Política

“Responsabilizar governadora é precipitado”, diz deputado Sampaio

O parlamentar condenou a pressa na votação do relatório e afirmou que era preciso dar ampla defesa e contraditório

Os membros da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Sistema Prisional, ligados a base aliada do Governo de Roraima – Soldado Sampaio (PC do B) e Mecias de Jesus (PRB), ausente na reunião – impetraram um requerimento pedindo a oitiva dos dois secretários indiciados, Uziel Castro e Josué Filho, durante a reunião que aprovou o relatório, mas foram votos vencidos. “A CPI é um relatório preliminar e todas as oitivas restantes devem ocorrer em plenário, após a aprovação do relatório”, disse a presidente da Comissão, deputada Lenir Rodrigues (PPS).

Bastante incomodado com a pressa na votação, Sampaio fez uma ressalva sobre a parte do relatório que responsabilizava a governadora Suely Campos. Ele não concordou com o relator no que diz respeito ao crime de responsabilidade praticado pela governadora.

“Crime de responsabilidade me remota a presidente cassada Dilma Rousseff, que mesmo não cometendo crime, foi afastada do cargo. Então, essa responsabilização abre precedente para afastamento da governadora, é uma faca atravessada no pescoço daqui para frente e não podemos permitir isso. Roraima não pode passar por isso, pois Suely foi eleita pelo povo”, afirmou.

“Não estou convencido de crime de responsabilidade por parte da governadora. Não tenho como avaliar a relação, o grau de responsabilidade da governadora, que medidas foram tomadas há tempo para impedir que isso não acontecesse”, acrescentou Sampaio.

Para o parlamentar, mesmo a CPI não tendo poder jurídico legal de indiciamento, o fato político foi gerado. Sampaio também criticou a pressa na aprovação do relatório alegando que precisaria de mais tempo para ler o documento, mas o pedido foi rejeitado pelos demais membros. “Se joga para cima, se cria um fato e esse fato vai ganhando corpo e lá na frente fazem um impeachment da governadora. Pegamos esse relatório hoje [ontem], foi uma coisa muito rápida. A CPI levou quase um ano de trabalho e o relatório foi concluído no final de uma tarde e entregue na hora da votação para os membros da comissão. Não acho isso certo”, comentou.

O parlamentar afirmou que vai se reunir com a base governista e com os advogados para ver o que pode ser feito. “A pessoa tem que se defender. Não é uma caça às bruxas. Meu pedido de vista foi negado de forma ilegítima e cabia sim dentro do processo legal”, disse. Para a presidente da CPI, “os requerimentos apresentados eram preclusos, tardios”.