Cotidiano

Servidores dos Correios ameaçam entrar em greve a partir de amanhã

O Sindicato dos Trabalhadores na Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos e Similares de Roraima (Sintect) ameaça aderir à greve nacional por tempo indeterminado a partir da meia-noite desta quinta-feira, 27. A ideia será discutida junto aos servidores durante a Assembleia Geral Extraordinária que será realizada hoje, 26, às 18h, na sede do Sintect, localizada na Avenida Ville Roy, número 5249, sala 108, no bairro São Pedro, zona Leste da capital.

Segundo o presidente do Sintect, Ariomar Farias, os principais motivos para a greve são o desmonte dos Correios e a privatização anunciada pelo presidente nacional, processo de demissão e de fechamento de agências e bancos postais, falta de segurança nas agências, retorno da entrega diária, abertura dos livros contábeis da empresa em razão do rombo de mais de R$ 12 milhões anunciado pela sede nacional e as reformas trabalhista e previdenciária.

Para Farias, os servidores dos Correios estão sendo os mais prejudicados pelo sucateamento da empresa, ataque direto aos trabalhadores, como suspensão das férias e, principalmente, pelo anúncio de que a empresa está a caminho de um novo rombo de R$12 bilhões. “Questionamos os valores porque nem o Governo nem a empresa explicam ou abrem a contabilidade para mostrar à categoria”, disse.

Em âmbito nacional, Ariomar Farias disse que a greve é contra a privatização anunciada pelo presidente da estatal. Conforme relato, se os Correios não superarem o déficit causado pelo rombo, o caminho natural será a privatização. Contudo, o Sintect discorda por entender que a empresa, além de prestar um serviço essencial à população, possui o monopólio postal da correspondência. Por este motivo, ele explicou que o órgão não deveria ser tratado como uma empresa de finalidade lucrativa, e sim como prestadora de serviços mantida pela União.

Na contrapartida, Farias ainda declarou que, após o rombo, o Governo Federal retirou mais de R$6 bilhões da empresa para pagar juros e dívidas internas e externas. “E agora os trabalhadores vão pagar pelo preço da retirada irregular. Os Correios deveriam se auto-sustentar para manter o serviço, não para pagamento de dívidas. A culpa não é nossa e não concordamos em pagar o pato pela crise que se instalou no País”, frisou.

O presidente ressaltou que a luta enfrentada pelos servidores também é da população em geral. Com a privatização, Farias alertou que será entregue um dos maiores patrimônios do povo e haverá o fim do direito universal do povo de receber sua correspondência em casa, diariamente, em qualquer lugar do País. “O papel dos Correios é a universalização do serviço postal. Queremos o apoio da população porque isso não está acontecendo”, falou.

OUTRO LADO – A Folha entrou em contato com os Correios, mas até o fechamento desta matéria, às 18h, não obteve resposta. (A.G.G)

Presidente do Sintect diz que houve queda no número de encomendas

Outro ponto destacado pelo presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos e Similares de Roraima (Sintect), Ariomar Farias, diz respeito à diminuição das correspondências.

“Não sei onde estão parando. Como os Correios, que detêm monopólio da correspondência, sai de mais de 200 mil correspondências do ano passado para um trabalho com pouca carga?”, indagou. Para ele, o serviço não é melhor em razão da falta de efetivo, tendo em vista que o último concurso realizado pelos Correios aconteceu em 2011.

Além disso, Farias informou que a empresa implantou a Distribuição Domiciliar Alternada (DDA). Dessa forma, os carteiros dividem as áreas da cidade e entregam as encomendas primeiro de um lado, para depois distribuir ao outro. “Não vai ter mais a obrigação do carteiro estar na porta do cliente diariamente. Por isso que tem bairro que não recebe entrega durante dois ou três dias”, ressaltou. Só na capital, ele relatou que são necessários no mínimo, 40 carteiros para atender a população todos os dias, porta a porta.