Cotidiano

12 municípios têm casos notificados

Campanha de Vacinação contra o Sarampo e a Poliomielite começa na próxima semana em todo o Brasil

Roraima tem 280 casos confirmados de sarampo, segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde (Sesau). Também foram contabilizados 433 casos notificados, 108 em investigação e 47 descartados.

A maioria dos casos confirmados se concentra em Boa Vista, com 131 registros. Seguido por Amajari, com 78 casos. Pacaraima, na fronteira com a Venezuela, conta com 55. O Cantá aparece com nove casos confirmados, três em Alto Alegre, dois em Rorainópolis, um em Caracaraí e um em Uiramutã.

De casos confirmados, são 196 venezuelanos e 82 brasileiros. Dos venezuelanos, 126 deles são de origem indígena e 70 não indígenas. Dos brasileiros, 68 são não-indígenas e 14 indígenas. Dois casos foram retirados da análise referente a um caso da Guiana e um caso da Argentina.

Doze dos 15 municípios do Estado têm notificações da doença. São 244 em Boa Vista, 81 em Amajari e 71 em Pacaraima. Somam-se mais 13 no Cantá, nove em Rorainópolis, seis em Caracaraí, três em Alto Alegre, dois em Iracema, um em Caroebe, um em São João da Baliza, um em São Luiz e um em Uiramutã.

DADOS NACIONAIS – Atualmente, o Brasil enfrenta dois surtos de sarampo: em Roraima e no Amazonas. Até o dia 25 de julho, foram confirmados 822 casos nesses dois estados. Além disso, alguns casos isolados foram identificados nos estados de Rio de Janeiro (14); Rio Grande do Sul (13); Pará (2), Rondônia (1) e São Paulo (1).

O reaparecimento da doença está relacionado às baixas coberturas e a presença de venezuelanos no país, comprovado pelo genótipo do vírus (D8) identificado, que é o mesmo que circula na Venezuela.

De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil está livre da poliomielite desde 1990. Em 1994, o país recebeu, da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), a Certificação de Área Livre de Circulação do Poliovírus Selvagem.

PÓLIO – Segundo o gerente do Núcleo Estadual do Programa Nacional de Imunização (NEPNI), Rodrigo Danin, não há casos de pólio em Roraima. “Existiu um murmúrio de que o vírus da pólio estaria circulando na Venezuela, mas a informação foi descartada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Ficou só no rumor”, ressaltou.

Cobertura vacinal está abaixo do recomendado

De acordo Rodrigo Danin, a cobertura vacinal está em 57% no Estado e não atende ao que recomenda a OMS e o Ministério da Saúde, que preconiza uma cobertura de 95%. “Infelizmente, o Estado não atende a recomendação nem do OMS nem do MS”, afirmou.

O gerente ressaltou ainda que a cobertura vacinal acontece através de ações de campanha, que devem ser executadas pelos municípios. “As prefeituras têm a responsabilidade de buscar a sua população para fazer a vacinação. A obrigatoriedade é exclusiva do município. O baixo índice se dá por algum motivo, como o difícil acesso, a procura da população”, pontuou.

  SARAMPO E PÓLIO  

Crianças de um a cinco anos devem ser vacinadas


Infográfico: Graffo

O Ministério da Saúde lançou nesta terça-feira, 31, a Campanha Nacional de Vacinação contra a pólio e sarampo. As informações foram divulgadas pelo Ministério da Saúde na tarde de ontem, 31, em coletiva de imprensa realizada especificamente para Roraima, Amazonas, Pará e Rondônia, onde há casos de sarampo confirmados. O evento aconteceu em Brasília e foi transmitido ao vivo pela internet. 

Já que nestas localidades as campanhas já haviam iniciado, o Ministério da Saúde ressaltou que haverá uma nova convocação durante a mobilização nacional para vacinar as crianças, na mesma faixa etária, de um ano a menores de cinco anos. A Campanha Nacional de Vacinação Contra a Poliomielite e Sarampo começa na próxima segunda-feira, 6, e vai até o dia 31. O Dia ‘D’ de mobilização nacional será sábado, 18 de agosto, quando mais de 36 mil postos estarão abertos no país.

