Política

“Sou contra o distritão”, diz Carlos Andrade

Deputado federal pelo PHS é o primeiro entrevistado da série de entrevistas feita pela Folha

A Folha inicia hoje uma série de entrevistas sobre os temas políticos do momento em nível nacional, como as reformas política, previdenciária e tributária. Os deputados federais que compõem a bancada de Roraima falarão seus posicionamentos sobre os temas.

O primeiro a ser entrevistado pela Folha é o deputado federal Carlos Andrade (PHS), que criticou a reforma política, com o sistema do distritão e o fundo público de financiamento de campanha, que poderá ter R$ 3,6 bilhões em recursos da União.

“Os políticos estão sem credibilidade e você quer envolver a sociedade para pagar a conta. Política tem que ser como na igreja. Tem isenção de tributo, mas não se pega um real do Governo para construir templos. Você tem que ter confiabilidade e credibilidade para receber recursos.

Não aceito que a população tenha que pagar o sonho de determinados políticos que querem se manter na política. Sou contrário à criação do fundo e acho que tem que se fazer política com o dinheiro que se tem, pois os maiores partidos é que tem interesse nisso, pois precisam de dinheiro para fazer a eleição”, analisou.

Outra crítica feita pelo parlamentar é ao chamado distritão, que favorece a reeleição de candidatos mais conhecidos, prejudicando a renovação no Parlamento. O distritão, se aprovado na Câmara Federal, será aplicado nas eleições de deputados federais, senadores e vereadores. Pela proposta, cada estado ou município se tornará um distrito eleitoral. Serão eleitos os candidatos que receberam mais votos dentro do distrito, sem levar em conta os votos para partido ou coligação, como ocorre atualmente. Para Andrade, o distritão envia sinais negativos para a sociedade.

“A matéria que está hoje na boca de todo mundo é a reforma política e meu posicionamento é que sou contrário à mudança no sistema eleitoral. Por que mudar o sistema eleitoral para uma situação transitória, pois vai funcionar para eleição de 2018, mas em 2022 será outro sistema? Não tem lógica isso. Eu acho o distritão muito interessante para quem está na cadeira, mas é contrassenso mexer em uma situação na véspera do jogo. Sou contra a validade para a eleição de 2018. É mexer com a inteligência do povo”, comentou.

O parlamentar citou que alguns políticos têm dificuldade em entender o distritão e que o mesmo acontece com o eleitor. “Eu não consigo explicar para meu filho em casa essa mudança. Como vou explicar isso para o eleitor a um ano do pleito? Se para quem está dentro já é complicado, imagina para quem está fora. Sou contrário a isso”, reforçou.

Sobre privatização e déficit primário, Andrade acredita que o Governo Federal está desesperado para “fazer caixa” para pagar contas. “Alguém brincou com a economia e agora está trabalhando a questão da privatização. Eu vejo o setor elétrico, por exemplo, como estratégico para qualquer país. O Norte tem carência de desenvolvimento e os empresários não vão querer investir sem retorno. O custo do desenvolvimento do Norte tem que ser um custo Brasil. Se passa para a mão da iniciativa privada, as vicinais vão continuar sem eletrificação, pois é no Sul do País que o desenvolvimento ocorre e lá que eles vão investir”, afirmou.

Sobre a reforma da previdência, Carlos Andrade se disse contrário a questão. “Sou contra pela forma como está sendo feita. Sei que é necessária e fundamental, mas o governo não tem credibilidade nem base eleitoral para aprovar uma reforma dessa. Não se conversou com a sociedade assim como ocorreu na reforma trabalhista. Se a votação fosse hoje, votava contra”, concluiu.