Polícia

Três suspeitos de matar motorista continuam soltos

Outros três suspeitos, também de nacionalidade venezuelana, continuam foragidos; Polícia Civil continua com as investigações

Dois dos cinco venezuelanos que aparecem no vídeo segundos antes de o motorista brasileiro Luiz Erivan da Silva Macedo, de 35 anos, ser executado, foram presos no fim da tarde do último domingo, dia 12. As prisões se deram após uma investigação que foi iniciada a partir de diligências realizadas por agentes do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Yennifer Caroly Munoz Aristimuno, de 26 anos, e Yorman Jose Rojas Henriquez, também de 26 anos, foram apresentados à imprensa na tarde de ontem, dia 13.

O crime ocorreu às 5h50 de sábado, dia 11, na avenida Mário Homem de Melo, bairro Buritis, zona Oeste da Capital. O crime foi praticado por motivo fútil, sem motivação aparente, dando contorno apenas de latrocínio que é roubo seguido de morte. A jovem Yeniffer apresentou-se espontaneamente, enquanto Yorman foi preso no bairro Mecejana, zona Oeste.

“Quando aconteceu o homicídio, nós tivemos a diligência de capturar as imagens do local. Hoje nós temos uma grande quantidade de venezuelanos no Brasil, difíceis de serem identificados de imediato. Nós começamos a receber denúncias e informes de onde essas pessoas estavam”, frisou a diretora do DHPP, delegada Verlânia Silva de Assis.

Nas diligências, investigadores foram a uma vila residencial, onde foi encontrada a roupa que um dos autores do homicídio aparece usando nas imagens. Uma varredura foi feita nos locais indicados em que residia um dos autores.“Diante disso tudo, a venezuelana que estava conversando com a vítima nas imagens quis se apresentar. Como a gente intensificou as buscas e as imagens estavam muito divulgadas na cidade, conseguimos conduzi-la até o Departamento, onde foi dada voz de prisão em flagrante a ela”, reforçou Verlânia.

A jovem colaborou, indicou os outros indivíduos que conhecia e os agentes chegaram ao paradeiro do segundo flagranteado que também deu sua colaboração, afirmando que o homem que imobiliza a vítima é José Gregório Brito Centeño, de 27 anos, vulgo “Gordito” ou “Gordinho”, que nas imagens aparece de camisa preta.

De acordo com a diretora do DHPP, as diligências contaram com o apoio do Grupo de Resposta Tática (GRT) da Polícia Civil e do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) da Polícia Militar. “Para que pudéssemos adentrar em algumas vilas porque cada quarto chega a abrigar de 15 a 20 pessoas. Há um risco muito grande de tumulto, por isso a participação do GRT e do Gate, para que pudéssemos investigar as pessoas”, acrescentou.

A delegada esclareceu ainda que desde o momento em que a Polícia Civil foi comunicada da morte de Luiz Erivan, vem realizando diligências em vários pontos da cidade para identificar e prender os demais criminosos e esclarecer as circunstâncias do crime. “Nós ainda estamos em diligência e esperamos prender esses indivíduos nas próximas horas”, destacou Verlânia.

A Polícia pede a colaboração de populares para localizar e prender Yojan Jose Rondon Amundarai e Jose Gregório Brito Centeno, ambos de 27 anos. Esses dois são apontados como os autores da execução do latrocínio. A quinta pessoa que aparece no vídeo é uma mulher que ainda não teve o nome identificado pela Polícia Civil, mas que se sabe ser a esposa de Yojan Amundarai. Nas imagens ela está usando um casaco vermelho com capuz. “Pedimos à população que nos dê qualquer informação sobre o paradeiro dos três indivíduos para que possamos concluir o nosso trabalho”, pediu a delegada. 

A Polícia ainda afirma que não é possível apontar o caso como uma emboscada, apesar de as imagens evidenciarem o contato da vítima com a jovem flagranteada e a parada dela no momento em que ele é atingido.