Em Roraima, as ações de combate ao sarampo acontecem desde março, mas devem receber reforço com 48 mil novas vacinas de tríplice viral que combate também a rubéola e a caxumba. Além das doses contra o sarampo, o Estado também receberá 53 mil doses contra a poliomielite, doença também conhecida como paralisia infantil. Serão 50.900 da Vacina Oral Poliomielite (VOP), as famosas ‘gotinhas’, e 3.250 da Vacina Inativa Poliomielite (VIP), injetada por seringa via intramuscular. 

A diferença entre elas é que a VIP é a mais recomendada para ser a primeira dose da vacina. Na segunda e terceira dose, a criança pode utilizar tanto a vacina injetável quanto a gotinha. Mesmo que a criança tenha tomado as três doses, ainda é aconselhado que participe da vacinação da gotinha promovida anualmente pelo Ministério da Saúde.

O foco é atingir ao menos 40.663 crianças de um até cinco anos em Roraima até o final de agosto. Uma nova campanha voltada para a população adulta está sendo preparada para alcançar as pessoas que ainda não se vacinaram.

MOTIVAÇÃO – A coordenadora do Programa Nacional de Imunização (PNI), Carla Domingues, explicou que o órgão federal observou redução nas coberturas vacinais do país, o que facilitou o retorno de doenças que já não circulavam no Brasil, como é o caso do sarampo.

Carla afirmou que algumas das possíveis causas para o baixo índice é em razão da densidade demográfica do país, com municípios distantes uns dos outros e de difícil acesso, principalmente na Região Norte. Outro ponto citado foi a evolução do mundo moderno, em que pais e responsáveis têm dificuldade de levar as crianças para vacinar por falta de tempo.

Domingues comentou ainda sobre as campanhas contrárias à vacinação e os boatos de que a medida poderia trazer complicações para as crianças, ressaltando que tudo não passa de má informação. “Hoje nós temos pais beneficiados com a vacina, que não ficaram doentes justamente por estarem imunes. Por nunca terem tido contato com a doença em território nacional, começaram a desacreditar das vacinas”, criticou.

“Fechamento da fronteira não é solução”, diz coordenadora do PNI

Questionada especificamente sobre a situação em Roraima, onde houve o primeiro registro de sarampo em uma criança venezuelana após a erradicação da doença, a coordenadora ressaltou que o Ministério da Saúde não estuda um bloqueio e que a população precisa entender que o fechamento da fronteira não é uma solução.

“Fechar a barreira para evitar que as pessoas venham para o Brasil não é possível. Estamos falando de refugiados, uma questão humanitária. Nós não podemos deixar de receber estas pessoas”, reforçou.

A coordenadora disse ainda que não se deve pensar que a proliferação da doença em outros cantos do país seja uma responsabilidade dos venezuelanos, considerando que os brasileiros só foram contaminados por não terem se vacinado. “Se nós estivéssemos com a nossa população vacinada, nós não teríamos casos de doença”, assegurou.

Carla Domingues ressaltou ainda que o Ministério da Saúde já implantou uma barreira sanitária na fronteira, já que um posto de vacinação foi instalado em Pacaraima e todos os migrantes que passam por lá têm recebido as doses. 

Sobre as estratégias de vacinação recomendadas pelo Ministério da Saúde para os municípios do Estado, Carla Domingues lembrou que a cobertura é uma responsabilidade das prefeituras. “Cada localidade tem que identificar como é a sua situação. Na Região Norte, temos uma grande população indígena, uma população ribeirinha, que precisam de um trabalho diferenciado. A ação feita de casa em casa, como já está sendo executada no Amazonas, é um bom exemplo”, frisou. (P.C)