidade e, por isso, há proliferação desses indivíduos no meio político”, finaliza o médico.