Cotidiano

Agentes penitenciários denunciam precariedade de alojamentos na Pamc

Sem água até para o consumo, agentes também não têm acesso a luvas e máscaras de proteção

Os agentes penitenciários que trabalham na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (Pamc), localizada na zona rural de Boa Vista, denunciaram à Folha a situação em que se encontra o alojamento utilizado pelos plantonistas: sem água para consumo, higiene e limpeza do local. O presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários de Roraima (Sindape-RR), Lindomar Sobrinho, relatou que diversos ofícios informando a situação foram enviados à Secretaria Estadual de Justiça e Cidadania (Sejuc) nos últimos quatro meses, mas nada foi feito até o momento.

Segundo Sobrinho, a falta de água no prédio prejudica, principalmente, a higiene dos agentes de plantão e a limpeza do local. É o caso da cozinha que, infestada por baratas, moscas e ratos, não é mais utilizada como refeitório. Em relação à higiene, os agentes não conseguem tomar banho ou utilizar o banheiro.

Para o presidente do Sindape, a omissão do Estado traz como consequência um local de trabalho sem dignidade para os servidores. “Não temos água para tomar banho ou dar descarga nos banheiros há mais de quatro meses. Enviamos vários ofícios solicitando a solução do problema para que, pelo menos, possamos ter água, e nada. Não temos o mínimo”, ressaltou.

Além disso, o presidente destacou a inundação do alojamento masculino quando chove e a deficiência de equipamentos de segurança para evitar doenças infectocontagiosas. Sobrinho explicou que luvas e máscaras N95 são os equipamentos de proteção individual padrão e necessário para isolar os agentes de qualquer dano à saúde. Contudo, por não receberem o material, os servidores precisam comprar com o próprio dinheiro. “Tá na hora de o Estado tomar as providências e proporcionar as mínimas condições para as atividades prisionais”, disse.

O presidente ainda enfatizou a importância de a sociedade entrar na luta por melhores condições no sistema prisional, já que a maioria dos crimes cometidos fora dos muros da PAMC estão, de certa forma, relacionados a presos. “Nós trabalhamos para a sociedade. Tá todo mundo se aprisionando em casa, não há planejamento para a organização e a violência explode fora dos muros. 90% dos crimes organizados aqui fora começam lá dentro”, pontuou.

OUTRO LADO – A Secretaria de Justiça e Cidadania informou que definiu o plano de execução das acomodações dos trabalhadores da unidade, tanto dos agentes penitenciários quanto da guarda externa, em conjunto com o representante da empresa ganhadora da licitação para a reforma da Pamc. “A reforma completa das acomodações dos agentes será um dos primeiros trabalhos a serem executados na Pamc”, afirmou. Segundo o órgão, as obras já têm recursos estaduais garantidos e a Sejuc aguarda as tratativas finais entre a empresa e o Estado para iniciar efetivamente a reforma. (A.G.G)