O laudo cadavérico ainda não ficou pronto, mas a Polícia acredita que a vítima tenha sido morta a golpes de socos e pontapés, uma vez que nenhum material cortante ou perfurante foram encontrados no local do crime. A vítima estava com o rosto completamente desfigurado. (J.B)

Jovens alegam inocência


Yennifer Caroly Munoz Aristimuno e Yorman Jose Rojas Henriquez foram presos e flagranteados (Foto:Nilzete Franco)

Ao fim da coletiva de imprensa realizada na tarde de ontem, a reportagem da Folha conversou com os venezuelanos que estão na condição de flagranteados. Os dois negam o envolvimento no crime. Ambos trabalham em um supermercado, dizem ser amigos e que na noite do crime saíram juntos para beber, momento em que encontraram a vítima e os outros três venezuelanos no posto de combustível.

“Eu sou inocente, não fiz nada, estou dando o rosto para todas as câmeras. Sou um cara trabalhador e não sabia de nada do que aconteceu. Eu poderia fugir, mas não quis. Eu sei quem matou o homem e estou ajudando a Polícia a encontrar. Eu sei onde estão. Eu só tenho medo da minha família morrer, porque eles ameaçaram matar minha família se eu falar alguma coisa”, disse Yorman Jose Rojas Henriquez.

Quando ao fato de aparecer no vídeo e estar junto com outros indivíduos, o venezuelano se defende. “Nem todas as pessoas que vêm do meu país estão aqui para matar. Muitos vêm para trabalhar. Eu não sou um cara ruim. Estou nas imagens, mas estou dando a cara à tapa, eu não estou mentindo. Eu sinto muito por aquele homem”, relatou.

Já a jovem Yennifer Caroly Munoz Aristimuno, diz que se fugisse dos conterrâneos corria risco de ser morta e que não os conhecia e explicou como encontrou os elementos. “Eu só conheço Yorman porque a gente trabalha junto no supermercado, aí combinamos de sair à 1h só para beber cerveja, foi quando encontramos os venezuelanos e o rapaz que foi morto. Eles já estavam no posto. Yorman e eu fomos para outro lugar porque o brasileiro fez sinal de que queria usar droga e eu fiquei incomodada. Mas quando chegamos a uma distribuidora, eles também se aproximaram”, contou. 

A jovem alega que não desconfiou que os outros venezuelanos fossem bandidos. “Foi a primeira vez que eu os vi. Quando a distribuidora fechou, nós ficamos do lado de fora e foi quando um dos suspeitos pediu para a gente continuar bebendo em um lugar mais perto de lá. O brasileiro também queria continuar bebendo. Não fomos embora porque eu queria beber cerveja. O ambiente estava pesado, mas ainda continuamos lá. Quando caminhávamos em direção  ao suposto bar, foi aí que aconteceu tudo”, justificou Yennifer.

Por fim, ela disse que caminhava ao lado da vítima, mas que apenas conversavam. “Ele estava me contando que era solteiro e falando da vida dele, foi quando os homens gritaram ‘bora, bora, bora’ e, se fizéssemos qualquer coisa, iria bater na gente. Eu não sabia que queriam matar o brasileiro. Eu tentei correr quando cruzei a rua, mas a menina que usava jaqueta falou que se a gente corresse seria pior e que eles sobreviviam desse jeito aqui no Brasil, roubando e fazendo coisas erradas”, finalizou.

Quando questionada sobre o fato de não ter ligado para a Polícia, ela afirma que foi porque pensou que se tratava de um roubo e que ligaria mais tarde porque diz ter ciência de que roubo também é crime.

De acordo com Verlânia de Assis, apesar de negarem a participação no crime, o casal preso nada fez para evitá-lo. “As circunstâncias indicam que os flagranteados tinham noção do que iria ocorrer em relação à vítima. Para a Polícia Civil, eles são partícipes do crime. As diligências continuam para prender os outros três.

A denúncia pode ser feita ao telefone 181 do Disque-Denúncia”, disse a delegada.

O casal de venezuelano preso foi autuado em flagrante por crime de latrocínio, que é o roubo qualificado, com concurso de pessoas, seguido de morte, previsto no artigo 157 do Código Penal Brasileiro (CPB). Eles serão encaminhados para a audiência de custódia na manhã de hoje. (J.B)