Cotidiano

423 mulheres foram hospitalizadas por abusos sexuais

A maioria dos casos é com meninas entre 13 e 18 anos

Do ano de 2015 até fevereiro deste ano, deram entrada no Hospital Materno Infantil 423 casos de abusos sexuais. A maioria deles, com meninas entre 13 e 18 anos. Apenas neste ano, foram registrados 23 abusos. Dois deles contra meninas de sete a 12 anos, 14 casos de meninas de 13 a 18 anos e sete em mulheres maiores de 18 anos.

A coordenadora de Terapia e Suporte do HMI, Deisi Dani, explica que muitas vezes o medo do julgamento é empecilho para mulheres denunciarem seus agressores e procurarem assistência necessária.

A mulher vítima de violência sexual já sofre os danos físicos, psicológicos e sociais decorrentes do abuso. Ao pedir ajuda, muitas vezes, está sujeita à outra violência: a do julgamento e intolerância.

Para minimizar isso, ao chegar no HMI (Hospital Materno Infantil Nossa Senhora de Nazareth) a vítima é acolhida por uma equipe multidisciplinar composta por médica, enfermeira, psicóloga e assistente social.

“Por estar em situação vulnerável, a mulher precisa de um ambiente seguro e confiável, por isso é atendida por uma equipe multidisciplinar visando uma assistência não só física, mas psicológica e social”, explicou a psicóloga.

Quando a mulher vítima de abuso chega à emergência, é atendida por uma enfermeira, onde passa pela classificação de risco. Depois ela é avaliada por uma médica e submetida aos exames laboratoriais indicados e, se necessário, recebe os medicamentos para prevenir uma possível gravidez e doenças sexualmente transmissíveis.

Na sequência, a mulher é encaminhada para a Sala Psicossocial, onde é acolhida pela assistente social e psicóloga. “Ela recebe apoio emocional e orientações quanto aos seus direitos”.

BOLETIM DE OCORRÊNCIA – A unidade hoje oferta também atendimento policial para registros de boletins de ocorrência, em parceria com a Polícia Civil. Isso possibilita que as vítimas façam o registro sem precisar se deslocar a um distrito policial ou delegacia especializada, garantindo também um acolhimento mais humano.

A mulher grávida em decorrência do estupro pode procurar o Programa de Interrupção da Gestação Fruto de Violência no HMI, se assim desejar, para a realização do aborto legal, que é assegurado por lei nesses casos.

Para terem acesso ao atendimento, as pacientes vítimas de estupro podem ser encaminhadas pela polícia, pelo IML (Instituto Médico Legal) ou por outra instituição, podendo ainda ir diretamente à maternidade.

ACOMPANHAMENTO – Após receber alta da unidade, a vítima é encaminhada ao Creas (Centro de Referência de Assistência Especializada) onde continuará recebendo acompanhamento psicossocial dentro de algum dos Programas de Pesquisa, Assistência e Vigilância à Violência (PAV) e dependendo do caso, pode ser encaminhada para a Rede de Proteção e outros órgãos do governo, Vara da Infância e Juventude, Tribunais, Conselhos Tutelares ou Órgãos não governamentais. A Unidade de Vigilância Epidemiológica (UVE) notifica a ocorrência para os órgãos de vigilância estaduais e nacionais.