Política

37% dos deputados federais devem usar janela partidária

Três dos oito deputados federais estão estudando uma possível mudança; O número pode ser ainda maior

Com a proximidade do início do período da janela partidária, em que é permitida a mudança de partido, em 7 de março, legendas intensificaram as negociações para atrair novos deputados e aumentar as chances de eleger uma bancada maior na Câmara Federal em outubro. A principal moeda de troca usada pelos partidos tem sido o dinheiro público que bancará as campanhas. Além do fundo eleitoral, estimado em R$ 1,7 bilhão, mais R$ 888 milhões do Fundo Partidário poderão ser distribuídos aos candidatos.

Legendas como PP, PR e PTB estão oferecendo aos deputados que toparem mudar de sigla o valor máximo que poderá ser gasto numa campanha para a Câmara neste ano: R$ 2,5 milhões. Para não ficar para trás, o MDB divulgou seus valores: vai repassar, para cada deputado com mandato, R$ 1,5 milhão para a campanha. Os senadores que disputarem a reeleição terão R$ 2 milhões.

O DEM, partido que mais cresceu nesta Legislatura – de 21 para 33 deputados –, evita falar em números. A promessa para novos filiados é a de que eles terão o mesmo tratamento dos que já estão na legenda.

Nas negociações, partidos que vão lançar candidato à Presidência, como PT e PSDB, saem em desvantagem, porque terão de reservar uma parcela dos recursos para a disputa ao Palácio do Planalto.

Troca-troca pode ser maior

Na avaliação de um observador político que conversou com a Folha, o percentual dos adeptos do troca-troca de legendas pode ser ainda maior do que o anunciado pelos deputados. Segundo ele, é uma tática os deputados não anunciarem as mudanças partidárias com antecedência. “É uma prática comum em Roraima não se lançar precocemente”, comentou. “Se lançar cedo e logo no início da janela pode significar um desgaste, que, por vezes, não é interessante”, disse.

Ele avalia que os deputados escolherão abrigo onde há mais oferta de benefícios. Contudo, critica a janela partidária. “Todo deputado quer mais garantias de que vai ser eleito, quer mais compromissos, quer que o partido onde ele está ofereça o máximo para ele”, explicou.

 Veja como estão as posições dos deputados federais na janela partidária 

Entre os representantes dos roraimenses na Câmara dos Deputados, a desfiliação é pouco provável. Dos oito, seis presidem diretórios regionais ou estaduais e cinco não sinalizam que querem perder a majestade. Hiran Gonçalves (PP), Remídio Monai (PR) e Maria Helena (PSB), porém, enfrentam perrengues que podem colocar em xeque a candidatura pelas siglas atuais.

Hiran Gonçalves (PP)

O presidente do Progressistas, Hiran Gonçalves, disse que a janela partidária tem muita especulação e que, apesar de estar tranquilo no PP, não se sente confortável em apoiar um candidato mal avaliado. “Tenho compromisso que a governadora [Suely Campos] será a candidata do partido e palavra dada tem que ser cumprida. Agora como vamos caminhar é outra coisa, pois considero que o governo está mal avaliado, o que me deixa em situação desconfortável. O ex-secretário de Saúde fez uma gestão desastrosa para o governo e, apesar de eu ter sido o parlamentar que mais levou recursos de saúde para Roraima, eu não fico a vontade. Temos até o início de abril para questões de mudança e vou tentar construir um ambiente para melhor campanha e ver o que acontece até o final da janela partidária. Mas do jeito que está, é muito difícil”, revelou.

Remídio Monai (PR)

O deputado Remídio Monai (PR), que deixou recentemente a presidência do PR em Roraima, respondeu que não tem uma definição sobre sua situação. Segundo ele, apesar da janela partidária abrir na próxima semana, ele ainda tem 30 dias para definir. “Talvez ainda fique no PR. Não tenho uma definição concreta e quando tiver eu divulgarei”, explicou.

Maria Helena Veronese (PSB)

A deputada federal Maria Helena Veronese, que saiu da presidência do PSB Roraima em 2017 após a Direção Nacional do partido destitui-la do comando estadual, por votar a favor da reforma trabalhista, contrariando a orientação da cúpula, disse que ainda não decidiu o que fazer. “Não tenho nada definido e tem muita coisa para acontecer. Vou aguardar”, afirmou.

Carlos Andrade (PHS)

Além desses três que não tem uma definição concreta, o deputado federal Carlos Andrade, eleito pelo PHS, revelou que recebeu convites de cinco partidos, mas que por enquanto não tem muitos motivos para mudar de sigla. “A não ser que aconteça um fato novo e inesperado, até a data final da janela, conforme previsto na lei eleitoral”, adiantou.

Andrade foi eleito pela ala evangélica, conta com boa aceitação do trabalho realizado na Câmara Federal e confirmou que recebeu convites dos Progressistas, Podemos, PR e do Avante. “Alguns pediram sigilo e vou respeitar, porém, quem decide a eleição é o povo. Fomos convidados e é só o que posso confirmar”, frisou.

Jhonatan de Jesus (PRB)

O deputado federal Jhonatan de Jesus confirmou sua permanência no PRB e disse que não recebeu convites de outros partidos. “Não existe possibilidade de mudança e nem converso sobre esse assunto.

Me sinto plenamente satisfeito com o que o Partido me oferece, incluindo a minha candidatura à reeleição para a Câmara, bem como o apoio à candidatura do meu pai ao Senado Federal”.

Jhonatan disse que pretende pelo PRB fazer um trabalho forte em relação à reeleição. “Pretendemos repetir o desempenho das últimas três eleições quando o PRB terminou o pleito sempre entre as três siglas campeãs de voto. Além de que, temos bons nomes escolhidos que serão devidamente homologados na convenção do Partido, dentro do prazo que a lei determina”, revelou.

Abel Mesquita (DEM)

Líder da bancada federal, o deputado Abel Mesquita (DEM) explicou que não vai aproveitar a janela eleitoral, pois é presidente do Democratas e se sente muito confortável no partido. “Não pretendo mudar nada. Sou presidente do DEM e vou para a reeleição pelo partido”, assegurou;

Shéridan (PSDB)

A deputada federal pelo PSDB, Shéridan, afirmou que se sente bem no PSDB e tem a tranquilidade de fazer parte de um partido democrático e consciente das peculiaridades do Estado. “Exerço meu primeiro mandato como deputada federal. Integro uma nova geração de parlamentares. Faço parte de uma renovação de cerca de 40% da Câmara dos Deputados. Acredito na renovação necessária e constante, assim como acredito na seriedade e responsabilidade do Partido em acompanhar os anseios e continuar atendendo as demandas do povo brasileiro”, avaliou.

Shéridan assumiu, no ano passado, a vice-presidência da Executiva Nacional do PSDB e tem se dedicado para contribuir integralmente ao partido. “Sou parte de um novo contexto político no nosso país, reformulando uma agenda política e propositivos em favor do Brasil e dos brasileiros. Não pretendo mudar de partido, pois sei que posso contribuir com Roraima e com o nosso país, por isso me colocarei à disposição da população para reeleição ao cargo que exerço”, disse.

Édio Lopes (PR)

Novo presidente regional do PR, o deputado Édio Lopes afirmou que não pretende sair da sigla. “É um partido tranquilo, onde todos têm condições plenas de advogarem suas ideias. É um partido sem caciquismo e estamos muito à vontade nele. Pretendo continuar e, se for pré-candidato, sairei pelo PR”, garantiu.